terça-feira, 31 de dezembro de 2013

O Artista do Dia nas redes sociais / Feliz ano de 2014

Criei há uns dias umas contas para "O Artista do Dia" no Facebook e no Twitter, que se juntam à do Google +.

Não vão haver conteúdos diferentes em relação ao que vos apresento no blog. Quer no Facebook quer no Twitter apenas serão colocados de forma automática os links dos novos posts que vou escrevendo.

Se vos facilitar a vida para saberem quando existem novos textos no blog, podem utilizar os botões que coloquei à direita para passarem a seguir "O Artista do Dia" nessas redes sociais.

Peço-vos também desculpas antecipadas se houver alguma coisa que não esteja a funcionar corretamente. Não tendo conta pessoal no Twitter e no Facebook, ainda estou às apalpadelas para perceber quais são as definições necessárias, pelo que vos agradeço se me avisarem quando detetarem algum problema.

Aproveito para vos deixar os meus votos de um excelente ano de 2014!

EDIT: o botão para seguir no Facebook não aparece para quem acede ao blog com o Internet Explorer. No Firefox e no Chrome ambos os botões aparecem bem. O problema tem a ver com uma limitação do IE para executar determinados comandos do Javascript. Infelizmente não sei o suficiente para dar a volta ao erro. As minhas desculpas pela falha.

Considero-me um tipo informado, mas...

... quase todos os dias surge o nome de um jogador estrangeiro do Benfica de quem nunca tinha ouvido falar. Recentemente aprendi que há um jogador chamado Lolo, e agora o Maisfutebol apresentou-me o Correa.

in maisfutebol.pt

Começo a perceber por que motivo Rui Costa não passa mais tempo com Jesus e a equipa A. É que um trabalho de prospeção desta qualidade não se consegue sem uma enorme dedicação à causa dos sul-americanos e sérvios. Contratar um gordo ao Ñu para jogar 16 jogos na equipa B, mandando-o um ano depois para Luqueño, não está ao alcance de qualquer um.

Quem é o meirinho deste tribunal?

Não costumo olhar com grande detalhe para a apreciação do Tribunal O Jogo, pelos motivos que já expliquei aqui. No entanto, a pouca atenção que dou a esta rubrica foi suficiente para reparar em algo estranho.

No Sporting - Porto, onde está o lance do fora-de-jogo de Wilson? Apesar de me ter parecido mal assinalado, admito que não tenho certezas absolutas. Mas, no mínimo, trata-se de um lance duvidoso. Por que motivo não foi incluído nos lances a analisar pelos três ex-árbitros?

Segundo o indivíduo que seleciona os lances, a reação de Slimani sobre Danilo é um lance mais importante para ser analisado do que o fora-de-jogo assinalado a Wilson Eduardo.


Já no Gil Vicente - Sporting, por algum motivo, o lance em que André Martins leva um tabefe na cara acabou também por não ser analisado. No entanto, o amarelo mostrado a Rojo já é suficientemente relevante para merecer a apreciação do Coroado, Henriques e Leirós.


Filtros estranhos que se fazem neste tribunal.

Balanço das arbitragens: 14ª jornada

As minhas desculpas pelo atraso deste post, mas o final da semana passada foi complicado e acabei por não ter tempo para o fazer.

Sporting 0-0 Nacional (Manuel Mota)
42' - Zainadine faz falta dura sobre Jefferson, o árbitro não assinala nada - decisão errada, não só é falta como se trata de uma tesoura aplicada de lado, pelo que o defesa do Nacional deveria ter sido expulso
65' - Golo anulado a Slimani - decisão errada, o avançado do Sporting não faz qualquer falta sobre o defesa do Nacional
=: arbitragem com influência direta no resultado (1)


Setúbal 0-2 Benfica (Paulo Baptista)
67' - Matic faz um remate e a bola bate no braço de Dani - decisão correta, o braço do defesa do Setúbal está completamente aberto e a fazer uma mancha que não é razoável
=: arbitragem sem influência no resultado

Porto 4-0 Olhanense (Hugo Miguel)
35' - Licá cai na área após contacto de um defesa do Olhanense, o árbitro não assinalada nada - decisão correta, Licá deixa-se cair ao sentir o contacto, que não é suficiente para derrubar o jogador do Porto
56' - Cruzamento de Mangala, o defesa do Olhanense interceta a bola que acaba por se dirigir contra o braço, o árbitro não assinala nada - decisão correta, o defesa do Olhanense não tem qualquer hipótese de evitar que a bola lhe bata no braço
92' - Ghilas cruza a bola, que bate no braço de um defesa do Olhanense, o árbitro não assinala nada - decisão errada, o defesa do Olhanense faz um movimento do braço na direção da bola, penalty por assinalar
=: o árbitro cometeu um erro grave que não teve influência no resultado final


Resumo da jornada



Acumulado da época



Classificação



Jogos com arbitragens com influência no resultado


segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Fugir a boca para a verdade

Pedro Marques Lopes, na sua página semanal no jornal A Bola, abordou a situação contratual de Fernando, onde entre outras observações, escreveu estas notáveis frases:

"O FC Porto fez muito por ele: ajudou-o a tornar-se nesse belíssimo jogador, deu-lhe títulos, prestigiou-o e, claro está, pagou-lhe condignamente. Mais, o Fernando era daqueles jogadores condenados a viver no dilema de nunca se saber exatamente qual a sua melhor posição em campo e, digamos assim, era um absoluto desconhecido no mundo do futebol."

Eu, na minha ingenuidade, pensava que eram os jogadores que davam títulos aos clubes, e não o contrário. Sempre acreditei que o talento e o esforço que um jogador coloca sempre que joga tem um efeito decisivo no sucesso da equipa que representa. Mas talvez não seja de espantar que, num clube onde os treinadores são vistos como meros orientadores de treino, semelhante opinião esteja também reservada para os Fernandos, Heltons, Moutinhos, Falcaos, Hulks e companhia.

A verdade é que todos sabemos que o Porto se poderia apresentar em qualquer campo em Portugal com 11 bidões, que continuaria a ter sérias probabilidades de não sair derrotado do jogo. Pedro Marques Lopes apenas veio confirmar algo que todo o país já sabia.

A novidade que Pedro Marques Lopes apresentou ao país foi que, se não fosse o Porto, Fernando continuaria a ser um ilustre desconhecido no futebol. Porque não há mais nenhum clube à face da terra capaz de concretizar o potencial de um jogador. É muito raro existirem jogadores que saem aos 20 anos do Brasil ainda a tempo de se transformarem em estrelas do futebol mundial. A não ser que passem pelo Porto, claro.

Não espanta que Pedro Marques Lopes tenha esta opinião do papel inócuo dos jogadores do Porto no sucesso do clube. É que sendo um político de um partido que, independentemente da qualidade do líder e dos boys que gravitam à sua volta, tem garantido resultados eleitorais que lhe permitirá ser poder ou o próximo poder, é normal que conviva pacificamente com ambientes em que os resultados estão grosseiramente determinados à partida.

A mão de Lolo

O Benfica B ganhou por 1-0 ao Atlético com um golo marcado com a mão por Lolo. Lolo, perguntam vocês? Sim, Lolo, um jogador espanhol de 20 anos contratado ao Valladolid pelos nossos vizinhos da 2ª circular para a equipa B. Vale a pena ver o golo e a efusiva celebração do jovem jogador, certamente deliciado pelo gesto técnico que o árbitro não conseguiu apreciar devidamente.


O golo, de belo efeito, merece ser lembrado pelas gerações vindouras benfiquistas. Para um sportinguista seria constrangedor vencer com um golo destes, mas estamos a falar de um clube que celebra isto...

Artigo que esteve à venda na loja oficial do Benfica

Os portistas vivem num constante estado de negação relativamente aos podres em que se vêm constantemente envolvidos. Nunca são beneficiados pelos árbitros, o apito dourado é um filme de ficção, e as escutas nunca existiram. Os benfiquistas até nos erros de arbitragem em seu favor vêm motivo para bazófia.

Por isso, aproveitando a época de saldos que aí vem, aqui ficam umas sugestões para umas t-shirts que farão a delícia dos adeptos benfiquistas mais apaixonados.


Falta-nos um bocadinho assim, à Danoninho

A Taça da Liga é de facto uma competição menor. Seria impossível para mim ver um Sporting - Porto para o campeonato ou Taça de Portugal com o nível de descontração com que vivi o jogo de hoje. No entanto, ambas as equipas levaram o jogo bastante a sério, cada um com o seu objetivo, e acabou por ser uma partida muito interessante.

De um lado um Sporting que assumiu sempre as despesas do jogo. Foi a única equipa que procurou ganhar e apresentou um jogo muito concentrado e fluído. Enormes exibições de Cédric, William e Adrien, bem secundados por Dier, Rojo e Jefferson. Durante a primeira parte gostei muito do entendimento de Martins, Wilson e Cédric na ala direita, proporcionando-nos excelentes momentos de futebol. 

Na segunda parte entrou Carrillo, que confirmou a subida de forma que vem revelando nas últimas semanas, e teve um jogo absolutamente avassalador que deixa água na boca para o que poderá vir aí nas próximas partidas. Foi pena Vítor não ter aproveitado duas excelentes ocasiões de golo que teriam colocado justiça no resultado.

Foto: Record

Apesar de ter gostado do jogo do Sporting, há um facto que é incontornável: é o quarto jogo que realizámos contra Benfica ou Porto, e voltámos a não conseguir ganhar, o que demonstra que ainda nos falta alguma coisa para podermos vencê-los no confronto direto. Foi pena, porque uma vitória poderia dar-nos um acréscimo de confiança importante e colocar mais pressão sobre os nossos rivais.

Ao contrário do que tem feito nos anos anteriores, o Porto não poupou muitos titulares, deixando de fora apenas Helton, Lucho e Jackson (com os últimos dois a entrarem durante a segunda parte). No entanto, não me parece que estejam a dar mais importância à Taça da Liga este ano. Simplesmente não queriam ser derrotados pelo Sporting. Não queriam acima de tudo que alcançássemos o bocadinho que nos falta, à Danoninho. Tão pouco se deram ao trabalho em tentar marcar um golo, que nem Danilo nem Alex Sandro subiram no terreno para causarem os desequilíbrios que os caracterizam.

A arbitragem de Olegário Benquerença pareceu-me boa. Excetuando um fora-de-jogo que me pareceu mal tirado a Wilson (e que não tendo sido assinalado daria origem a uma falta que provocaria com a expulsão de um jogador do Porto) e um amarelo que faltou mostrar a Danilo após uma enorme sucessão de faltas na primeira parte, já fico satisfeito por não ver a pouca vergonha da dualidade de critérios dos últimos mestres do apito que nos têm calhado em sorte, como Duarte Gomes, Bruno Esteves, Jorge Sousa e Manuel Mota.

Uma última palavra para três jogadores adversários. 

Ghilas jogou pouco, mas é natural atendendo à falta de oportunidades que lhe têm dado. Não me dá particular gozo que as coisas lhe estejam a correr mal. Não terá sido por falta de vontade dele que não veio para o Sporting. Agora que sabemos quanto o Porto pagou por metade do seu passe, é evidente que não houve nega ao Sporting, houve nega do Sporting. 

Fernando foi desafiado por José Manuel Ribeiro do jornal O Jogo para demonstrar dentro de campo a superioridade em relação a William Carvalho. Hei-de escrever sobre o artigo que o diretor de O Jogo fez sobre o assunto. O que é facto é que Fernando a construir foi uma nulidade, mostrando um excesso de voluntarismo e falta de clarividência que me incomodaria ver na seleção -- o que não quer dizer que seja contra a sua convocatória. É certo que Fernando vale mais do que isto, mas hoje William ganhou-lhe a toda a linha, quer defensivamente quer ofensivamente.

Carlos Eduardo apanhou uma equipa a sério pela frente pela primeira vez. O novo Deco (que de Deco só parece ter a nacionalidade, o número da camisola e bater bem livres e cantos) jogou muito pouco e ameaça tornar-se o sexto flop portista do ano, depois de Licá, Quintero, Josué, Herrera e Reyes. O jogador não tem culpa da chuva de elogios prematuros que recebeu após jogar contra adversários fracos como Rio Ave e Olhanense, mas a realidade é que os portistas (e os comentadores) parecem-se cada vez mais com os benfiquistas ao endeusarem jogadores sem que os tenham visto a jogar contra adversários de nível médio ou alto. Até pode ser bom jogador, mas compararem-no a Deco ao fim de dois jogos completos é uma idiotice.

domingo, 29 de dezembro de 2013

Sobre o apelo de Bruno de Carvalho

Concordo com o presidente do Sporting na ideia de que um apoio ativo e constante dos sportinguistas à sua equipa é fundamental para o futuro do clube.

Não tanto pelas receitas diretas que assim se conseguirão gerar, pois a venda de gameboxes, bilheteira, assinaturas de jornal e quotização têm um peso bastante inferior do que as receitas televisivas e publicidade. Duas mil gameboxes a €200 valem €400.000. Não será esse valor que salvará o Sporting da bancarrota.

No entanto, um clube que demonstre capacidade para atrair uma grande massa de adeptos torna-se imediatamente mais apetecível para todo o tipo de parcerias, com todos os benefícios financeiros daí inerentes. E o cumprimento dos objetivos estabelecidos será fundamental para tranquilizar os credores do clube.

Acho bem que Bruno de Carvalho faça este apelo tão direto à consciência e à carteira dos sportinguistas. Somos todos suficientemente adultos para perceber que a crise financeira do Sporting está longe de ser ultrapassada, e é importante que todos façam uma contribuição mais efetiva em função das suas possibilidades.

Prefiro esta apresentação de números de forma crua, dura e real, do que fantasias românticas que uma direção de outro clube gosta de apregoar, como a lenda dos 300.000 sócios pagantes que depois na prática se traduzem numa média de apenas 30.000 pessoas no estádio.

Voltando ao Sporting, há dois aspetos que estão longe de ser os ideais para recuperar o apoio ativo dos sportinguistas. O primeiro é o horários dos jogos.

Com exceção da primeira jornada com o Arouca, os horários dos jogos do Sporting têm sido altamente desmobilizadores. Suponho que existam cláusulas contratuais com a Sport TV que permitam ao canal definir os horários dos jogos em função dos seus interesses, mas a verdade é que afastam as pessoas do estádio.

Temos o exemplo do jogo de logo, que nem sequer será transmitido pela Sport TV. Numa semana em que meio país tirou férias, não conseguem encontrar um melhor horário do que as 20h45 de domingo? A noite da véspera em que a maior parte das pessoas volta ao trabalho?

Esta é uma luta que vale a pena assumir na Liga. O regulamento estabelece os slots horários para a realização de jogos, pelo que será possível contornar nos regulamentos a ditadura de horários da Sport TV. Acredito que haja vontade no Sporting para este tipo de mudança, mas arranjar uma maioria de clubes suficiente para alterar os regulamentos deve ser bem mais complicado.

O segundo aspeto que afasta as pessoas do estádio é a falta de verdade desportiva. Arbitragens como as de Duarte Gomes e Manuel Mota são um golpe profundo na recuperação de público para o futebol. Infelizmente não vejo o que podem fazer Bruno de Carvalho ou os sportinguistas para resolver este problema a curto/médio prazo. Basta olhar para a reação da APAF e comunicação social ao roubo da última jornada para vermos como estão desequilibrados os pratos da balança.

sábado, 28 de dezembro de 2013

A memória de elefante de Miguel Sousa Tavares

Miguel Sousa Tavares, em grande forma, escreveu esta semana mais um inesquecível momento de opinião incisiva na sua página do jornal A Bola:

Há dois anos, a Liga de Clubes também resolveu marcar o Benfica-Porto que iria decidir o título para dois dias depois de vários jogadores portistas terem jogado em diversas partes do mundo pelas suas selecções. Mas isso foi uma jogada pensada, que o FC Porto denunciou e reclamou, em vão. Também é conhecida a forma como o FC Porto deu a volta a essa jogada de bastidores, em especial no que tocou ao seu jogador mais importante, na altura: James Rodriguéz. James terminou um jogo pela Colômbia, em Miami, à meia-noite da véspera do jogo; foi metido num avião particular que chegou a Lisboa ao fim da manhã do dia do jogo e foi posto a dormir toda a tarde no Hotel Altis; André Villas Boas levou o para o banco e, a meia-hora do fim, soltou-o; James marcou um golo e assistiu o outro; o FC Porto ganhou e foi campeão em pleno Estádio da Luz, com as luzes desligadas e a rega ligada. Foi das maiores lições e dos maiores enxovalhos que o anti-desportivismo alguma vez levou entre nós.

À consideração do autor:

1. Talvez James não fosse o jogador mais importante numa equipa que tinha Hulk (que por acaso até marcou um golo estrondoso nesse jogo) e João Moutinho -- mas isso até se aceita pois é uma avaliação subjetiva

2. Em vez de André Villas-Boas, suponho que se esteja a referir a Vítor Pereira, treinador do Porto na época 2011/12

3. Em vez de se tornar campeão em pleno Estádio da Luz com direito a sistema de rega e a luzes apagadas, suponho que se quisesse referir apenas à liderança isolada que o Porto alcançava à 21ª jornada, pois ambas as equipas estavam em igualdade pontual antes do jogo

A agência Lusa esqueceu-se de verificar os factos com Miguel Sousa Tavares quando fez a crónica do Benfica 2- Porto 3

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Os especialistas em futebol e a constatação do óbvio

Luís Sobral fez recentemente um artigo intitulado "O incrível impacto de Carlos Eduardo", no qual refere que o Porto parece ter encontrado a solução para o maior dos seus problemas. Ficam aqui algumas passagens que me parecem interessantes.

Durante este tempo de Paulo Fonseca no FC Porto, o principal problema sempre foi o meio campo.

O brasileiro cai nas alas, procura a bola junto de Fernando e Lucho e nem por isso deixa de surgir perto de Jackson e de se colocar em boa posição para rematar. Como é um rapaz humilde, como afirmou o treinador, acrescenta a isto trabalho sem bola, um aspecto que mais tempo de futebol europeu ajudará a consolidar.

Dito isto, não compro o discurso de Paulo Fonseca sobre a gestão do brasileiro. Entre Quintero, Herrera e Carlos Eduardo, o brasileiro seria sempre o mais adaptado a Portugal e aquele que teria melhores condições para poder entrar na equipa. Afinal, é mais velho e já jogava em Portugal. E no entanto foi logo afastado da lista para a Liga dos Campeões e remetido para a equipa B.

Neste processo, existiu uma de duas coisas: má avaliação dos três médios em questão ou uma opção ditada pelo custo de cada um deles. Deixar para trás Carlos Eduardo era a solução mais fácil. O tempo está a provar que foi um erro.

É isto que esperamos de um jornalista especialista em futebol. Fazendo uso do conhecimento acumulado durante anos, dá as suas opiniões de forma categórica, apontando o dedo às asneiras que treinadores cometem, sejam inexperientes ou catedráticos.

Frases concludentes como "Dito isto, não compro o discurso de Paulo Fonseca sobre a gestão do brasileiro.", "o brasileiro seria sempre o mais adaptado a Portugal e aquele que teria melhores condições para poder entrar na equipa." ou "Deixar para trás Carlos Eduardo era a solução mais fácil" são um sinal claro que Luís Sobral há muito tinha identificado Carlos Eduardo como a solução óbvia para os problemas do Porto, ou seja, aquilo que Paulo Fonseca e a sua equipa técnica falharam em perceber mais cedo.

Basta olharmos para as críticas mais recentes que Luís Sobral fez ao Porto, para verificarmos como o jornalista se antecipou a todos os outros. Por exemplo, após a derrota com a Académica.

Do meu ponto de vista, o principal problema continua por resolver há semanas: quem para jogar ao lado de Fernando? Esta noite foi Josué, que assinou uma exibição cheia de erros. O primeiro foi logo no minuto inicial, ao cometer falta para grande penalidade que o árbitro perdoou. Antes tinha sido Herrera. E antes e depois do mexicano, Defour.

Com Josué ali, Quintero foi remetido para a ala. Os adeptos adoram Quintero, mas o colombiano precisa de aprender tudo sobre jogo coletivo. Nesta fase da sua vida pode ajudar a partir do banco. Pedir mais do que isso é ter pouca noção de quão perdido ele aparenta estar em algumas fases do jogo.
Não vejo em Paulo Fonseca o único culpado pelo que se passa. Longe disso. É bem possível que os jogadores não estejam a conseguir dar tudo em campo. E é evidente que algumas das soluções pensadas para o plantel entre junho e agosto saíram erradas, ou pelo menos ainda não funcionaram.

Bom, afinal Luís Sobral não apresenta neste artigo Carlos Eduardo como a solução para os problemas do Porto. Limita-se aqui a constatar os problemas que já todos tinham percebido. Deve ter sido um lapso. Olhemos ainda mais para trás, para o que escreveu Luís Sobral após o empate do Porto com o Nacional.

Posição de Lucho

Com Paulo Fonseca, o argentino joga uns cinco a dez metros mais à frente do que era habitual. Recorrendo outra vez ao jogo com o Vitória, isso pode ser muito útil. Lucho tem feito golos e assistências. Mas quando a equipa perde a bola nota-se que são menos a defender. O FC Porto poderia equilibrar um pouco a coisa se tivesse um ala de maior trabalho. Creio que isso sucedia no início, com Licá. Mas não se repete com Josué, para quem defender é fazer faltas e correr de vez em quando para trás.

Ausência de Moutinho

Claro que o médio português faz falta. Imensa. Deffour começou por ser a escolha, agora vive no banco. Castro foi dispensado. Ter ali Josué parece que é risco a mais. Sobra Herrera. O mexicano pode ser um campeão nos treinos e possuir um potencial enorme. No entanto, até agora não mostrou nada nos jogos. Olho para ele e não descubro uma característica que os médios do Vitória de Guimarães, do Sporting de Braga ou Tarantini não tenham. E é evidentemente menos jogador do que Evandro, do Estoril. Talvez venha a perceber, para já não entendo como pode ser titular no FC Porto.

Bom, Luís Sobral fala em Fernando, Lucho, Quintero, Herrera, Defour, Licá, Josué, Lucho, Moutinho, Evandro, Tarantini, mas nem uma palavra sobre Carlos Eduardo. Espanta-me que tenha guardado para si aquilo que agora apresenta como a solução evidente para resolver os problemas do Porto.

Se calhar é mesmo verdade que Luís Sobral é benfiquista, e guardou o segredo para si para que o Porto não melhorasse o seu rendimento.

Ou então é apenas mais um dos muitos comentadores que andam por aí a encher linhas limitando-se a constatar o óbvio de uma forma pretensiosa. Curiosamente, sem fazer a ressalva que as grandes exibições de Carlos Eduardo tenham sido conseguidas a jogar fora contra a equipa com pior prestação em casa (Rio Ave) e a jogar em casa contra a equipa com pior prestação fora (Olhanense).

Mas isso não interessa nada. Ao fim de dois jogos completos, Carlos Eduardo já faz lembrar Deco a muitos especialistas, e é claro como água que é a solução para o problema do meio-campo do Porto.

Mas pronto, não me levem muito a sério. Eu não sou especialista em futebol e vejo poucos jogos para além do Sporting. É só a minha inveja a falar.

in O Jogo

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Vender jogadores? Para quê?

Temos um empréstimo de €50M prestes a vencer e que temos de reembolsar. Não se venderam jogadores, por isso não há dinheiro para o pagar.

Simples, pedimos um novo empréstimo a 1 ano com taxas acima de 6%. No próximo ano pagamos os €50M + €3M em juros com um novo empréstimo.

Não sou um guru de gestão mas atrevo-me a dizer que assim não custa muito apresentar o melhor plantel dos últimos 30 anos.


terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Feliz Natal!


Um Feliz Natal para todos!

Estatísticas giras


Estatística à 14ª jornada; Fonte: zerozero.pt

Disciplina aplicada por Manuel Mota nos jogos que arbitrou da 1ª liga 

(*) Cartão vermelho mostrado a um jogador do Estoril aos 56 minutos; cartão vermelho mostrado a um jogador do Benfica aos 89 minutos


Em relação ao Sporting - Nacional, houve inúmeras perdas de tempo e entradas à margem das leis suficientes para que o Nacional acabasse o jogo com bem mais que um cartão amarelo. Cartão amarelo esse, que só saiu do bolso do árbitro aos 81 minutos.

É gritante a diferença estatística entre os primeiros quatro jogos de Manuel Mota e o jogo de sábado. Seria bom que o árbitro explicasse o motivo da súbita mudança de critério disciplinar.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

A defesa da APAF

in record.pt

Já todos sabíamos que esta reação iria aparecer, pois estamos a falar do presidente do Sporting.

No entanto, não me recordo de semelhante reação da APAF a estas declarações de Luís Filipe Vieira, há 3 meses, no final do Benfica - Belenenses.

in relvado.sapo.pt

Nem em relação a estas, de Pinto da Costa, que acusou o árbitro do Guimarães - Benfica de não ter querido reportar o que se passou com Jorge Jesus no final do jogo.

in diariodigital.sapo.pt

Diz o senhor José Fontelas Gomes que os árbitros lidam bem com a crítica, mas que é necessário intervir perante tudo o que ultrapassar a crítica e coloque em causa a dignidade e honestidade do árbitro.

Bruno de Carvalho tem que desenvolver as qualidades oratórias quando discursa sobre esta tão sensível classe profissional, tomando mais atenção aos termos que usa para não ferir suscetibilidades. Pelos vistos é melhor que se habitue a utilizar as palavras "Cego", "Invisual" e "Incompetente", que não melindram nem os árbitros nem a APAF. Estamos sempre a aprender.

Luís Sobral e o jornalismo desportivo cor-de-rosa

Luís Sobral não gostou das declarações de Bruno de Carvalho no final do Sporting - Nacional. Tanto não gostou, que dedicou ao presidente do Sporting um artigo no seu espaço sobe / desce no Maisfutebol. Na zona do desce, como devem calcular.

Neste artigo, perde alguns parágrafos a elogiar o bom trabalho que Bruno de Carvalho fez para levantar o clube. Mas depois avança para o essencial:

"Percebe-se que a primeira fase era esta, estancar a dor, organizar, equilibrar. Por esta altura talvez já se esperasse um pouco mais sobre o que deve seguir-se. Menos sportinguismo de almoço e mais explicação sobre o que se pretende. Apostar na Academia, dar tempo aos mais jovens, eventualmente não voltar a ter, nos próximos anos, como objetivo ser campeão? Será isto mais um ano, três, dez?"

"Além deste Bruno de Carvalho, que dirige, até ver muito bem, o clube, há o outro, o que se senta no banco."

"Esse Bruno de Carvalho, o adepto, é o que festeja os golos e abraça dos jogadores no final dos jogos felizes. Ou dirige-se aos árbitros quando as coisas não saem bem. Foi assim na Luz, voltou a ver-se este sábado, depois do empate em Alvalade"

"A presença de Bruno de Carvalho no banco é uma exceção a essa regra. Uma exceção perigosa, do meu ponto de vista. O exemplo que deu no final do dois jogos referidos foi muito mau. Face à forma de dirigir populista que adotou desde o início, este tipo de comportamento poderá um dia ter consequências muito negativas."

"Quem pensa como adepto não sente sequer a necessidade de propor algo que ajude a melhorar o que critica. Os adeptos só querem duas coisas: ganhar ou, em caso de frustração, encontrar rapidmente um culpado para o desaire. Deve ser por isso que Bruno de Carvalho ainda não conseguiu tempo para apresentar um documento com ideias que ajudem a melhorar o futebol português."

"NOTA: quando oiço discursos como o de Bruno de Carvalho depois do jogo com o Nacional tenho vergonha do futebol português. Na verdade, nada disto é novo. Só mudam os nomes. Hoje Bruno, ontem Luís, Jorge, João, Pimenta, Bartolomeu, Valentim. Coisa triste e lamentável esta."

Antes de comentar este texto, devo começar por dizer que respeito a opção de Luís Sobral e do Maisfutebol não relevarem o peso dos erros de arbitragem nos jogos e evitarem a discussão sobre a influência que esses mesmos erros acabam por ter na verdade desportiva em Portugal. Tanto quanto me lembro, jornalista e site desportivo têm tido uma postura coerente ao longo dos anos, independentemente do clube queixoso.

Para além disso, acho que a qualidade do Maisfutebol é superior à dos jornais desportivos diários. Talvez por não terem uma pressão para vender semelhante, raramente dão importância a especulações de transferências, não alimentam polémicas onde elas não existem, e fazem por manter uma equidistância saudável dos três grandes.


A crítica de Luís Sobral a Bruno de Carvalho

O presidente do Sporting tem uma missão muito difícil pela frente. É que não basta a tarefa hercúlea de levantar o clube e dar continuidade ao saneamento financeiro sem comprometer as aspirações desportivas, como aparentemente, lendo o que Luís Sobral escreveu, tem que:
  • explicar o que pretende para o Sporting no próximo um, três, dez anos;
  • aprender a não festejar os golos da sua equipa ou abraçar os jogadores no final dos jogos;
  • arranjar tempo para apresentar um documento com ideias que ajudem a melhorar o futebol português;
  • perceber como, em 8 meses, já consegue entrar numa galeria de dirigentes notáveis como Pimenta Machado, João Bartolomeu e Valentim Loureiro.

Não me parece que estas quatro observações de Luís Sobral façam algum sentido. Dizer o que pretende para o Sporting nos próximos 10 anos seria algo inédito para alguém que tem um mandato de 4 anos. Apresentar um documento com ideias para melhorar o futebol português quando não tem nenhum poder real na Liga e Federação seria uma perda de tempo e um motivo de chacota para quem realmente manda. E compará-lo a dirigentes apanhados nas escutas do apito dourado é um insulto. Curiosamente não incluiu Luís Filipe Vieira e Pinto da Costa nessa lista de dirigentes notáveis, também eles envolvidos no capítulo mais negro da história da bola indígena. Sobral mencionou um Luís e um Jorge, mas deve estar a referir-se a outras pessoas que pertencem ao ontem do dirigismo nacional.

No meio deste longo artigo, curiosamente conseguiu não fazer nenhum comentário à conferência de imprensa de Bruno de Carvalho, e muito menos à arbitragem escandalosa de Manuel Mota que esteve na origem da conferência de imprensa de Bruno de Carvalho.

É a política seguida por Luís Sobral e pelo Maisfutebol, e por outros comentadores da nossa praça como Luís Freitas Lobo e João Rosado. Preferem fingir que a podridão que grassa pelos estádios é uma coisa menor no meio desse mundo tão bonito que é o futebol português.


O jornalismo desportivo cor-de-rosa

Os ilustres nomes que acabei de referir representam uma espécie de jornalismo cor-de-rosa adaptado ao futebol. Os tais que, como Bruno de Carvalho bem refere, preferem ver tudo lindo e fabuloso. Tudo o que não se enquadre nesse mundo cor-de-rosa, faz-se de conta que não existe.

Falo daquele jornalismo que se desfaz em elogios à organização tática de equipas pequenas que jogam apenas para o empate, ao mesmo tempo que omitem o anti-jogo que praticam, a dureza aplicada sobre os verdadeiros artistas, e a colaboração nula para o espetáculo para o qual muitas pessoas pagaram para assistir. Por exemplo, na análise do Maisfutebol ao Sporting - Belenenses, que acabou com a vitória dos da casa por 3-0, podemos ler o seguinte:

A análise do Maisfutebol ao Belenenses no jogo contra o Sporting

A análise do Maisfutebol ao Sporting no jogo contra o Belenenses

A única equipa que tentou ganhar o jogo desafiou a paciência de um espetador isento de futebol. A outra equipa, que raramente saía do seu meio-campo e teve 0 oportunidades para marcar em todo o jogo, é fantástica.

Outro dos princípios do jornalismo desportivo cor-de-rosa passa por considerar o árbitro como uma figura decorativa que pouca influência tem no desfecho dos jogos. O jornalismo desportivo cor-de-rosa costuma até criticar com alguma superioridade moral aqueles que apontam o dedo aos árbitros pelos maus resultados em vez de olharem para os erros próprios. Esquecem-se no entanto estes jornalistas que muitas vezes os árbitros acabam por ser uma rede de segurança para os erros das equipas beneficiadas, que acabam por não serem penalizadas pelas suas falhas.

Se Luís Sobral fosse convidado por James Cameron para escrever o guião do filme "Titanic", teríamos uma bela história de amor sobre Jack e Rose, a bordo do maior navio construído até essa altura, que se afundaria nas águas frias do Atlântico sem que em algum momento aparecesse o embate com o iceberg.


Descubra as diferenças

Só para terminar, andei a ver como o Maisfutebol tratou os erros de arbitragem com possível influência no resultado dos jogos do Sporting. Note-se que não estou a comparar o tratamento dado ao Sporting em relação a Benfica a Porto, nem a colocar em causa a isenção do Maisfutebol.

Sporting - Benfica, golo de Montero, MF diz que há erro de arbitragem a beneficiar o Sporting

Olhanense - Sporting, golo de Montero, MF diz que há erro de arbitragem a beneficiar o Sporting

Sporting - Rio Ave, penalty não assinalado a favor do Sporting, MF não faz juízo de valor à decisão do árbitro

Sporting - Belenenses, penalty mal assinalado, MF diz que há erro de arbitragem a beneficiar o Sporting

Sporting - Nacional, golo mal invalidado a Slimani, MF não faz juízo de valor à decisão do árbitro

Benfica - Sporting para a Taça, penalty não assinalado, MF não faz juízo de valor à decisão do árbitro

Benfica - Sporting para a Taça, penalty não assinalado, MF diz que há erro de arbitragem a prejudicar o Sporting

Nos 3 lances em que o Sporting foi beneficiado, o Maisfutebol mencionou sempre o erro do árbitro de forma explícita. Dos 4 lances em que o Sporting foi prejudicado, só num é que o Maisfutebol entendeu fazer o mesmo.

Não percebo que critério é este, mas talvez deva ser revisto.

Prendas no sapatinho


domingo, 22 de dezembro de 2013

À falta de terrenos pesados, apareceu o pântano


À falta de terrenos pesados que iriam ser mais um teste ao líder do campeonato, apareceu o pântano. Teste não superado.


O Sporting entrou bem. Com dinâmica, a revelar facilidade em se aproximar da área do Nacional, que no entanto não se traduziram em muitas oportunidades de perigo pelo facto os jogadores não terem revelado um nível de execução à altura das ideias que demonstravam em campo.

A meio da primeira parte o jogo começou a mudar. Manuel Mota começou a exibir um critério impossível de compreender. Montero não salta a uma bola aérea, o adversário cai sem que Montero se tenha se quer baixado, falta contra o Sporting. Montero salta a uma bola, o adversário que a está a disputar baixa-se, desequilibrando o jogador do Sporting, não há falta. Lançamentos trocados. Fora-de-jogo inventado. Faltas por assinalar. Permissividade ao anti-jogo do Nacional. Foram tantos os casos, que a maior ovação da primeira parte aconteceu quando o árbitro finalmente assinalou uma falta contra o Nacional.

Nenhum destes erros foi grave, mas a soma deles foi o suficiente para destruir a dinâmica que o Sporting demonstrara até então, ao mesmo tempo que deu o sinal aos homens do Nacional que estavam na Happy Hour do anti-jogo e das entradas à margem da lei.

Não terminaria a primeira parte sem que Jefferson fosse atingido de forma violentíssima. O cartão vermelho parecia inevitável, mas Manuel Mota nem falta marcou. Para piorar, André Martins lesiona-se, obrigando Leonardo Jardim a colocar Slimani em campo ao intervalo.

A segunda parte foi uma continuação das dificuldades que o Sporting revelou na segunda metade da primeira parte. As ocasiões de golo conseguidas foram escassas, quase todas através de Slimani. O Nacional também foi extremamente perigoso, com quatro setas constantemente a procurarem explorar situações de contra-ataque.

Mas a segunda parte (e o jogo) fica marcado pelo golo anulado a Slimani. Já estava eu a festejar há vários segundos quando ouço ao meu lado que o árbitro tinha anulado o golo. Não quis acreditar. Ainda não quero acreditar. E o jogo acabou aqui.

É que depois disto era impossível os jogadores não sentirem a tão badalada pressão. Sentiram-na e bem. Esta pressão era bem visível e vestia de amarelo, com uma aura em tons de outras cores primárias.

É verdade que podemos apontar algumas falhas à equipa. A entrada de Mané e Wilson não mexeu com o jogo. Não percebo porque não se procurou jogar mais pelos flancos à procura do cruzamento para a área (foi assim que surgiram as melhores oportunidade do Sporting) em vez de se insistir em jogar pelo meio. Também foi visível alguma falta de concentração da nossa defesa em lances que podiam ter acabado em golos do Nacional.

Mas o que fica para a história é o empate num jogo em que o Sporting fez o suficiente para ganhar. Incluindo marcar um golo limpo a mais do que o adversário. E isto tudo apesar do pântano que só parecia dificultar os movimentos dos jogadores da casa.

P.S.: ao voltar do estádio vinha no carro a ouvir a Antena 1. Estavam cheios de pressa em acabar com a emissão, coisa que fizeram às 22h45, já tendo a informação de que o presidente do Sporting iria falar. Para dar algum programa que costuma passar a esse horário? Para dar alguma notícia de última hora? Não, foi para poderem passar umas músicas portuguesas até ao noticiário das 23h. Como tal, não transmitiram a conferência de imprensa de Bruno de Carvalho, que curiosamente terminou às 23h em ponto.

P.S.2: vi há pouco a gravação do jogo, para poder rever os lances mais polémicos. A repetição do fora-de-jogo mal assinalado a Montero não teve direito à linha amarela que ajuda a dissipar as dúvidas. O lance da falta duríssima sobre Jefferson só teve direito a uma repetição, de uma câmara bem afastada. Árbitro e Sport TV pareceram bem coordenados.

sábado, 21 de dezembro de 2013

A teoria da pressão

Na caixa de comentários, a leitora Marisa chamou-me a atenção para este artigo de opinião publicado no Record, que me parece extraordinário. Com a devida vénia ao autor (e também à Marisa por me ter dado a conhecer o artigo), vou colocar aqui as partes mais interessantes.

"Há uma nova teoria no futebol português. Consiste em demonstrar que a pressão sobre a equipa que vai à frente do campeonato é superior, muito superior, à pressão a que estão submetidas as equipas que a perseguem. A formulação rigorosa e científica desta teoria ainda está por fazer. Podemos admitir, no entanto, que ela venha a concretizar uma adaptação moderna do princípio de Arquimedes, a saber: a pressão exercida sobre o corpo que está em cima é inversamente proporcional à exercida sobre os corpos imediatamente abaixo. Ao teórico que formule a teoria definitiva está assegurado um lugar na história da idiotice universal.
(...)
Ao que se percebe deste conceito a pressão que é exercida sobre o Sporting obriga-o a vencer todos os jogos até ao final do campeonato. Mas não exige aos seus perseguidores que façam o mesmo. Para ganhar o campeonato só quem vai à frente é que tem de vencer tudo. Quem está atrás até pode perder ou empatar que, por qualquer milagre ainda não revelado, aproxima-se da frente, em vez de se distanciar. Em qualquer outra actividade, desportiva, política ou social, pede-se a quem está em segundo ou terceiro um esforço redobrado para passar o primeiro. Logo um aumento de pressão física e psicológica. No futebol português é ao contrário: esse esforço só é exigido a quem já está em primeiro. Trata-se de uma descoberta recente. Só aconteceu quando o Porto deixou de ser o líder. 
(...) 
É possível antecipar, no entanto, que os teóricos de serviço vão certamente concluir que a pressão só se exerce sobre o Sporting, esteja esta equipa em primeiro, ou em qualquer outro lugar.
(...) 
À luz desta teoria só o Sporting tem a obrigação de jogar sempre bem, ao ataque e esmagando os adversários. Os outros podem jogar mal, ganhar à tangente e beneficiar dos erros dos árbitros. Na realidade, o Sporting, como qualquer outra grande equipa, tem de atacar quando é de atacar e defender quando é de defender. E tem de continuar a jogar como até aqui: com segurança e espírito de vitória. Na certeza de que a nova teoria da pressão está a ser formulada para esconder quem verdadeiramente está sob pressão."

O texto é bastante longo, mas não foi colocado na íntegra por um único motivo: é que foi escrito em Abril de 2000, e as passagens omitidas referem-se a situações concretas da época de 1999/2000, que terminaria com o Sporting de Inácio a sagrar-se campeão. Mas o resto assenta que nem uma luva à realidade a que assistimos nos dias de hoje, quase 14 anos depois de ter sido escrito. Parece que há mesmo coisas que nunca mudam.

O artigo foi escrito por Luís Marques e pode ser lido aqui.

Ironias da vida

Dos dois anos que Schaars esteve no Sporting fiquei com a ideia de se tratar de um jogador com uma personalidade interessante, sem medo de dizer o que pensa. 

Lembro-me, por exemplo, de uma entrevista dada poucas semanas após a sua chegada a Alvalade, em que dizia não se considerar amigo de Van Wolkswinkel, apesar de se darem bem. Normalmente estamos habituados a ver jogadores que chegam juntos a um país desfazerem-se em elogios mútuos, mas não foi o caso de Schaars. E encarei essas declarações com naturalidade, apesar de serem invulgares. O facto de chegarem em simultâneo a um país novo duas pessoas da mesma nacionalidade, não quer dizer que tenham personalidades compatíveis que os tornem instantaneamente em melhores amigos para sempre.

Por isso, também não estranhei a franqueza de Schaars quando explicou os motivos da troca do Sporting pelo PSV.

in abola.pt

Ironia do destino, não só o Sporting parece ter recuperado a capacidade de lutar pelos lugares cimeiros, como também agora se passa isto:

in maisfutebol.pt

No momento em que escrevo este post, o PSV ocupa um modesto 9º lugar na classificação, com a agravante de ter sido derrotado há uma semana em casa por 6-2 contra o Vitesse.



Escrevo isto sem qualquer tipo de sentimento de desforra para com Schaars. Foi um jogador que gostei de ver no Sporting, e que não teve condições, como muitos dos seus colegas, para render mais devido às circunstâncias que todos conhecemos.

Muito à semelhança de Van Wolfswinkel. Não foi um jogador consensual entre os adeptos do Sporting, mas teve uma prestação individual bastante interessante, marcando 45 golos em 89 jogos nas duas épocas em que jogou de leão ao peito. Van Wolfswinkel tinha de facto alguma falta de nervo que por vezes irritava até os adeptos mais serenos, mas era um avançado frio que acabou por demonstrar um excelente aproveitamento das poucas oportunidades de que dispunha durante os jogos. 

Este ano, no Norwich, participou em 8 jogos e marcou apenas 1 golo, na 1ª jornada contra o Everton. Não joga desde 26 de Outubro, devido a uma lesão, mas parece perto de regressar aos relvados.

Nem Schaars nem Van Wolfswinkel têm tido sorte desde que deixaram o Sporting. Até é caso para dizer que os dois não têm tido sorte desde que chegaram ao Sporting. Espero sinceramente que as coisas lhes comecem a correr melhor daqui para a frente.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

A mutação do ADN na procura incessante da perfeição

Os benfiquistas são adeptos muito exigentes. Tudo o que esteja abaixo da glória universal não é suficiente para os nossos vizinhos da 2ª circular.

É esse o destino do benfiquista. Ainda o corpo do defunto (da participação na Liga dos Campeões) não tinha arrefecido, e já muitos adeptos do Glorioso demonstravam uma crença fortíssima na presença na final da Liga Europa em Turim. Para a frente é que é o caminho e o sonho europeu é automaticamente reajustado, sem que se perca a refletir sobre os motivos do fracasso da equipa num grupo acessível na Liga dos Campeões.

Numa clube em que o que mais custa aos adeptos é não conseguir superar o Porto internamente, o campeonato devia ser o principal objetivo. Mas os benfiquistas querem sempre mais. É no meio deste equívoco que tem que viver Jorge Jesus.

Nestes quatro anos e meio, o treinador do Benfica não tem tido uma vida fácil. Apesar de ter oferecido aos benfiquistas de forma brilhante um campeonato na sua primeira temporada, rapidamente a paciência dos adeptos se esgotou quando Jesus demonstrou que afinal também tinha defeitos.

Muitas das críticas feitas ao treinador do Benfica estavam relacionadas com uma questão de imagem, como o discurso egocêntrico, as lacunas graves na forma como comunica, e um perfil que dificulta a formação de um bom balneário. Nada que não pudesse ser atenuado se existisse uma estrutura competente.

Outras críticas centravam-se em más decisões pontuais, como as invenções de Jesus em momentos decisivos, ou na teimosia em apostar em determinados jogadores. 

Mas as críticas de caráter estrutural sobre as ideias de Jesus para o futebol do Benfica foram fundamentalmente duas:
  • Jesus não promove a rotatividade no plantel, e em Março / Abril a equipa rebenta fisicamente
  • A tática de Jesus é suicida e não é suficiente para defrontar adversários mais fortes


A rotatividade

No ano em que o Benfica foi campeão, a rotação foi feita à base de 14 jogadores, que totalizaram 92% do tempo de jogo total para o campeonato.



No ano passado e este ano utilizou 16 jogadores no campeonato para atingir os mesmos 92% de tempo de jogo. Jesus parece ter sido sensível à questão do desgaste dos principais jogadores.


É certo que este ano as muitas lesões contribuem para este aumento da rotatividade, mas nestes 16 jogadores mais utilizados não estão, por exemplo, Sílvio, Rúben Amorim, Sulejmani, Djuricic ou Sálvio, que muito provavelmente terão no futuro uma utilização mais frequente do que até agora.

A necessidade da rotação vem do elevado número de jogos em que a equipa participa. Mas uma coisa é rodar poupando nas competições europeias, outra é rodar poupando no campeonato. É tudo uma questão de prioridades, que devem ser definidas pela direção.

A melhor prova disso foi a temporada passada. A Liga Europa foi desgastante e a partir de uma determinada altura o próprio Jesus admitiu que colocava a carne toda no assador. O desgaste começou a aparecer e na ressaca das meias-finais com o Fenerbahce, aconteceu o empate com o Estoril que acabou por ser o princípio do fim das aspirações à vitória no campeonato.

O aumento da rotatividade fez com que o Benfica tivesse conseguido chegar mais longe em todas as frentes, mas era inevitável que o desgaste se acabasse por sentir. E não há muito por onde melhorar neste aspeto, porque não é possível ter 18/20 jogadores a entrarem com muita frequência na equipa sem afetar o rendimento. Por isso, se o Benfica ultrapassar PAOK e Tottenham, é certinho que a história se irá repetir, porque nem a direção nem os adeptos benfiquistas resistirão à tentação do sucesso europeu.


A tática

O mundo benfiquista já se rendeu ao 4-3-3. Jesus, relutante, tenta usar os argumentos possíveis para o evitar. Ao 2º jogo de Rúben Amorim, a imprensa desportiva declarava que estava encontrado o ponto de equilíbrio de todo o futebol do Benfica.

De facto, jogando em 4-3-3 o Benfica demonstra outra segurança defensiva. Mas é menos uma opção de ataque que acaba por estar em campo, com consequências no poder de fogo da equipa.

O Benfica de Jesus sempre se caracterizou por chegar com uma enorme facilidade à área adversária. A eficácia na finalização não precisava de ser grande, perante a quantidade de ocasiões de golo que o rolo compressor provocava.

O sistema hiper-ofensivo de Jesus tinha o revés de, contra equipas do seu nível, revelar demasiadas fragilidades. Mas quantas vezes é que isso aconteceu internamente? No ano passado, apenas contra o Porto, e mesmo assim, em dois jogos, houve um grande equilíbrio: um empate e uma derrota ao cair do pano.

O Benfica só não foi campeão no ano passado porque o Porto fez uma das melhores épocas da sua história, com 0 derrotas. Esse Benfica ganharia o campeonato deste ano sem grandes dificuldades, porque não teria problemas em derrotar 13 das 15 equipas que tem que defrontar. Desde que, claro, o campeonato fosse considerado mais prioritário que as competições europeias.

Ou seja, é mais uma vez a ambição europeia que serve de principal argumento para descredibilizar uma ideia de jogo que se mostrou altamente eficaz para consumo interno. Mas a bem das conquistas europeias, o público benfiquista e a comunicação social exigem o 4-3-3, mesmo que se revele menos eficaz contra 87% dos adversários que o clube defronta no campeonato.


O ADN de Jesus

Os benfiquistas olham com inveja para o sucesso europeu do Porto. Mas será que não se apercebem que o Porto só ganhou troféus internacionais quando tinha o campeonato nacional ganho a 10 jornadas do fim? Mourinho e Villas-Boas tiveram a possibilidade de poupar os jogadores principais no campeonato, que lhes permitiu jogar forte na Europa. Em anos em que o campeonato foi disputado até ao fim, o Porto nunca conseguiu uma carreira europeia de destaque.

É claro como água que o ciclo de Jesus no Benfica acabou. Muito por culpa do final da época passada e da pressão insustentável que os adeptos meteram, injustamente, nos seus ombros. Foi das maiores injustiças que me lembro de serem cometidas sobre um treinador, mais ou menos ao nível do despedimento de Bobby Robson por Sousa Cintra (e acreditem que isso me continua atravessado na garganta 20 anos depois).

Agora é moda falar-se em ADN. A direção do Benfica e os seus adeptos conseguiram, com sucesso, provocar uma mutação do ADN de Jesus. O resultado desta mudança é um treinador que, não podendo ser fiel aos seus princípios, acaba por se perder numa série de equívocos que se traduzem numa equipa sem identidade, apenas capaz de resolver jogos em função da qualidade individual dos jogadores de que dispõe.

Os tempos de glória dos Pogues não apareceram à base de músicas a apregoar os malefícios do álcool

Jesus tinha uma ideia de jogo perfeitamente adequada à realidade nacional, mas isso não era suficiente para o Benfica. Tanta foi a vontade de transformar um excelente treinador num treinador perfeito, que acabaram por estragar o que de bom havia.

É a pressão, estúpido!

A esperança é a última a morrer, e todos os que desejam ver o Sporting do 3º lugar para baixo vão alimentando narrativas que possam servir de uma espécie de farol na escuridão que vivem nos dias de hoje.

Daí o discurso que diz que o Sporting anda a ser levado pelas arbitragens, sobre o qual farei um post na próxima semana.

Daí o discurso de que o plantel é curto, e que ou as lesões, ou as suspensões, ou os batatais irão mais cedo ou mais tarde travar o Sporting.

Daí o discurso da pressão. Este é para mim o mais divertido, pela forma como tem sido apresentado.

Por exemplo, João Gobern, no programa Trio d'Ataque, logo após a vitória do Sporting em Guimarães:


(vídeo: 12s)

E hoje o Correio da Manhã, com esta capa sensacional.



Gobern diz que o Sporting estava pressionado por saber que um rival não perdeu pontos e por saber que outro rival perdeu pontos.

O CM diz agora que o Sporting fica pressionado ainda antes de saber se os rivais perderam ou não pontos. Extraordinário.

Já agora, será que águia e dragão não sentirão neste momento uma pontinha de pressão nos seus ombros? Tanto quanto sei são eles que vão atrás.

Luís Filipe Vieira e o papel do líder numa organização

in desporto.sapo.pt

A Alemanha nazi, ao planear a invasão à União Soviética, calculava que conseguiria destruir o poderio militar soviético nas primeiras 6 a 8 semanas de combates.

Calculem a felicidade dos soldados alemães durante a batalha de Estalingrado, alguns meses depois dessas 6 a 8 semanas. Não tinham roupas ou provisões adequadas para suportarem o inverno, mas isso são pormenores.

Balanço das arbitragens: 13ª jornada

Sporting 3-0 Belenenses (Hugo Pacheco)
27' - Cédric cai por empurrão de Filipe Ferreira, o árbitro assinalou penalty - decisão errada, parece haver empurrão mas é fora da área
44' - Montero cai na área, o árbitro não assinala nada - decisão errada, Montero é puxado por trás por Meira e devia ter sido assinalado penalty
44' - Meira devia ter visto o cartão vermelho, pois Montero estava na cara do guarda-redes, sem oposição de mais algum jogador do Belenenses - decisão errada, já que o árbitro não entendeu que houvesse falta para penalty
44' - Adrien cai na área após contacto com Diakité, o árbitro não assinala nada - decisão correta, parece haver falta mas é fora da área (não havendo erro crítico)
=: o primeiro golo do Sporting resulta de um penalty não existente, pelo que a arbitragem acaba por ter influência direta no resultado (1X)

Olhanense 2-3 Benfica (Vasco Santos)
19' - Lima marca o 1º golo em fora-de-jogo - decisão errada, o jogador está adiantado e o golo devia ter sido anulado
21' - Gaitan cai na área após contacto com Celestino - decisão correta, Gaitan atira-se para o chão
=: arbitragem com influência no resultado devido ao 1º golo do Benfica ter sido irregular (X2)

Rio Ave 1-3 Porto (Bruno Esteves)
51' - Golo de Jackson que faz o 1-2 é marcado em fora-de-jogo - decisão errada, o avançado do Porto está ligeiramente adiantado no momento do cruzamento
84' - Kelvin cai na área, mas o árbitro não assinala nada - decisão correta, Rodriguez coloca-lhe as mãos nas costas, mas sem empurrar; Kelvin ao sentir o contacto parece deixar-se cair
89' - Alex Sandro tem uma entrada de pitons à canela de um jogador do Rio Ave, o árbitro mostra-lhe o amarelo - decisão errada, a entrada é violenta e devia ter sido punida com o cartão vermelho
=: o erro de apreciação do golo de Jackson é compreensível, pois tratou-se de um fora-de-jogo milimétrico, mas o que é facto é que o Porto se colocou à frente do marcador com um golo que deveria ter sido invalidado (X2)

Resumo da jornada


Acumulado da época




Classificação


Jogos com arbitragens com influência no resultado