quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Bruno de Carvalho, by Luís Sobral

Começa a ser uma tradição: quando Bruno de Carvalho fala publicamente para criticar algo, lá vem Luís Sobral dedicar-lhe uns parágrafos na sua rubrica Desce. É sobre isso que vou escrever, com uma narrativa tipo Memento, que começa nos dias de hoje e vai recuando gradualmente no tempo.


I. Penafiel - Sporting (Janeiro de 2014)

O exemplo mais recente diz respeito às declarações feitas no final da 3ª jornada da Taça da Liga, e foram comentadas assim por Luís Sobral.


Colocando o vídeo da conferência de imprensa de Bruno de Carvalho à cabeça para ilustrar o artigo, Luís Sobral escreve que "Apesar de estar nisto há uns meses, Bruno de Carvalho ainda não entendeu o óbvio: às vezes perde-se. O futebol é assim. E, por norma, perde-se porque alguém foi melhor."

É justo dizer que Luís Sobral aproveita para estender as críticas ao treinador do Porto pelas suas declarações, escrevendo que "custa vê-lo no papel menor de moço de recados"


II. Sporting - Nacional (Dezembro de 2013)

Há cerca de um mês, Luís Sobral dedicou outro Desce a Bruno de Carvalho, após as declarações sobre a brilhante performance de Manuel Mota no Sporting - Nacional.


Ficou-me na retina esta comparação que Luís Sobral deixou no final: "NOTA: quando oiço discursos como o de Bruno de Carvalho depois do jogo com o Nacional tenho vergonha do futebol português. Na verdade, nada disto é novo. Só mudam os nomes. Hoje Bruno, ontem Luís, Jorge, João, Pimenta, Bartolomeu, Valentim. Coisa triste e lamentável esta."

Interessante como nesta lista ilustre apenas Bruno de Carvalho tem direito a ser identificado pelo nome completo. Outros poderão ter passado mais despercebidos, como o Luís e o Jorge. Não percebi o motivo pelo qual Luís (Sobral) não usou os apelidos dos outros dirigentes (com exceção de Pimenta e Bartolomeu, bem entendido). E comparar Bruno, que chegou apenas há meses, a outros dirigentes que têm o seu nome associado a casos de corrupção e burla (num país com uma justiça que funcionasse estariam todos atrás das grades) parece-me tremendamente injusto.


III. Benfica - Sporting (Novembro de 2013)

Basta recuar mais um mês para encontrarmos outro Desce dedicado ao presidente do Sporting, a propósito das declarações de Bruno de Carvalho no final do Benfica - Sporting para a Taça de Portugal sobre os erros de Duarte Gomes.


Mais uma vez, Luís Sobral não poupou o presidente do Sporting, escrevendo "Por último o presidente do clube. Bem, vocês devem ter ouvido. Não merece comentário, até porque estou obrigado a conter-me dentro dos limites da boa educação. E não conseguiria.".


IV. Sporting - West Ham (Agosto de 2013)

Na pré-época, no final de um jogo no Torneio Guadiana com o West Ham, Bruno de Carvalho dirigiu-se ao trio de arbitragem a demonstrar o seu desagrado sobre a dureza permitida aos jogadores ingleses. Achei na altura que o presidente o fez de uma forma que achei despropositada. Neste caso estou perfeitamente de acordo com o comentário feito por Luís Sobral, em mais uma rubrica Desce


Nesta sua crítica merece o meu aplauso pois fê-la de uma forma construtiva: "Nesse contexto, o papel de Bruno de Carvalho, o presidente, é fundamental. Confesso que ainda não o entendi, mas pode ser problema meu. Não percebo a necessidade de se colocar tão à frente das câmaras, não percebo a reação desproporcionada à equipa de arbitragem na segunda-feira. Não percebo a atitude face a Labyad.".


V. <adivinhem sobre o que é> (Abril de 2013)

Precisamos de recuar mais uns meses para encontrarmos mais um Desce dedicado a Bruno de Carvalho. Não, ao contrário do que estarão a pensar, Luís Sobral não o criticou após o Benfica - Sporting de João Capela. No entanto, nesse mesmo mês de Abril já havia criticado o presidente do Sporting. Sobre o quê? O conflito com a banca.


O presidente do Sporting foi deselegante com a banca. Vejam lá aquilo com que se preocupou Luís Sobral, um dos puristas do futebol a quem normalmente só interessa falar de jogadores e do mérito que tem quem vence dentro das quatro linhas, independentemente do nível das ajudas externas. Isto foi escrito duas semanas após a tomada de posse de Bruno de Carvalho e o tom empregue pelo diretor do Maisfutebol foi bastante categórico.

"A conferência de imprensa de Bruno de Carvalho esta tarde foi um exercício inédito de pressão sobre a banca.", escreveu. "Já quanto ao estilo o estado de graça terminou, pelo menos para mim. A conferência de imprensa com adeptos é uma prática antiga, própria de dirigentes inseguros e organizações que não sabem comunicar.", rematou Luís Sobral.

Mas houve algum período da história em que Bruno de Carvalho esteve em estado de graça para Luís Sobral? Segundo o próprio sim. E, na realidade, é possível encontrar um artigo sobre Bruno de Carvalho na rubrica Sobe, aquando da sua eleição.


VI. A vitória nas eleições (Março de 2013) - rubrica SOBE

É verdade, o diretor do Maisfutebol dedicou mesmo um Sobe a Bruno de Carvalho. Ora tomem e embrulhem, detratores de Luís Sobral:


Esta é a prova de que Bruno de Carvalho viveu mesmo um estado de graça sobralesco, como podem ver pelo texto abaixo.


Ou seja, o estado de graça de Luís Sobral foi um enorme ponto de interrogação, e mesmo assim durou apenas duas semanas. Foi uma espécie de benefício da dúvida embrulhado em grossas camadas de cepticismo. Não o censuro por isso, mas parece-me escasso que este caso tenha sido o único momento em que Sobral considerou Bruno de Carvalho merecedor de um Sobe, apesar de tudo o que o presidente do Sporting entretanto fez e lutou pela recuperação do clube.



Entretanto, numa galáxia muito distante

Recentemente Pinto da Costa arrasou Soares Dias muito para além do seu trabalho no Benfica - Porto. Criticou a atuação nesse jogo, a sua capacidade enquanto árbitro e até o homem que existe para além do árbitro. O que escreveu Luís Sobral? Nada. 

Uns meses antes Pinto da Costa acusou o árbitro de inventar um penalty no Estoril - Porto, e o que escreveu Luís Sobral? Nada. 

Luís Filipe Vieira disparou em todas as direções na sequência do empate entre Benfica e Belenenses, e o que escreveu Luís Sobral? Também nada.

No período entre Março de 2013 e Janeiro de 2014, apenas encontrei um Desce dedicado a Pinto da Costa, pela forma "rude" como se referiu a Vítor Pereira aquando da apresentação de Paulo Fonseca.

Seria interessante perceber os motivos desta diferença de tratamento.