quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

A turma do Rui

O programa "Dia Seguinte" parece-se cada vez mais com uma turma do 10º ano. 

Rui Gomes da Silva é o aluno líder, ultra-popular, o atleta da turma que pode vir a ser futebolista profissional. Todos querem ser amigos dele ou, pelo menos, serem vistos na companhia dele.

Guilherme Aguiar é o beto filho de pais ricos, que não se dá muito bem com o líder da turma, mas toleram-se mutuamente porque a família dele conhece a diretora da escola. É um aluno mediano, mas por algum motivo vai conseguindo notas ao nível dos marrões da sala.

Paulo Garcia é o cromo que anda à volta do líder a fazer-lhe as vontadinhas todas, como ir ao bar comprar-lhe o lanche ou a fazer-lhe os trabalhos de casa. Pode parecer um tipo que se excede nas deferências ao colega de turma, mas na realidade está ali um rapaz que já percebeu qual a melhor forma de aproveitar a popularidade do Rui em seu proveito.

Rui Oliveira e Costa é o caixa de óculos a atirar para o gorducho, que nem é cool nem suficientemente inteligente para se destacar de alguma forma positiva. É o alvo principal do escárnio da turma. Toda a gente o despreza, mas deixam-no fazer parte do grupo porque o pessoal gosta de dar umas valentes risadas à sua conta.


Brincadeiras à parte, o paineleiro benfiquista é de facto a jóia da coroa do programa e a SIC sabe-o melhor que ninguém, pois não é fácil ter um dirigente de um clube de topo disponível para comentar os assuntos da atualidade futebolística de 7 em 7 dias. Não que os telespetadores tirem grande proveito disso, já que Rui Gomes da Silva raramente partilha o seu conhecimento dos bastidores com o público do programa.

Apesar disso, toda a gente sabe que a SIC fará o que for preciso para manter Rui Gomes da Silva feliz no programa "Dia Seguinte".

É que de vez em quando lá lhe dá para ter os seus momentos "Deep Throat" (o do Watergate),  normalmente quando está num estado emocional mais vulnerável, que nem uma adolescente que sofre o seu primeiro desgosto amoroso. Nesses momentos, infelizmente escassos, até consegue justificar o seu cachet e o tratamento reverencial que Paulo Garcia constantemente lhe dá.

Foi por isso que Rui Oliveira e Costa foi chamado para substituir o comentador interino Paulo Andrade. É que ter um paineleiro que começasse a ser demasiado chato para a estrela do plantel, que o confrontasse de forma frontal, poderia gerar um ambiente complicado de gerir no balneário.

Mas no programa de segunda-feira foi evidente, em vários momentos, que Rui Gomes da Silva já se sente à vontade para gozar descaradamente com Rui Oliveira e Costa, que nem um adolescente popular a fazer pouco do caixa-de-óculos da turma. Guilherme Aguiar vai na onda e aproveita também para se divertir.

Não é que tenha pena de ROC, porque ao armar-se em especialista em assuntos que pouco interessam, ao cometer as suas famosas gaffes, e esquecendo-se de se preparar convenientemente para o programa, está a pôr-se mesmo a jeito. Mas incomoda-me porque, estando ali a representar o Sporting, faz com que também o clube esteja a ser enxovalhado de forma indireta.

Três exemplos do último programa:

(vídeo: 53s)

(vídeo: 45s)

(vídeo: 33s)

Das duas, uma: ou ROC tem um poder de encaixe fenomenal, ou não percebe que está a ser gozado. Estou mais inclinado para a segunda hipótese.

Não coloco em causa o sportinguismo de Rui Oliveira e Costa. De vez em quando tem umas tiradas infelizes que chocam o universo sportinguista (como por exemplo uma referência inadmissível que fez sobre o Paulinho), mas creio que não são propositadas. Acredito que simplesmente não se apercebe.

Ponto positivo: não teve problemas em mudar de discurso em relação a Bruno de Carvalho. A mudança de opinião parece sincera. Tomara que muitos outros comentadores pusessem o orgulho de lado e dessem a mão à palmatória quando os factos os contradizem.

Por isso acho que Rui Oliveira e Costa deveria repensar a sua postura no programa. Com um oponente como Rui Gomes da Silva não pode ser brando. ROC tem que preparar melhor os programas e tem que o confrontar de forma mais vigorosa. É a única forma que tem de se dar ao respeito, quer perante os seus colegas de painel, quer perante os sportinguistas.