terça-feira, 17 de dezembro de 2013

João Rodrigues pode levar as taças para casa

No programa "Quinta da Bola" da passada quinta-feira, a liderança isolada do Sporting foi o tema principal em análise.

Para além dos residentes Vítor Serpa e José Manuel Delgado, foram também convidados Fernando Seara e João Rodrigues (antigo presidente FPF, benfiquista doente, apanhado nas escutas do apito dourado a negociar árbitros em nome de Luís Filipe Vieira).

Ah, e convidaram também Marçal Grilo, sportinguista. Deve ter sido para dar alguma diversidade que contrastasse com a vermelhidão predominante.

Foi, apesar de tudo, um programa agradável de seguir. Marçal Grilo mostrou ser uma pessoa bastante bem informada, e com nervo para mandar umas ferroadas ao clube dos restantes participantes do programa. Fernando Seara, sendo uma pessoa capaz de reconhecer as virtudes dos outros e os defeitos próprios, teve também uma participação interessante.

Mas João Rodrigues é um sujeito execrável. Dá arrepios só de pensar que um fanático destes já foi presidente da FPF. Deve ser uma espécie de pai espiritual de Nuno Lobo, que é a grande esperança dos benfiquistas para os cargos de topo da FPF ou da Liga.

Voltando ao programa, numa altura em que se falava do peso que a academia do Sporting tem no onze titular, a conversa teve que inevitavelmente ir parar à academia do Benfica e, claro, para Bernardo Silva. Curiosamente, agora que Ivan Cavaleiro começou a jogar com alguma regularidade na equipa principal, a comunicação social deixou de falar tanto nele e prefere apontar os holofotes noutra direção.

E eis como João Rodrigues deu a sua opinião sobre o atual panorama das formações de Sporting e Benfica.

Reconheço que o Sporting teve um trabalho de base antecipadamente em relação a qualquer outra equipa portuguesa, designadamente ao meu clube, que passou por um vendaval (...) E o grande favor que eu devo ao atual presidente do Benfica, é que ele teve a coragem para reestruturar este clube, e a primeira coisa que fez foi fazer no Seixal um centro de estágios para jovens. E desde aí os resultados estão à vista. Sabe quem foi o campeão nacional o ano passado, de juvenis e de juniores?

Veio também com a conversa que a maioria dos jogadores nas seleções jovens é do Benfica, o que é manifestamente falso. 

Este discurso de equiparar a formação do Benfica à formação do Sporting (à semelhança do que Eládio Paramés fez há umas semanas) é absurdo. E lançar a cartada dos títulos ganhos nas camadas jovens é uma falsa questão que foi competentemente desmascarada por Aurélio Pereira quando falava sobre Cristiano Ronaldo na Quinta da Bola há umas semanas atrás.

Pessoas como João Rodrigues e Eládio Paramés não parecem querer perceber que a formação de um jogador não termina aos 18 anos. É necessário abrir algum espaço na equipa principal para que os melhores tenham acesso à intensidade competitiva que os poderá desenvolver para um patamar de qualidade superior.

E essa não é a política do Benfica, que contratou este ano Funes Mori, Fejsa, Siqueira, Pizzi, Fariña, Cortez, Sílvio, Lisandro Lopez, Rojas, um 2º Matic, dois Markovics, Sulejmani, Mitrovic e Djuricic, e ainda mais alguns estrangeiros para a equipa B. Certamente que nessa altura o departamento de futebol do Benfica já teria conhecimento da qualidade de jovens como Bernardo Silva, Ivan Cavaleiro ou João Cancelo.

Felizmente que Ivan Cavaleiro começou a ter as suas oportunidades, e progressivamente vai ganhando importância na equipa. Mesmo assim, parece ter sido algo imposto a Jesus, pois não há lógica que explique a forma como Ivan foi lançado pela primeira vez num jogo a doer -- ao intervalo no jogo em casa com o Olympiakos, quando a equipa perdia, numa noite de tempestade em que o relvado alagado impedia que se jogasse à bola. Se isto não é falta de bom senso, não sei o que será.

É indiscutível que há muita qualidade no Seixal à espera de oportunidades para mostrar o que vale. O problema é que no Benfica essas oportunidades raramente aparecem, a não ser que o jovem tenha custado uns milhões e vindo diretamente do estrangeiro. Para esses não há falta de oportunidades.

Não há clube em Portugal que seja pior que o Benfica na etapa final do desenvolvimento dos jogadores das suas camadas jovens. E enquanto for assim, não vale a pena entrarem em comparações absurdas sobre qual a melhor escola de futebolistas no nosso país.