quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Jogos em sinal aberto

in record.pt

A partir da próxima época será transmitido um jogo por jornada em sinal aberto. 6 jogos de Porto, Benfica, Sporting, do 4º e do 5º classificado, repartidos equitativamente por jogos em casa e jogos fora.

E assim, de repente, a Benfica TV deixa de ter o exclusivo de 15 jogos oficiais por ano para apenas 12. Uma média de um jogo por mês. Não são boas notícias para o canal.

O paladino da 3ª idade

Quando Bruno de Carvalho se pronunciou sobre o facto de as capacidades de Pinto da Costa estarem a diminuir por causa da idade, houve um clamor generalizado por parte da opinião pública. Uma falta de respeito pelos cidadãos mais velhos, mesquinhez do presidente do Sporting, que foi condenado de forma sumária, mesmo sabendo-se que o alvo daquela declaração era uma e uma só pessoa.

Não tenho grandes dúvidas que aos 75 anos, Pinto da Costa mantém uma lucidez e inteligência que fazem inveja a muita gente na plenitude das suas faculdades. Bruno de Carvalho também o sabe, pelo que podemos concluir que as suas declarações foram apenas uma forma de picar o rival.

Seriam declarações lamentáveis se Pinto da Costa demonstrasse sinais efetivos de senilidade. Como nunca o demonstrou em público, foi apenas uma provocação na linha de outras tantas que Pinto da Costa já fez no passado.

Curiosamente o maior ataque às declarações de Bruno de Carvalho veio de Jorge Gabriel no programa Trio de Ataque. O ex-apresentador do Praça da Alegria esteve largos minutos a proteger a honra de Pinto da Costa e de todos os cidadãos seniores que, segundo o paineleiro, eram indiretamente visados pelas afirmações do presidente do Sporting. Jorge Gabriel até invocou o seu pai, também ele um cidadão sénior, como sendo um exemplo que procura seguir e que tem sempre sábios conselhos para o tornar um homem melhor. Foi um momento tão comovente que certamente que escorreriam inúmeras lágrimas pelo meu rosto se não me lembrasse que Jorge Gabriel está naquele programa para defender o Sporting, e que no mínimo deveria fazer um esforço para não analisar de forma tão superficial a frase proferida pelo presidente do clube que está a representar.

Ontem, o presidente da FIFA fez uma triste figura quando lhe perguntaram se preferia Messi ou Ronaldo. Hoje tive oportunidade de ver que parte da opinião pública portuguesa tem uma abordagem bastante interessante sobre as declarações de Joseph Blatter:
  • "Só que enquanto os palhaços profissionais fazem as delícias de milhões de crianças e adultos por esse mundo fora, este dá-nos pena. Como dão todas as pessoas que, infelizmente, aos 77 anos, já não têm noção das suas acções." - Luís Avelãs in Record 
Aliás, quem tenha seguido a notícia nas rádios e televisões também terá tido oportunidade de ouvir algumas referências à idade do presidente da FIFA.

O Maisfutebol foi ainda mais além e abordou o tema Blatter por outro prisma:

  • "Ao longo da sua carreira, chamemos-lhe assim, o mundo do futebol já perdeu a conta a estes episódios de incontinência verbal do suíço. Como este artigo não é em inglês, perdemos a oportunidade de fazer o trocadilho com a palavra bladder, bexiga, portanto fiquemo-nos pelos factos."
Note-se que concordo com a problemática da idade: se Blatter tivesse 57 anos provavelmente avaliaria melhor as consequências das suas palavras e excusar-se-ia de dizer e fazer determinadas coisas que agora são alvo de debate aqui em Portugal. É legítimo que se questione se ainda tem capacidade para estar à frente de uma organização tão poderosa como a FIFA.

Em relação ao trocadilho com a bexiga e os problemas de incontinência, pessoalmente achei graça, mas será que o paineleiro do Trio de Ataque vai encontrar aqui uma ofensa a todos os cidadãos, seniores e não seniores, que sofrem desse terrível problema com custos sociais elevadíssimos que é a perda involuntária do controlo da bexiga e intestinos? Como diria Manuel Machado, é uma questão que já fede.

Mas enfim, devemos respeitar Jorge Gabriel por se chegar à frente e ser o paladino da 3ª idade, de pessoas a quem tanto devemos e que não têm o apoio que merecem de todos nós. Desinteressadamente, Jorge Gabriel prefere não interpretar devidamente as declarações do presidente do clube que está a representar naquele programa, para defender fervorosamente a honra dos cidadãos mais desamparados da nossa sociedade. É bonito, louvável e comovente ver um homem colocar os seus princípios à frente da clubíte e do dinheiro.

Ah, espera aí...


quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Uma vez um boy, sempre um boy


Fala-se com insistência num movimento de clubes liderado pelo Porto para tentar retirar Mário Figueiredo da Liga e colocar Rui Pedro Soares.

Rui Pedro Soares, dragão de ouro de sócio do ano 2008/09, é também presidente do Belenenses. Há cerca de um ano, passou a ser detentor de 61% de ações do Belenenses após pagar cerca de 500€, correspondendo a 0,001€ por ação.

O nome do presidente do Belenenses não é estranho para ninguém que preste alguma atenção ao fenómeno político português. Pertencendo ao PS, Rui Pedro Soares foi nomeado pelo Governo de José Sócrates como administrador executivo da PT. Rui Pedro Soares tinha na altura 32 anos. Ninguém com dois palmos de testa acredita que tenha sido pelas suas competências enquanto gestor. Rui Pedro Soares é um excelente exemplo de uma das piores facetas deste país: um indivíduo que sobe na vida à custa do cartão partidário e não pelo mérito.


Os episódios estranhos em que Rui Pedro Soares não se ficaram por aqui. É uma das figuras apanhadas nas escutas do caso Face Oculta, a falar sobre uma possível compra da TVI pela PT, para controlar um canal que estava a ser incómodo para o Governo de Sócrates. Também é administrador da Taguspark, que pagava €350.000 por ano a Luís Figo para promover o parque tecnológico e, ao que se disse na altura, também para se declarar como apoiante do PS.

Curiosamente, há uns tempos saíram umas notícias em que Luís Filipe Vieira ponderava vender os direitos televisivos dos jogos do Benfica (antes de se decidir pela Benfica TV) a um projeto empresarial liderado por Rui Pedro Soares associado ao grupo espanhol Mediapro, que é o atual detentor do Porto Canal (em parceria com o F.C.Porto).

Estamos conversados em relação à integridade de Rui Pedro Soares. Agora é a face visível (uma evolução em relação ao caso Face Oculta) de um movimento de clubes que inclui o grupo Porto & Amigos (em que os principais são Porto, Braga, Guimarães, Académica e Belenenses). A importância que a Liga tem nos dias que correm é relativamente escassa, afinal o poder sobre os árbitros e sobre a justiça desportiva reside na FPF. O que está em causa é a tentativa de Mário Figueiredo centralizar os direitos televisivos na Liga, o que seria, convenhamos, algo de incómodo para Joaquim Oliveira e para a SportTV. Rui Pedro Soares pelos vistos gosta de ajudar a afastar gente incómoda para os seus amigos.

Não acho que Mário Figueiredo seja um bom presidente da Liga. É natural que se suspeitasse da sua independência quando foi eleito, pois é genro do presidente do Marítimo e sócio no escritório de advogados de Adelino Caldeira. Entretanto parece ter decidido proteger o interesse dos clubes pequenos contra os grandes, muitas vezes revelando falta de bom senso, e acabou por perder grande parte do apoio que tinha. E na verdade tem sido protagonista de episódios pouco dignos, nomeadamente ao tentar enfiar alterações de regulamentos de forma encapotada, para tentar ver se passavam despercebidas.

Mas isso não legitima mais uma tomada de poder de Joaquim Oliveira e Pinto da Costa, desta vez usando como muleta um homem que representa muito do que há de podre na sociedade em que vivemos. Gradualmente o ar do futebol português tem ficado menos poluído com a saída de cena de algumas figuras sinistras como Valentim Loureiro, Pinto de Sousa ou Adriano Pinto. Mas se é para dar lugar a tipos como este, não há grandes motivos para ter esperança num futuro melhor.
Imagem retirada do blog: WEHAVEKAOSINTHEGARDEN

Balanço das arbitragens: 8ª jornada

Porto 3-1 Sporting (Artur Soares Dias)
10' - Maurício derruba Alex Sandro na área, penalty assinalado - decisão correta, não há dúvida alguma de que houve falta
=: não existiram erros críticos com influência no resultado

Benfica 2-0 Nacional (Jorge Ferreira)
83' - Cardozo, dentro da área, levanta a bola que bate no braço de um defesa do Nacional - decisão correta, não há lugar a penalty pois o jogador do Nacional tem o braço colado ao corpo e não tem forma de evitar o contacto com a bola
=: não existiram erros críticos com influência no resultado

Resumo da jornada



Acumulado da época





Classificação



Evangelho de Manha 2: 1-3

Evangelho segundo Manha, capítulo 2

Versículo 1: Os homens do presidente. Dez anos de presidência correspondem a sete treinadores. Com a chegada de Jorge Jesus ao banco das águias, o Benfica começou finalmente a conhecer a estabilidade neste capítulo, pois, até à chegada do atual técnico, só Camacho terminou uma segunda temporada. Para a história perduram as amizades entretanto criadas...


Versículo 2. Jorge Jesus salienta o empenho de vieira no trabalho diário. Desde que chegou ao Benfica no início do verão de 2009 que Jorge Jesus construiu uma parceria com Luís Filipe Vieira. O presidente viu no atual técnico o homem certo para orientar a equipa profissional. Já JJ, por seu lado, encontrou na Luz o clube ideal para desenvolver as suas ideias. Após quase quatro anos e meio de parceria, o treinador destaca a relação de “amizade” que foi estabelecida.

Versículo 3. Fernando Santos, o treinador que foi despedido no início do segundo ano de trabalho no Benfica, após um empate com o Leixões na primeira jornada, revela: “Com Luís Filipe Vieira mantive uma relação estreita a todos os níveis. Além dos laços profissionais também estabelecemos uma amizade que ainda dura”, revela Fernando Santos, o treinador que foi despedido no início do segundo ano de trabalho no Benfica, após um empate com o Leixões, na primeira jornada. 

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Crime sem castigo

Não deve haver tolerância para situações em que indivíduos se deslocam a um evento desportivo com o objetivo de insultar e agredir outros.

As imagens que passaram nas televisões antes do início do Porto - Sporting mostraram-nos cenas lamentáveis, e merecem o repúdio de todos aqueles que prezam a ordem pública e que gostam de se deslocar ao estádio para assistir a um jogo de futebol sem terem que temer pela sua segurança.

Neste caso a confusão foi armada por um conjunto de cerca de 100 indivíduos que acabaram detidos e, segundo a PSP do Porto, são apoiantes do Sporting. No entanto, é preocupante que esta mesma PSP do Porto não atue com a mesma prontidão quando os agressores são membros das claques do clube anfitrião. Voltaram a existir casos neste fim-de-semana em que as claques e responsáveis do Porto fizeram o que quiseram na mais perfeita impunidade, perante a complacência das forças de segurança que têm como responsabilidade a proteção de todos aqueles que se deslocam ao estádio.

Não é preciso viajar muito no tempo para demonstrar a tolerância que a PSP do Porto demonstra em função das cores dos agressores. No final de Julho deste ano, o Celta de Vigo deslocou-se ao Dragão para um jogo particular. No dia seguinte, jornais insuspeitos da Galiza relataram o clima de terror que os adeptos do Celta viveram na deslocação à cidade do Porto. Aqui ficam algumas passagens:
En un compromiso para el que el celtismo se había movilizado de una forma sorprendente en pretemporada, y ante un equipo que algunos consideran «hermano», se encontraron con una actitud hostil por parte de la hinchada rival que les hizo «pasar mucho miedo». Para algunos, la cosa fue más allá, llegando a sufrir violencia física y verbal, así como robos.
«No disfrutamos del partido, ya era lo de menos. Queríamos salir de allí cuanto antes», dice sobre la que considera «la peor experiencia» de su vida en un campo de fútbol. Los problemas habían empezado ya al mediodía. «Los reventas nos amenazaron y no nos dejaban acceder a las taquillas», recuerda. Luego se refugiaron en un centro comercial. «Te mataban con la mirada. Nos sentíamos vigilados y vimos gente con labios rotos. Fue horroroso», lamenta.
«Fue todo una salvajada. Había gente con guantes de boxeo. Una batalla campal», dice Amador, de la Peña Jorge Otero. Él iba con sus hijos: «Si estoy solo y tengo que chupar dos bofetadas me preocupa menos, pero con los niños...», subraya. «Fue peor que un derbi en Coruña»

Não consta que alguém tenha sido detido pela PSP do Porto após os acontecimentos acima descritos.

Voltando ao jogo do último domingo, os episódios lamentáveis não se limitaram às agressões a adeptos. O comunicado divulgado pelo Sporting descreve outros acontecimentos que não surpreendem ninguém. É mais que evidente para todos que toda a estrutura do Porto (desde os dirigentes de topo até a quem vende bilhetes e limpa o chão, passando pelas empresas privadas de segurança e pelas claques) cerra fileiras para intimidar, insultar e agredir os dirigentes, técnicos, jogadores e adeptos adversários. Adversários não, inimigos, porque trata-se de um clima de guerra aberta para quem tem que frequentar aquelas instalações. Isto é tão verdade para o futebol como para outras modalidades, contando sempre com uma atitude passiva da Polícia de Segurança Pública.

Quando Bruno de Carvalho referiu que esperava ser recebido de forma hostil, era precisamente a isto que se referia. E só alguém muito ingénuo é que pode acreditar que as declarações do presidente do Sporting foram a causa dos desacatos de domingo. Pelo contrário, as declarações do presidente do Sporting eram uma constatação lógica em função do historial de 30 anos destas práticas continuadas sempre que um rival visita o Estádio do Dragão, garantidamente sem quaisquer consequências para os agressores e provocadores.

Considero-me uma pessoa civilizada. Se em Alvalade algum portista se sentar ao meu lado, pode apoiar a sua equipa e festejar livremente pois, da parte que me toca, tem todo o direito de o fazer. Se eu vir outros sportinguistas a tentarem maltratar esse adepto, podem ter a certeza que o defenderei. Mas perante esta máfia que coloca constantemente em causa a integridade física e psicológica de terceiros, e refiro-me explicitamente aos dirigentes de topo e às claques do Porto, tudo o que lhes possa acontecer não será metade do que merecem. Em relação a esses energúmenos, a esses criminosos, chega de dar a outra face. Se algum tipo de justiça lhes for aplicada, mesmo que não seja a dos tribunais, não vai ser de mim que sairá algum lamento.

Evangelho de Manha 1: 1-5

Evangelho segundo Manha, capítulo 1

Versículo 1. David Luiz diz que espera voltar a ter Luís Filipe Vieira como líder e deixa agradecimentos ao amigo Vieira.

Versículo 2. Luisão diz que Vieira é uma pessoa fantástica e com coração gigante. A Record, o brasileiro elogia a obra do presidente, que mudou por completo o clube da Luz.

Versículo 3. Witsel foi o caso mais marcante da faceta exportadora de Vieira, vendido por um valor recorde de €40M.

Versículo 4. O Maestro voltou a casa em 2006, Luís Filipe Vieira trouxe Rui Costa de volta. O presidente encarnado não é apenas responsável pela contratação de jovens jogadores que depois foram vendidos por montantes elevados. Luís Filipe Vieira fez também questão de fazer voltar a casa alguns símbolos do clube. Já tinha tido papel determinante no regresso de Nuno Gomes em 2003 e no verão de 2006 contratou um novo Maestro para a batuta da Luz: nada mais nada menos do que Rui Costa.

Versículo 5. Aposta total no futebol, Vieira deu armas nunca antes vistas aos técnicos. “Vamos construir uma equipa ganhadora.” Na madrugada do dia 1 de Novembro, com o pavilhão da Luz ao rubro, o novo presidente do Benfica dirigia-se pela primeira vez aos sócios e deixava clara uma das suas grandes missões: aposta total no futebol. Luís Filipe Vieira queria formar uma equipa competitiva que permitisse ao clube reconquistar a hegemonia nacional e recuperar o prestígio europeu do passado. 

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Populista?


Populista. Bruno de Carvalho não tem sido poupado a essa adjetivação desde surgiu como candidato à presidência do Sporting. Primeiro pelos outros candidatos à presidência e depois por comentadores e jornalistas. Na semana passada juntou-se a este movimento o distinto Rui Moreira, o Phil Dunphy português, que se celebrizou enquanto ex-paineleiro que abandonou um programa em direto por não conseguir enfrentar duras verdades como um homem.



Ontem, algum tempo após o final do jogo com o Porto, e após uma derrota que lhe terá sido particularmente dolorosa (apostou forte em declarações controversas que acabaram por não surtir o efeito desejado), Bruno de Carvalho dirigiu-se com Inácio até à bancada reservada aos adeptos do Sporting para agradecer o seu apoio. (Whiplash, obrigado pelo link!)


Mais um momento de populismo, dirá quem não aprecia o estilo de Bruno de Carvalho. Para mim, isto não é populismo. O populismo de facto caracteriza-se pela aproximação dos dirigentes do "povo", mas vem acompanhado de muito palavreado inflamado contra um alvo a abater (normalmente as elites) e por uma série de promessas irrealistas. E se há presidente que não tem feito propostas irrealistas aos seus sócios, esse alguém é Bruno de Carvalho. Se há alguém que tem apresentado os números verdadeiros, por muito difíceis que sejam de enfrentar, definindo objetivos ultra-realistas, quem se tem pautado por uma enorme transparência, esse alguém é Bruno de Carvalho.

Quando falamos de promessas irrealistas poderíamos, em contrapartida, mencionar um outro presidente que se mostrou convicto de poder chegar à final da Liga dos Campeões, em função do melhor plantel dos últimos 30 anos. E quando falamos de discursos inflamados contra um inimigo a abater, podemos falar de outro presidente que alimentou anos a fio uma guerra norte-sul, de forma a vitimizar a região em que se insere e desviar as atenções dos atos criminosos que praticava.

Curiosamente, ao fim de 30 anos de poder, o Porto acabou por se transformar num clube dominado por uma elite dirigente que estrangula toda e qualquer oposição que lhe possa fazer frente. Há quanto tempo não aparece um projeto alternativo, um candidato que abra o debate em relação aos aspetos negativos que o clube tem? Um bom exemplo desse regime elitista foi a inauguração do museu no dia do seu "120º" aniversário. Fechado à "populaça", foi um evento exclusivo para quem manda no Porto, suas esposas / concubinas, alguns jogadores, políticos, banqueiros, empresários, algumas figuras históricas do clube, pessoas do jet-set e biscateiros que defendem o clube na praça pública. O povão teve que esperar mais de um mês para poder lá pôr os pés dentro.

Voltando a Bruno de Carvalho, as ações que tem promovido para aproximar o clube dos sócios não são populismo. É que o discurso do "o clube voltou a ser nosso" veio acompanhado de exigência aos sócios -- o presidente tem repetido várias vezes que os sócios e adeptos têm que cumprir o seu papel, não só apoiando a equipa mas também comprando gameboxes, indo ao estádio, assinando o jornal. 

Temos um presidente que sente o clube como não tínhamos há 20 anos. Quando Bruno de Carvalho vai cumprimentar os adeptos nos jogos fora, sabe os sacrifícios que esses mesmos adeptos fazem pelo clube, já que há uns anos era ele que lá estava. Por isso não me falem em populismo. Isto é genuíno, louvável e um motivo de orgulho para todos nós.

domingo, 27 de outubro de 2013

Uma questão de rins

Estou desapontado com o resultado, mas não com a equipa. Ficando em desvantagem logo no princípio do jogo ao cometer um penalty tão claro quanto desnecessário, o Sporting colocou-se numa situação bastante adversa que poderia ter traçado de forma irreversível o rumo do jogo. No entanto, a equipa demonstrou uma atitude combativa e personalizada, típica de quem tem confiança nas suas capacidades, mesmo num ambiente adverso contra um adversário de grande valor.

Infelizmente, na primeira parte essa atitude não foi acompanhada do grau necessário de clarividência. Por diversas vezes os jogadores do Sporting procuraram rematar de meia distância quando existiam companheiros melhor colocados para dar sequência à jogada. A paciência na construção que tem caracterizado o jogo ofensivo do Sporting não se viu durante os primeiros 45 minutos.

Na segunda parte, o Sporting subiu de nível e chegou ao empate com toda a justiça. O Porto marcou imediatamente a seguir, o que poderia ter sido um golpe fatal para o moral dos jogadores do Sporting. No entanto, a equipa reagiu de forma positiva e voltou à procura do empate, que só não conseguiu por Helton teve um golpe de rins fantástico para uma finalização de Montero que lembrava o golo ao Benfica. Tivesse entrado, e sabe-se lá o que poderia ter acontecido. Acabou por ser o Porto a voltar a marcar e a história do jogou ficou definida.

Começa agora um grande desafio para Leonardo Jardim e para os jogadores. Ter o necessário golpe de rins que permita retirar as devidas lições desta derrota, e usá-las para regressar ainda mais forte no jogo contra o Marítimo. Também de derrotas se faz o crescimento de uma equipa, ainda para mais tão jovem quanto a do Sporting, pelo que o jogo com o Porto não é o fim de nada.

A equipa do Sporting foi hoje fiel consigo própria. Jogou para ganhar. Para a semana merece um estádio cheio, de adeptos também fiéis ao clube, que sabem reconhecer o excelente trabalho que está a ser feito. Entrar em cada jogo para ganhar, é o lema do Sporting 2013/14. Era tão verdade ontem como o é hoje. Vemo-nos em Alvalade no próximo Sábado.

sábado, 26 de outubro de 2013

A imaturidade, por Joel Neto

No passado critiquei (aqui e aqui) as crónicas em sentido único que Joel Neto faz no jornal O Jogo. Pois bem, na quarta-feira escreveu uma que foge à regra e que faz justiça ao sentimento que a maior parte dos sportinguistas têm quando ouvem João Moutinho a fazer declarações de amor eterno ao Porto, ignorando o clube que o formou e que foi a sua casa durante uma enorme parte da sua vida.

Aqui fica, com a devida vénia.







sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Dois sinais positivos

Não se confirmou o receio que tinha em que Jorge Sousa fosse o nomeado para o Sporting - Porto. Artur Soares Dias parece-me ser uma boa opção. Felizmente que prevaleceu o bom senso na nomeação do árbitro para um jogo desta importância.

Outro sinal que me parece importante salientar: a presença de Bruno de Carvalho e Inácio ao lado de Leonardo Jardim na conferência de imprensa. Os dirigentes não falaram, limitaram-se a estar ao lado do seu treinador. Parece-me uma boa forma de pôr fim às conversas sobre não alinhamento do discurso de Jardim com declarações feitas pelo presidente na África do Sul -- apesar de acreditar que quando Bruno de Carvalho disse que o Sporting tem vontade de ganhar tudo, não implica necessariamente uma candidatura ao título. Era só o que faltava que o Sporting não tivesse vontade de ser campeão.

As atrações do Dragão: número 1



Para terminar, deixo-vos a digitalização da parte que descreve a principal atração do estádio do Dragão.


Outros posts relacionados: 
Número 2 - O ambiente envolvente
Número 3 - As catacumbas
Número 4 - Business Lounge.
Número 5 - Golfe.

Depois não digam que Bruno de Carvalho não avisou...



quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Demonstração da grandeza do Braga

O 4º grande de Portugal, que há bem pouco tempo se auto-proclamou como 3ª força desportiva nacional, uniu-se numa iniciativa para apelar ao maior presidente da sua história que reconsidere a decisão de não se recandidatar.

in record.pt
"Quinze pessoas compareceram no centro da cidade de Braga para a manifestação de apoio à recandidatura de António Salvador à presidência do Sp. Braga, organizada por adeptos arsenalistas. O evento «Salvador, o Braga precisa de si!» foi criado no Facebook na noite de quarta-feira, pouco depois de se saber que o líder não tencionava candidatar-se às eleições de 9 de novembro, mas a adesão real foi escassa."

O verdadeiro teste

Se há uma ideia que tem unido nesta última semana a esmagadora maioria dos jornalistas, comentadores e paineleiros da nossa praça, é que o Sporting ainda não teve nenhum teste realmente a sério às suas capacidades. 

Argumentam que a vitória do Sporting em Braga acabou por não ser um teste a sério porque jogou com mais um durante 60 minutos, e que o empate com o Benfica é pouco relevante porque o Benfica estava em crise na altura. Nota-se que existe em certos quadrantes um esforço deliberado para desvalorizar o que o Sporting conseguiu fazer até agora.

Vem agora o jogo com o Porto, e de facto se há um teste verdadeiramente a doer, é este. Não podemos ter ilusões, não há jogo mais difícil em Portugal do que ir ao Dragão. Mas daí a dizer-se que o Sporting este ano ainda não teve testes à sua capacidade vai uma grande distância. 

A equipa portou-se muito bem no jogo com o Benfica, dominando a maior parte do jogo, tendo sofrido um golo num lance individual que, efetivamente, uma equipa mais experiente teria conseguido anular. E certamente que em Braga o Sporting não teve culpa que Aderlan tenha derrubado Montero quando este se ia isolar. O Sporting já foi testado contra adversários de valor e a resposta foi genericamente positiva.

Mas o que eu não vejo fazer é o exercício ao contrário. E as outras equipas, nomeadamente Porto e Benfica, será que já superaram testes complicados?

Os jogos mais difíceis que o Benfica teve foram contra:
  • Sporting na 3ª jornada, onde empatou graças a talentos individuais e não convenceu coletivamente
  • Guimarães, na 5ª jornada, onde ganhou à tangente contra uma equipa que jogou com 10 durante 30 minutos, e que tinha apenas 3 dias de descanso após ter jogado para a Liga Europa
  • PSG, para a Liga dos Campeões, onde só não foi humilhado porque os franceses levantaram o pé do acelerador
  • Estoril, na 7ª jornada, em que ganhou à tangente contra uma equipa que jogou com menos um durante 35 minutos, e que tinha tido uma deslocação longa para a Liga Europa apenas 3 dias antes
  • Olympiacos, para a Liga dos Campeões, em que empatou mas foi dominado enquanto houve relvado que permitisse jogar futebol
Por sua vez, o Porto teve desafios difíceis com:
  • Estoril, na 5ª jornada, onde empatou contra uma equipa que tinha jogado 3 dias antes para a Liga Europa
  • Atlético Madrid, para a Liga dos Campeões, em que perdeu em casa
  • Zenit, para a Liga dos Campeões, em que perdeu em casa
Ou seja, se formos rigorosos, vemos que nem Benfica ou Porto passaram com distinção nenhum dos jogos mais complicados que tiveram este ano. É certo que têm uma experiência acumulada recente que os pode dispensar de ter que provar o seu valor da mesma forma que o Sporting, mas não vejo nem adeptos do Porto nem do Benfica convencidos com o futebol que as suas equipas andam a praticar.

O Porto perdeu dois jogadores muito influentes, principalmente Moutinho, e mudou para um treinador que ainda não conseguiu colocar a equipa a jogar futebol de qualidade de forma consistente. O Porto de Paulo Fonseca, quando defrontou equipas de nível de dificuldade superior, ainda não conseguiu ganhar uma única vez.

O Benfica, apesar de manter o treinador e os jogadores da brilhante (digo isto sem ironia) temporada de 2012/13, não é a mesma equipa devido a três fatores: (1) o primeiro tem a ver o trauma psicológico provocado pelas derrotas nas três competições e por haver jogadores que já não querem estar no Benfica, (2) seja por desgaste na relação com o treinador, (3) seja por terem visto goradas as suas expetativas de salto para outras equipas.

Penso, portanto, que é injusto que toda esta conversa de falta de testes a doer se concentre exclusivamente no Sporting. Mas por outro lado talvez seja melhor assim. Que continuem jornalistas, comentadores e paineleiros a mascarar as debilidades dos outros e a confrontar-nos com as nossas. Só encaradas de frente é que essas debilidades podem ser ultrapassadas.

Sugestão cultural para Bacelar Gouveia

As atrações do Dragão: número 2



Aqui fica a digitalização da parte do guia que fala sobre a 2ª maior atração do estádio do Dragão.


Outros posts relacionados: 
Número 3 - As catacumbas
Número 4 - Business Lounge.
Número 5 - Golfe.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Uma rádio pouco católica

Estava eu no carro às 12h45 e decidi mudar a estação de rádio para a Renascença, para ouvir a Bola Branca, quando fiquei estupefacto perante a notícia de abertura.

Era sobre a derrota de ontem do Porto contra o Zenit? Não.

Era sobre o jogo de logo do Benfica contra o Olympiacos? Também não.

A grande notícia de abertura da edição das 12h45 de Bola Branca do dia 23 de Outubro de 2013 foi sobre a insatisfação de Slimani por não ter jogado mais tempo contra o Alba. Segundo o jornalista Pedro Azevedo, o jogador admite rever o seu futuro no mercado de Janeiro por ser pouco utilizado no Sporting.

Pudemos ouvir depois as declarações de "um dos representantes" do jogador, que disse que Slimani esperava ter jogado mais tempo no Domingo. Disse também que Slimani está feliz no Sporting, mas que tem vontade de ser mais utilizado. Quanto a uma eventual saída no mercado de Janeiro, disse o agente que ainda é cedo para pensarem no assunto, mas que o jogador quer estar no mundial e portanto é importante para ele jogar.

Enfim, começou a festa. Até Domingo vai ser só disto.


As atrações do Dragão: número 3



Aqui fica a digitalização da parte do guia que fala sobre a 3ª maior atração do estádio do Dragão.


Outros posts relacionados: 
Número 4 - Business Lounge.
Número 5 - Golfe.

Melhor que a encomenda

A forma como decorreu o jogo do Porto com o Zenit não podia ter corrido melhor, do ponto de vista do Sporting enquanto próximo adversário dos azuis e brancos.

Aos 6 minutos já Herrera caminhava no sentido dos balneários após ver dois cartões amarelos, o segundo dos quais numa infantilidade que raramente se vê em jogos deste nível. Isto obrigou o Porto a jogar com 10 durante mais de 90 minutos, atendendo aos 7 que o árbitro deu de compensações na segunda parte. Isto teve reflexos na resistência física de alguns jogadores, como Lucho e Jackson, que no final já se arrastavam em campo.

Vendo-se em superioridade numérica, o Zenit mandou no jogo, como era sua obrigação. No entanto, mesmo com 10, o Porto teve um jogo bastante conseguido, essencialmente à base do esforço e voluntarismo dos 10 jogadores que ficaram em campo.

No entanto, esse voluntarismo acabou por não ser suficiente, e aos 86 minutos o Zenit marcou o golo da vitória, representando um enorme balde de água fria para todos os portistas. Isto deixa o Porto com uma tarefa muito complicada para conseguir o apuramento para a próxima fase. E psicologicamente deverá deixar marcas.

O que podemos retirar deste jogo:
  • Perante o esforço suplementar que este jogo exigiu, é possível que alguns jogadores se ressintam nos últimos 20/30 minutos do jogo com o Sporting
  • A equipa do Porto vive um período de grande instabilidade emocional, que se traduziu num número anormal de erros individuais (em que os principais foram a expulsão de Herrera e uma entrega de bola de Otamendi a Hulk que destronaria o passe de Secretário a Acosta no top dos disparates, caso Helton não tivesse defendido brilhantemente o remate de Hulk)
  • A exibição de hoje do Porto pode ser considerada boa devido à atitude demonstrada pela equipa em inferioridade numérica; as deficiências coletivas que o Porto tem demonstrado esta época não foram visíveis única e exclusivamente porque o Porto não tinha a obrigação de assumir o jogo com menos um jogador
É possível que voltem aquelas declarações de jogadores e responsáveis do Porto a dizer que o Sporting é que vai pagar a fava. Se disserem isso, é tudo treta. Os níveis de auto-confiança do Porto neste momento, estão num nível baixíssimo. Não convencem sequer os seus adeptos e jogadores, treinadores e dirigentes têm consciência disso. Ai e tal que o Porto ganhou todos os jogos oficiais em Portugal com exceção de um? Sim, é um facto, mas desses só convenceram realmente em dois ou três, e nunca em 90 minutos. Tirando na supertaça, só jogaram bem no máximo durante 45 minutos.

Por isso, atendendo à forma de Sporting e Porto, tenho a convicção que pela primeira vez em muitos anos podemos ir ao Dragão jogar para ganhar independentemente do homem do apito. Neste momento, o 11 do Sporting é superior ao 11 do Porto fisicamente e psicologicamente. O treinador do Sporting tem um modelo de jogo montado de forma muito mais consistente que o treinador do Porto.

Isto não quer dizer que o Porto não seja uma equipa perigosa. Jackson é um enorme jogador, Lucho enquanto tem pernas é um senhor, o Varela que jogou contra o Zenit mete respeito e não é nem de perto nem de longe o coxo que Miguel Sousa Tavares constantemente aponta, Quintero pode fazer a diferença apesar da sua juventude, Danilo e Alex Sandro dão uma profundidade nas laterais que vão exigir toda a nossa atenção.

Mas nós, neste momento, somos uma equipa mais perigosa.

P.S.: quantos árbitros portugueses se atreveriam expulsar Herrera aos 6 minutos, no Dragão, por sair da barreira antes de tempo? Dos atuais, nenhum. Dos antigos árbitros que me lembro de ver apitar, talvez Jorge Coroado e eventualmente Pedro Henriques. Mais ninguém.

P.S.2: o mesmo se aplica para jogos do Benfica na Luz.

P.S.3: o facto de acreditar que o Sporting tem condições para ganhar no Dragão não é equivalente a acreditar que nos possamos considerar candidatos ao título. Isso é outra conversa.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

A última Coca Cola do deserto...

... é Ivan Cavaleiro. A presença num treino da equipa principal já dá direito a destaque no site do Record, que continua a sua intensa campanha de endeusamento de Luís Filipe Vieira e dos jovens que o presidente está a promover, contra tudo e contra todos (nomeadamente contra Jorge Jesus).



Eis tudo aquilo que não se deve fazer na promoção de um jovem da formação à equipa principal. Em vez de deixar que Ivan Cavaleiro faça o seu processo de adaptação ao futebol sénior e ao plantel principal, tem mais atenção dos jornais que os principais jogadores da liga, de tal forma que Montero, Jackson e Cardozo parecem figuras secundárias.


O empolamento por parte da comunicação social de novos heróis para a nação benfiquista não é um fenómeno novo. Este ano já tivemos Fejsa (que ao fim de dois jogos já era considerado melhor que Javi García) e Markovic (por quem os grandes da Europa estão loucos). No ano passado tivemos Artur, André Gomes, Matic, Lima, Sálvio, Gaitan, Garay, Enzo Peréz, cada um com ofertas de milhões por essa Europa fora. Faz parte do folclore, uma bolha informativa que sempre existiu, alimentada todos os dias pelas capas dos jornais desportivos.

O que é novidade é a campanha absolutamente descarada que o Record faz pela presidência de Luís Filipe Vieira. A parceria com a CM TV e a Cofina deveria estar a incomodar os benfiquistas não seguidistas do seu presidente, ainda por cima a fazer concorrência à própria Benfica TV, que no ano de arranque a sério necessitaria de todos os conteúdos exclusivos que pudessem interessar aos seus adeptos.

Num ano em que a prestação desportiva está abaixo das expetativas, acumulando-se às recentes desilusões desportivas da última temporada, tudo serve para mascarar um interminável conjunto de promessas não cumpridas por Luís Filipe Vieira, que não tem problema em passar a responsabilidade dos fracassos para outros. Diz que sonha estar na final da Liga dos Campeões, e ao mesmo tempo acrescenta que Jesus tem à disposição o melhor plantel dos últimos 30 anos -- logo, se o Benfica não chegar lá, LFV não poderá ser o responsável. Disse na campanha eleitoral que com ele o Benfica vai ganhar 3 campeonatos em 4, mas ao primeiro fracasso diz que não pode ser julgado pelos resultados desportivos porque não dá pontapés na bola. Diz que não percebe nada de futebol, mas o que sai para fora é que é o próprio LFV que anda a segurar os jovens da formação, e a insistir no seu lançamento na equipa principal. Quando a contestação aumenta, de repente lá aparece Rui Costa a fazer umas declarações para entreter o pagode. Se dá jeito que um jovem jogador apareça nas luzes da ribalta, então envie-se o jovem às feras, em vez de lhe darem tempo e condições para se impor gradualmente na equipa principal.

Junte-se esta campanha propagandista a todas as alterações de estatutos que fez no passado, e não se tenha dúvidas que Luís Filipe Vieira está para ficar. E enquanto se discutem estas últimas Coca Colas no deserto, as atenções vão-se desviando de outras Cola Colas no deserto mais incómodas para o presidente do Benfica.


As atrações do Dragão: número 4




Aqui fica a digitalização da parte do guia que fala sobre a 4ª maior atração do estádio do Dragão.


Outros posts relacionados: 
Número 5 - Golfe.

Já que falamos do assunto, parece que se aproxima o veredicto do processo que Valdemar Duarte colocou aos dirigentes do Porto.

in record.pt
 A queixa deve ser arquivada. Surprise, surprise...

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Treinadores desorientados

Se há um campeonato em que o Sporting neste momento está bem à frente dos outros, é na qualidade do treinador.

Contrastando com a serenidade e competência que Leonardo Jardim vem demonstrando todas as semanas, vemos Paulo Fonseca e Jorge Jesus a darem sinais de um enorme stress.

Na última conferência de imprensa de lançamento do jogo com o Trofense, Paulo Fonseca foi questionado sobre a polémica da cuspidela de Josué. Ao dar a sua opinião, o treinador do Porto achou adequado falar do sucesso que Josué tem junto das miúdas.


Josué é casado e tem uma filha pequena que, segundo o próprio Paulo Fonseca (quando ainda era treinador do Paços), foram fundamentais para estabilizar um jogador que tinha tanto de talentoso como de conflituoso (ver aos 2m00s no vídeo abaixo).


Esperemos que a mulher de Josué tenha um elevado nível de auto-estima e de confiança no marido, para não se sentir melindrada nem começar a fazer a cabeça em água ao jogador do Porto. De qualquer forma, é mais um exemplo que mostra que Paulo Fonseca anda com a língua um bocado solta nas conferências de imprensa. Que não se prepara bem para perguntas mais incómodas já sabíamos. Resta saber se é falta de jeito ou se anda mais preocupado com outras coisas.

Aliás, se este Josué (que não acaba um jogo sem amarelo e que com um bocadinho de rigor já poderia ter sido expulso 2 vezes nesta época) é agora um jogador diferente, até tremo só de pensar como seria antes. Mas está aqui um ponto fraco que o Sporting pode explorar, se o adversário entra com jogadores instáveis para dentro do campo se calhar não é má ideia espicaçá-lo um pouco para ver no que dá.

Quanto a Jorge Jesus, no final do jogo com o Cinfães parecia andar à procura de alguns stewards ou polícias para dar umas palmadas. Afinal, havia muita tensão acumulada que precisava de descarregar. À falta de agentes da lei que se atravessassem no seu caminho, acabou por ter que se satisfazer com as costas de Harramiz (ver ao 1m28s).

As atrações do Dragão: número 5

No que toca a guias de viagem sempre preferi os da American Express. São visualmente muito apelativos, de leitura fácil, pouco maçudos e conseguem ser fáceis de consultar em ocasiões de maior aperto que por vezes os turistas enfrentam nos países que visitam.

De qualquer forma, sou obrigado a admitir que a American Express não tem a mesma diversidade de destinos que a Lonely Planet, que é a mais popular marca de guias de viagem do mundo.

E tenho que dar a mão à palmatória: para a viagem que muitos sportinguistas vão fazer no próximo Domingo, a Lonely Planet acabou de editar um novo guia que poderá vir a ser muito útil:



Tudo o que se possam lembrar sobre o estádio do próximo adversário do Sporting vem condensado em cerca de duas centenas de páginas. Acho particularmente interessante a secção que fala das cinco principais atrações que os visitantes podem apreciar quando se deslocam a este icónico local da cidade do Porto. Ao longo desta semana vou fazer 5 posts, um para cada uma das atrações que mereceram maior destaque por parte desta prestigiada editora.

Começo já com a atração que foi eleita como a 5ª melhor:



domingo, 20 de outubro de 2013

Sporting - Alba

Muito público (atendendo ao jogo em cartaz), uma vitória folgada por 8-1, golos para todos os gostos e um adversário que veio para fazer a festa e conseguiu marcar um golo de honra, fizeram certamente valer o tempo de quem se deslocou ao estádio ou preferiu ver na televisão. 

Pode ter sido fruto das circunstâncias do calendário folgado que temos, mas o Sporting demonstrou hoje respeito pelo adversário, pelo público e pela competição.

Não vou entrar em considerações individuais sobre os jogadores que se destacaram ou que desiludiram, porque tendo pela frente um adversário com muito menos argumentos não se pode tirar qualquer tipo de conclusão que seja aplicável para os próximos jogos para o campeonato, em particular para o jogo contra o Porto.

No entanto, o que podemos e devemos realçar é a motivação e o empenhamento que a equipa revelou em campo. Mérito para a equipa técnica que não permitiu que a paragem de duas semanas amolecesse espíritos, e para os jogadores que conseguiram tirar o melhor partido dos minutos de competição que tinham disponíveis. Dentro das circunstâncias, não poderíamos desejar um melhor final de tarde de domingo.

Vamos aprender com os animais #4: Joe Berardo

Berardo é aquilo que os adeptos gostam de apelidar de "papagaio". Fala demasiado, muitas vezes de forma inoportuna, e quase sempre à base de críticas destrutivas. Especialmente se o alvo for Jorge Jesus.

Não ficaria mal a Joe Berardo ver o que Jorge Jesus tem conseguido em comparação com os seus antecessores. Às vezes melhor e outras vezes pior, Jorge Jesus procura retirar o melhor rendimento possível do plantel que tem à sua disposição. E, do ponto vista exibicional, dificilmente outro treinador conseguiria melhor que Jesus. Jesus gosta do Benfica, gosta que o seu público veja bom futebol, e merecia um pouco de mais compreensão.

Berardo, veja lá se aprende um pouco com este papagaio. O bicho pode não ser vermelho, mas percebe as boas intenções de Jorge Jesus.

sábado, 19 de outubro de 2013

Fredy Montero e a mudança de paradigma

Quando falamos de Fredy Montero, já ninguém pode negar que estamos na presença de um ponta-de-lança de qualidade indiscutível. Técnica apurada, excelente controlo de bola, grande mobilidade e acima tudo uma incrível frieza no momento de finalização fazem de Fredy um matador que faz a diferença.

A verdade é que torci o nariz quando soube que o Sporting o tinha contratado. Um jogador de 26 anos que andou principalmente pela MLS, com uma média de golos não muito entusiasmante, numa equipa de que nunca tinha ouvido falar, não costuma gerar grande entusiasmo em pessoas como eu que não dão nenhuma atenção a campeonatos menos mediáticos.

Encontrei um artigo da ESPN sobre Fredy, de Abril de 2012, que mostra que o seu valor era mais que reconhecido nos EUA, independentemente do número de golos que marcava. Para quem não estiver na disposição de ler o artigo todo, que é extenso, ficam aqui algumas das passagens que me parecem mais interessantes.

It seemed obvious at the end of last year that Montero's days with the Seattle Sounders were numbered, but following the first weeks of the new season, the reality is clear: He's just too good for this. The Seattle Sounders and MLS helped him reach this level, but it's one that Montero has since transcended.
MLS is an extremely tough league; hard challenges that might be considered a yellow card offense by referees in South America or continental Europe may go unnoticed by MLS officials. As a result, Fredy Montero has been brutalized at times in his three-plus seasons -- but that's a good thing. After all, the Seattle forward didn't need to develop his skill or learn how to finish; he simply needed to toughen up, and MLS obliged.
Unlike the Montero that would go down easily at the slightest contact in his inaugural MLS season, the Montero of 2011 could stay on his feet more often and avoid losing the ball under pressure.
While Seattle has the biggest fan support in the league, this league always felt like a stepping stone for Montero. Three years ago, the striker wasn't good enough or sufficiently prepared for European soccer; Today, there's absolutely no doubt that he's ready.
Having failed to find Montero a viable long-term strike partner for three (and now running into four) seasons -- Blaise Nkufo and O'Brian White were the closest, though Nkufo lasted one season before retiring and White was injury prone -- the Colombian is almost owed that courtesy.


Se é bem provável que os próprios dirigentes do Sporting que contrataram Fredy Montero tenham ficado positivamente surpreendidos pelo rendimento imediato e avassalador que o jogador demonstrou, há uma coisa que não parece ter sido obra do acaso: a mudança de paradigma das contratações.

Em vez de contratar jogadores jovens com grande potencial de valorização, esta direção parece ter uma estratégia diferente: contratar jogadores já com experiência, de forma a obter deles um rendimento mais imediato. Magrão tem 28 anos, Montero tem 26, Jefferson, Slimani e Maurício têm 25, Piris tem 24. A única exceção foi Cissé, que tem 20 anos, e mesmo assim já tinha um ano de experiência de primeira divisão portuguesa.

Jovens para valorizar já os temos na academia. Excetuando alguns casos especiais, não se justifica a contratação em massa de jogadores jovens para desenvolver como Viola, Xandão, Carrillo, Rubio, Arias, Van Wolfswinkel ou Torsiglieri. Ainda por cima, meia Europa (nos quais se incluem Porto e Benfica) estão na disposição de gastar milhões à procura do novo Messi, do novo James, do novo Di Maria, do novo Van Persie. Não temos forma de competir no mercado europeu, no brasileiro, no argentino ou mesmo no mexicano. Já há demasiado dinheiro e demasiada especulação nos valores dos passes dos jovens desses mercados.

Agrada-me esta aposta em jogadores mais maduros, em mercados menos mediáticos, para complementar a juventude da academia. Do ponto de vista económico a vantagem é evidente, mas para além disso assegura uma adaptação mais rápida dos jogadores contratados e uma menor responsabilização dos jovens da casa em terem que carregar a equipa às costas, dando-lhes mais espaço de desenvolvimento nos seus primeiros anos de sénior.

Vamos aprender com os animais #3: Paulo Fonseca

Paulo Fonseca foi um dos dois treinadores que mais se destacaram no campeonato do ano passado. Ao levar o Paços de Ferreira a um histórico 3º lugar, Paulo Fonseca saltou para as luzes da ribalta, demonstrando uma personalidade interessante nos vários programas sobre futebol em que participou após o final da época, ainda antes de ser contratado pelo Porto.

No entanto, após ter passado a ser treinador do Porto, uma casa em que personalidades fortes não são vistas com bons olhos, Paulo Fonseca não resistiu ao novo ambiente e rapidamente se subjugou aos caprichos dos seus novos patrões.

Ao não resistir atacar o primeiro árbitro que o prejudicou, apenas dois minutos após ter saído do relvado da Amoreira, Paulo Fonseca demonstrou estar bem amestrado. Uma semana depois, após ter sido beneficiado de forma evidente, Paulo Fonseca escudou-se em desculpas esfarrapadas para não ter que comentar um assunto incómodo para as suas cores. A estrutura do Porto deve estar orgulhosa por ter feito um excelente trabalho de domesticação em tão pouco tempo.

Paulo Fonseca poderia seguir o exemplo deste urso, que numa sessão de formação dada por uma funcionária do departamento de comunicação da casa que lhe dá roupa e cama lavada, manteve a espinha bem direita e não deixou que lhe subjugassem o espírito selvagem que o define enquanto ser.


Em vez disso, o treinador do Porto transformou-se numa coisa mais deste género:


sexta-feira, 18 de outubro de 2013

E agora o Alba

Após duas longas semanas sem vermos o Sporting jogar, a equipa regressa à competição com um jogo teoricamente simples contra o Alba. Na minha opinião existem dois objetivos essenciais para cumprir neste jogo:

1. Apuramento para a fase seguinte

O jogo é para ganhar, nem se admite outra hipótese. No entanto, por uma questão de respeito com o adversário e com o público espero que a equipa tenha uma atitude profissional, a procurar constantemente o golo, tentando resolver o jogo o mais rapidamente possível.


2. Dar minutos de competição à equipa titular

Entre o jogo com o Setúbal e o jogo com o Porto há um intervalo de 3 semanas. Por isso parece-me importante dar minutos de competição aos jogadores que não alinharam pelas seleções. 

Rui Patrício, Rojo, William Carvalho e Carrillo jogaram pelo menos 90 minutos nas respetivas seleções e, no caso dos sul-americanos, houve o desgaste adicional de viagens longas, pelo que é perfeitamente razoável que fiquem de fora.

Os outros sete habituais titulares deveriam alinhar de início com o Alba, nomeadamente Piris, para ganhar mais rotinas no flanco esquerdo antes do jogo com o Porto.

Verificando-se as quatro mudanças que referi, parece-me evidente quem deverá entrar na equipa: Marcelo Boeck, Dier, Rinaudo e Capel. No caso de Capel, é particularmente importante que jogue porque vem de uma lesão e será certamente um jogador que será opção, no onze ou como suplente, contra o Porto.

Se o Sporting entrar no jogo com o Alba com uma atitude competitiva saudável, é normal que o jogo esteja resolvido no final da primeira parte. E aí sim, seria interessante ver jogadores como Slimani, Cissé, Magrão, Vítor, Semedo ou Carlos Mané durante 30 a 45 minutos.

Parece-me preferível esta abordagem do que colocar um 11 completamente novo. Mudando completamente a equipa, nem aproveitam os jogadores que entram, pois nunca alinharam juntos em competição, nem é bom para muitos dos habituais titulares, que poderão ficar mais enferrujados por estarem três semanas sem competir.

Para além disso, integrar 4 habituais suplentes na equipa titular não compromete as rotinas de jogo, sendo mais fácil para Dier, Rinaudo e Capel terem um rendimento interessante para se afirmarem como alternativas válidas para Leonardo Jardim.


Vamos aprender com os animais #2: Rui Patrício

Rui Patrício é um excelente guarda-redes que tem vindo a demonstrar uma enorme evolução em vários aspetos do jogo, nomeadamente no que toca ao não apanhar com as mãos bolas atrasadas pelos seus colegas, e também relativamente ao jogo de pés.

No entanto, no jogo com Israel, Rui Patrício teve uma recaída. Sentiu confiança para colocar a bola jogável com o seu pé mais fraco, mas acabou por entregá-la ao adversário que não desperdiçou a oportunidade de empatar o jogo.

Rui Patrício devia aprender com esta ovelha, que sabendo das limitações técnicas da sua pata direita, procura compensar essa falta de talento com muita atenção à movimentação da bola e dos adversários. O ovídeo tem também consciência da sua superioridade física em relação ao adversário, preferindo proteger com o corpo o esférico até zonas de menor perigo, do que lhe dar um pontapé atabalhoado que muito provavelmente seria intercetado.

Este quadrúpede lãzudo conhece bem as suas forças e fraquezas, mostrando critério na tomada de decisão. Consequentemente, quem acabou no chão foi o adversário, ao contrário do que aconteceu no lance infeliz de Rui Patrício.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Uma questão de resolução?

in tsf.pt


Na flash interview após o empate com o Estoril, Paulo Fonseca foi rápido a apontar o erro do penalty mal assinalado contra a sua equipa. Rapidez que não teve quando lhe pediram para comentar o penalty mal assinalado de Proença a seu favor contra o Guimarães. Aliás, quando confrontado mais tarde com esse lance, preferiu mencionar o golo em fora-de-jogo do Atlético de Madrid em pleno Dragão.

Agora, em relação à cuspidela de Josué, Fonseca diz que não conseguiu vê-la. Não posso censurá-lo porque eu também não consegui distinguir o projétil salivar nas imagens. Mas não posso concluir se a cuspidela existiu ou não, porque as imagens que vi eram do youtube e tinham uma resolução bastante fraca. Se tivesse visto imagens em 720p e em slow motion talvez fosse possível vislumbrar alguma coisa. Mas pronto, como não vi nem tenho acesso a imagens de qualidade tenho que aceitar como boa esta declaração de treinador do Porto.

Mas em relação aos outros lances polémicos, Paulo Fonseca parece ver o que lhe convém numa televisão de topo de gama e o que não lhe convém no stream com a qualidade mais ranhosa que consegue encontrar na internet.

Este incoerência de declarações sobre lances polémicos não é de todo inédito nos agentes do futebol português, mas o curto espaço de tempo em que Paulo Fonseca disparou acusações imediatas contra os árbitros que o prejudicaram e em que branqueou os casos que o beneficiaram tornam este caso particularmente ridículo e triste.

No fim de contas sabemos que não é uma questão de resolução de imagens. É mesmo uma questão de coluna, ou falta dela.


Falta aí um asterisco #9

* Se for despedido do cargo de selecionador inglês pode perguntar a Seara se há vagas na A.F. Lisboa

Mas Hodgson ainda tem que dar muitas bananas a comer para alcançar a estatura moral de Nuno Lobo. E ainda por cima pede desculpa?


Vamos aprender com os animais #1: Paulo Bento

Homem de ideias fixas e pouco audaz na exploração de novas oportunidades, Paulo Bento pode deitar os olhos ao comportamento destas araras.

Ao verem comida fresquinha em lugares pouco habituais e difíceis de alcançar, as araras preferiram não esperar pela hora em que os tratadores iriam encher os seus comedouros com sementes insípidas e pouco apetitosas. 

Assim, aconselho a Paulo Bento a visualização deste vídeo de 4 minutos em que bichos com um cérebro do tamanho de uma noz procuram continuamente novas abordagens para resolverem o problema, até conseguirem atingir os resultados desejados.


quarta-feira, 16 de outubro de 2013

O acessório e o essencial

Terminou mais uma angustiante fase de qualificação da seleção portuguesa. Já disse aqui tudo o que tinha para dizer em relação a falta de atitude que mais uma vez demonstrámos. Este grupo de jogadores pode estar longe da equipa de Figo e companhia, mas tinha a obrigação de terminar o grupo em primeiro pois tem melhores jogadores que a Rússia. Mas desde que Portugal se qualifique para a fase final do mundial, a qualidade demonstrada pela equipa na fase de qualificação é algo de acessório.

Continuo a acreditar que Paulo Bento tem o perfil certo para retirar o rendimento máximo dos jogadores que escolher para irem ao Brasil. E, uma vez estando na fase final, acredito que a seleção conseguirá um excelente desempenho. Se não apanharmos um Brasil, Espanha ou Alemanha logo nos oitavos de final ou nos quartos de final, poderemos fazer uma carreira memorável. E isso é o essencial. Ninguém gosta de ir a uma grande competição para ficar de fora ao fim de 3 jogos.

Acredito, portanto, que Paulo Bento é a pessoa indicada para ser o selecionador nacional.

Mas a falta de senso comum que tem demonstrado em determinadas decisões diminuem-lhe a margem de manobra, mesmo para o julgamento de pessoas que o defendem, como eu.

Não se percebe porque tirou Bruma de um jogo de qualificação dos Sub-21 para o sentar no banco no jogo com o Luxemburgo.

Não se percebe porque demorou 30 minutos após a expulsão do jogador do Luxemburgo para retirar Miguel Veloso e colocar um jogador mais ofensivo.

Não se percebe porque continua a apostar em jogadores que demonstram continuamente um rendimento fraquíssimo na seleção, como Hugo Almeida e Rúben Micael, e não dá oportunidades a outros jogadores com mais vontade de demonstrar o que valem, como Eder e André Martins.

Não se percebe porque fecha os olhos a jogadores num excelente momento de forma, como Danny, e prefere utilizar jogadores que pouco têm demonstrado nos últimos meses.

Não se percebe porque convocou 25 jogadores para estes dois jogos quando tem a tendência de utilizar sempre os mesmos, independentemente da qualidade demonstrada pelos seus preferidos.

Não se percebe porque não conseguiu motivar a equipa para procurar a vitória por 6-0. Estando a ganhar ao intervalo por 2-0, com mais um jogador, como é que não conseguiu passar essa mensagem? A Rússia poderia até nem perder o seu jogo, mas a seleção tinha a obrigação de fazer o suficiente para poder aproveitar um eventual deslize dos russos. E já agora por respeito ao público.

É que tudo isto, não sendo essencial, desgasta. Dois anos contínuos de desgaste, de exibições fracas e resultados abaixo do esperado fazem muitos danos à imagem do selecionador, e sobem a fasquia de exigência para a fase final.

Eu respeito as decisões que Paulo Bento toma nesta estranha gestão dos jogadores, em prol de ter um grupo mais unido. Mas isso reduz a tolerância dos apoiantes da seleção no caso de nem tudo correr bem quando for verdadeiramente a doer. Por isso Paulo Bento precisa de cumprir os mínimos na fase final do Mundial. E para mim os mínimos são os quartos de final. Independentemente de apanharmos ou não um grupo de morte e depois a Espanha nos oitavos. 

Se passarmos o play-off, claro.