domingo, 3 de novembro de 2013

Prova de vida

Após regressar do estádio tive que rever o jogo na televisão para não escrever nada de que me arrependesse mais tarde. A sensação com que saí do estádio foi de que tínhamos sobrevivido a uma daquelas arbitragens cujo objetivo é única e exclusivamente cavar-nos uma cova tão funda que nos impeça de incomodar os donos da bola em Portugal.

Ao nível daquele arranque do Sporting de Domingos em 2011/12, com um Xistra contra o Olhanense e um Proença contra este mesmo Marítimo, que se certificaram que não pudessemos aproveitar a onda positiva que na altura o nosso clube vivia. Ao nível de um Capela que inclina o campo de tal forma que se torna impossível que 11 seres humanos possam vencer um jogo de futebol.

Perder com o Porto e de seguida não ganhar ao Marítimo, em vésperas de uma visita à Luz, poderia transformar estas três semanas no funeral do Sporting 2013/14.

Pois bem, revi o jogo na televisão e a minha opinião sobre a arbitragem de Bruno Esteves não mudou. Por mais vezes que reveja o lance do penalty a favor do Marítimo, não consigo ver onde é que o Jefferson toca no avançado adversário (confesso que no estádio me pareceu falta, mas ouvi de imediato na Antena 1 que o penalty tinha sido mal assinalado, por isso continuo na dúvida). Mas não percebo porque é que a mão de Rojo é assinalada (dando origem ao livre direto do 1-1) e uma mão em tudo semelhante na área do Marítimo não deu penalty. Porque é que o árbitro e o fiscal de linha não viram uma agressão de Rúben Ferreira a Capel. Porque é que na segunda parte João Diogo não vê o 2º amarelo depois de uma falta por trás a Capel. Porque é que foram toleradas inúmeras perdas de tempo durante todo o jogo sem um único amarelo para o Marítimo, e 10 segundos depois de marcarmos o 3-2 Montero já via um amarelo sem se perceber bem o motivo.

Ao contrário de anos anteriores, o Sporting conseguiu sobreviver a uma arbitragem trágica. O facto de termos ultrapassado tudo isto é uma prova de vida. Uma prova de capacidade. Uma prova de vontade. Uma prova de persistência. 

Isto não quer dizer que tenhamos feito um jogo perfeito. Longe disso. A primeira parte foi frouxa. Escaparam à apatia geral Capel e William Carvalho. Mesmo assim não merecíamos ter terminado a primeira parte a perder, porque o Marítimo pouco fez para procurar o golo.

Na segunda parte foi tudo diferente. Viu-se muito mais vontade, agressividade e velocidade. Destaco Jefferson, Adrien e Capel, mas de um modo geral toda a equipa subiu de produção. No entanto, o facto de o Sporting ter que ir à procura do resultado deu inúmeras oportunidades ao Marítimo de ter situações de contra-ataque em igualdade ou superioridade numérica. Se há coisa que o Marítimo soube fazer bem, foram os passes longos para as 3 flechas que tentavam aproveitar o adiantamento do Sporting. Talvez também por isso se tenha visto tanta intranquilidade de Dier e William na segunda parte.

Com os golos de Slimani e Adrien, o Sporting conseguiu concretizar uma das mais difíceis reviravoltas de que tenho memória. O Sporting conseguiu sair por cima de um jogo em que não era suposto sair vencedor. Mesmo que não queiram, vão ter que gramar connosco durante mais tempo do que imaginavam.

Foto: http://desporto.sapo.pt/