segunda-feira, 3 de março de 2014

Patético III

Passou mais ou menos despercebido, mas por ocasião das celebrações dos 110 anos do Grupo Sport Lisboa, o Sport Lisboa e Benfica inaugurou sem aviso prévio uma estátua de Béla Guttmann, o treinador que conquistou as duas taças dos campeões que constam do palmarés do clube.


Rui Gomes da Silva, popular dirigente benfiquista, esteve presente na cerimónia com o ministro dos negócios estrangeiros húngaro, que teve a bondade de nos explicar o motivo que levou o clube a fazer esta homenagem:
"O Benfica ganhou duas Taças dos Campeões, em 1961 e em 1962, uma contra o Barcelona e outra contra o Real Madrid. Guttman Béla era o treinador nessa altura e quis um aumento de salário. No clube disseram que isso não estava no contrato. Então ele disse, se não me dão vou-me embora, mas amaldiçoo-os: durante 100 anos o Benfica não vai voltar a ganhar a Taça dos Campeões. Passaram 50 anos desde então e o Benfica não ganhou. Foi então que o embaixador da Hungria, Norbert Konkoly, surgiu com uma solução para este problema. Falou dela ao presidente do Benfica [Luís Filipe Vieira] e ele concordou. A solução é colocar uma estátua de bronze enorme, de dois metros, no estádio do Benfica com as duas Taças dos Campeões nas mãos. E depois ele regressa. E, regressando, a maldição desaparece e, desaparecendo, veremos resultados. É esta a história"

Várias considerações:
  • Ver um clube a homenagear com uma estátua alguém que desejou-lhes o pior no momento da sua saída por não ter conseguido um aumento salarial é algo de... original
  • Ficámos a saber que a cotação da quebra de maldição é de 1m de bronze por cada 50 anos da duração do pérfido encantamento
  • Talvez figuras da história do clube como José Águas e Mário Coluna justificassem mais esta homenagem, mas pelos vistos faltou-lhes amaldiçoarem o clube
  • Fazer uma estátua para quebrar uma maldição assenta que nem uma luva a um clube que tem nas primeiras filas do estádio uns adeptos que gostam de se vestir de bispo e de diabo

Salvaguardando as devidas distâncias (quer em conquistas, quer em relação ao destino após a saída, quer em grau de "amaldiçoamento"), eu vejo isto mais ou menos como se fosse o Sporting a inaugurar uma estátua de João Moutinho. Seria algo de patético, não?