quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

A independência dos paineleiros

Miguel Guedes é um homem que faz questão de afirmar com alguma frequência que é totalmente independente, que as suas opiniões são inteiramente livres e que de nenhuma forma são condicionadas pela cartilha portista. 

Só acredita nisso quem quiser.

Este episódio passou-se há cerca de um ano, mas na minha opinião é um caso exemplar em como o Porto utiliza todos os canais disponíveis para passar a sua mensagem.


Faz todo o sentido: Miguel Guedes quis saber se Izmailov se escreve com I ou com Y, e dirigiu-se a alguém do clube (certamente ao departamento de estudos eslavos do FCP) para obter esse esclarecimento. Só quem em vez de obter a resposta através de chamada telefónica ou de SMS, teve direito a uma fotocópia a cores do passaporte do jogador para poder exibi-lo a todos que o vêm no programa de televisão.

Como é evidente não há nenhum crime nisto, mas para mim é um sinal evidente de que o Porto utiliza este tipo de programas para construir e suportar as narrativas que mais lhes convêm, principalmente através de Miguel Guedes e Guilherme Aguiar.

Guilherme Aguiar que, por exemplo, no Dia Seguinte de 20 de Janeiro apresentou-se no programa munido de um exemplar do R&C consolidado do Porto, e desafiou RGS e ROC a apresentarem as contas consolidadas dos seus clubes. Não podia ter sido mais a propósito, pois no dia imediatamente a seguir o Porto emitiu este comunicado:

Fonte: fcporto.pt

Melhor coordenação era impossível.

Prefiro que os comentadores sportinguistas se mantenham independentes da direção, mas alguns deles precisam de ganhar consciência de que andam a defrontar gente bem preparada e instruída pelo seu clube a fim de passarem para o público a mensagem pretendida da forma mais eficaz possível. No mínimo, seria bom que começassem a preparar-se um pouco melhor para cada um dos programas.