domingo, 23 de fevereiro de 2014

Eu quero ver a turma de Alvalade a rematar

Eu queeeeeero ver... a turma de Alvalade a rematar.

Porque sem se rematar não se vence. Eu compreendo a questão de se jogar com "critério", de querer transformar uma situação de perigo relativo numa situação de maior perigo, e daí para uma situação de perigo iminente, mas convém não exagerar. É que esta noite a bola ou era mal passada, ou havia uma hesitação que dava o tempo suficiente para o defesa adversário meter o pé ou recolocar-se, e lá acabava a equipa invariavelmente por perder a bola.

Durante os primeiros 60 minutos, lembrei-me várias vezes do Sporting do ano passado. Ver o ponta-de-lança cair para o meio-campo para poder tocar na bola, para depois não haver ninguém lá na frente para a receber, é um filme já conhecido que normalmente não acaba bem. E insistir em jogadores que estão claramente a atravessar um mau momento (Wilson e André Martins) e noutro que ainda parece estar a adaptar-se a uma nova realidade (Heldon), é estar a dar uma grande parte do jogo aos adversários que se contentam em não perder.

É justo no entanto referir que o Rio Ave também raramente criou oportunidades de perigo. Teve uma única grande ocasião de golo durante todo o jogo quando Maurício, primeiro, e Rui Patrício, logo a seguir, evitaram aquilo que parecia ser um golo certo. O próprio golo do Rio Ave nasceu de uma perda escusada de bola de Jefferson, que deu origem a um cruzamento que ressaltou fortuitamente em Maurício, traindo Rui Patrício. Fez lembrar a derrota do ano passado por 2-1, em que os dois golos do Rio Ave surgiram de ressaltos que desviaram a trajetória da bola.

Felizmente, hoje a equipa teve argumentos para contrariar a besta negra que tem sido o Rio Ave nos últimos tempos e a maldição dos ressaltos de bola que nos afligem naquele estádio. Foi com a entrada de Slimani em jogo em que a equipa finalmente decidiu mandar o "critério" às malvas e deixar que a necessidade da reviravolta favorecesse a espontaneidade, o assumir do risco no remate sem perder tempo a pensar se não haverá um colega melhor colocado, fazendo, no fundo, aquilo que se pedia há mais tempo: colocar a bola no meio da área de modo a proporcionar oportunidades de golo aos homens mais adiantados.

Começou com Heldon a rematar prontamente após uma perda de bola de um defesa do Rio Ave, seguiu-se logo Montero a rematar de longe após uma excelente iniciativa de William Carvalho e, aos 70 minutos, Jefferson a fazer uma excelente investida pela esquerda e enviando um drone que sobrevoou a área e foi aterrar na cabeça de Slimani, que não perdoou e empatou a partida. 


A equipa não abrandou. Pressionou incansavelmente o adversário para recuperar a bola rapidamente e colocá-la lá na frente. Poucos minutos depois houve mais um cabeceamento de Slimani na direção da baliza, mas desta vez Ederson segurou. A equipa percebia que tinha que alimentar os seus avançados, mesmo que não fosse na melhor das condições. Sucederam-se cruzamentos, cantos, forçando o Rio Ave a procurar desfazer-se da bola de qualquer forma. E aos 85 minutos, em mais um cruzamento de Carrillo para a área, Rodriguez afasta de cabeça para a quina da área, Cédric, Carrillo e Montero foram à luta pela bola como se disso dependessem as suas vidas, recuperaram-na, Carrillo volta a meter a bola na área encontrando Carlos Mané, que sem pedir autorização a ninguém puxou o gatilho e disparou, fazendo um golo fantástico. Estava feita a reviravolta e também o resultado final.

Correu-nos muito bem este jogo. O Sporting jogou mal durante 2/3 da partida e apenas fez pela vida nos últimos 30 minutos. Leonardo Jardim mexeu bem no jogo, foi evidente para todos que o Rio Ave rebentou fisicamente e animicamente após o empate, e a vitória acaba por ser justa, mas na minha opinião corremos demasiados riscos ao não procurar a área desde o princípio. É que temos recursos suficientes para resolver jogos mesmo quando o "critério" não é o melhor. É preciso é dar-lhes oportunidades para isso.