quinta-feira, 6 de março de 2014

Camarões para o jantar

O jogo de ontem veio mostrar que havendo Cristiano Ronaldo pouco interessa quem esteja ao seu lado. Basta que joguem para ele e que não comprometam na função defensiva, e acabamos por ter hipóteses de ganhar qualquer jogo contra seleções do nível do Gana e dos EUA.

Não há muito mais jogadores na seleção que possam fazer uma diferença fenomenal. Pepe, Moutinho e Coentrão são os outros jogadores de classe mundial que temos, e no patamar a seguir há Bruno Alves, Patrício (sim, Patrício, senhores lampiões) e William Carvalho (se Paulo Bento o deixar aquecer o lugar 6 durante uns joguinhos para se ambientar). João Pereira, Miguel Veloso, Raul Meireles, Nani (que saudades do grande Nani) e Postiga têm dias: podem fazer jogos fantásticos se estiverem ao seu melhor nível mas também podem estar em campo apenas de corpo presente. E nem vale a pena em falar em muitos dos habituais suplentes.

Neste momento, meia equipa é muito irregular e não tem nível suficiente para que sejam jogadores importantes mesmo em fases de pior forma, pelo que não compreendo porque motivo se chamam sempre os mesmos suplentes, muitos dos quais nunca acrescentaram nada, em vez dos que estão em melhor forma.

Ricardo (Académica), Cédric, Adrien, Gonçalo Santos, que são jogadores com ritmo de jogo e que o têm feito com qualidade, talvez tenham feito o suficiente para que merecessem ser opção para Paulo Bento em substituição de outros que têm sido chamados com maior ou menor insistência e que poucas vezes são utilizados nos seus clubes.

Quando chegarem aqueles jogos mesmo a doer, contra a Alemanha ou outro tubarão que se atravesse no nosso caminho, farão falta todos os jogadores em melhor forma -- e mesmo assim muito provavelmente não será suficiente.

Já escrevi no passado que compreendo a ideia de Paulo Bento ter um grupo mais ou menos fechado de modo a formar um grupo forte, na expetativa de receber lealdade dos jogadores em troca da lealdade que lhes demonstra na convocatória. Mas duvido que um, dois, três, quatro ou mesmo cinco jogadores novos tenham força suficiente para desestabilizar um grupo com muitas vedetas e uma über-vedeta que está junto há bastante tempo.

Uma seleção que convocasse jogadores exclusivamente pelo mérito, talvez pudesse elevar um pouco o seu nível de jogo sem comprometer a estabilidade de balneário.

Espero agora que não comecem a tirar grandes conclusões por termos ganho por 5-1. A primeira parte foi sofrível e a segunda só passou a ser boa quando a equipa adversária decidiu desaparecer de campo. De qualquer forma, como é evidente, foi um resultado muito positivo já que é bem melhor golear do que empatar ou perder. Considerando algumas das prestações recentes da seleção em jogos contra adversários mais fracos, não foi mesmo nada mau.