segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Fugir a boca para a verdade

Pedro Marques Lopes, na sua página semanal no jornal A Bola, abordou a situação contratual de Fernando, onde entre outras observações, escreveu estas notáveis frases:

"O FC Porto fez muito por ele: ajudou-o a tornar-se nesse belíssimo jogador, deu-lhe títulos, prestigiou-o e, claro está, pagou-lhe condignamente. Mais, o Fernando era daqueles jogadores condenados a viver no dilema de nunca se saber exatamente qual a sua melhor posição em campo e, digamos assim, era um absoluto desconhecido no mundo do futebol."

Eu, na minha ingenuidade, pensava que eram os jogadores que davam títulos aos clubes, e não o contrário. Sempre acreditei que o talento e o esforço que um jogador coloca sempre que joga tem um efeito decisivo no sucesso da equipa que representa. Mas talvez não seja de espantar que, num clube onde os treinadores são vistos como meros orientadores de treino, semelhante opinião esteja também reservada para os Fernandos, Heltons, Moutinhos, Falcaos, Hulks e companhia.

A verdade é que todos sabemos que o Porto se poderia apresentar em qualquer campo em Portugal com 11 bidões, que continuaria a ter sérias probabilidades de não sair derrotado do jogo. Pedro Marques Lopes apenas veio confirmar algo que todo o país já sabia.

A novidade que Pedro Marques Lopes apresentou ao país foi que, se não fosse o Porto, Fernando continuaria a ser um ilustre desconhecido no futebol. Porque não há mais nenhum clube à face da terra capaz de concretizar o potencial de um jogador. É muito raro existirem jogadores que saem aos 20 anos do Brasil ainda a tempo de se transformarem em estrelas do futebol mundial. A não ser que passem pelo Porto, claro.

Não espanta que Pedro Marques Lopes tenha esta opinião do papel inócuo dos jogadores do Porto no sucesso do clube. É que sendo um político de um partido que, independentemente da qualidade do líder e dos boys que gravitam à sua volta, tem garantido resultados eleitorais que lhe permitirá ser poder ou o próximo poder, é normal que conviva pacificamente com ambientes em que os resultados estão grosseiramente determinados à partida.