quarta-feira, 30 de abril de 2014

Capas que não fizeram história, nº 31: Todos contra Platini!

                                                                                                                                 
Ontem o país teve a oportunidade de assistir a um caso de histeria coletiva de proporções bíblicas. Acordámos todos com a bombástica revelação de que a UEFA tinha aceite um pedido da Juventus para analisar uma alegada agressão de Enzo Peréz no jogo da 1ª mão. A UEFA cometera o desplante de antecipar a reunião dos órgãos disciplinares de forma a tomar uma decisão sobre o assunto ainda antes do jogo da 2ª mão.

Mafia! Corrupção! Queixinhas! A indignação benfiquista percorreu o país de lés a lés, atravessou fronteiras numa espécie de inter-rail contestatário, acampando por fim às portas da sede da UEFA em Nyon.



Foi um dia repleto de capas de jornais, ameaças de boicote à realização da final da Liga dos Campeões no Estádio da Luz, sucederam-se declarações a denunciar as manobras de bastidores que conspiram contra o Benfica proferidas por antigos dirigentes, João Gabriel, e até vice-presidentes em exercício como Rui Gomes da Silva e Sílvio Cervan, ou ainda na forma de protestos na página de Facebook da UEFA. Todos a denunciar a pouca vergonha da Juventus corrupta, que tem um treinador corrupto e dirigentes corruptos, numa competição que se vai realizar no estádio desse mesmo clube corrupto, organizada por uma UEFA corrupta que tem um presidente corrupto que foi um antigo jogador desse mesmo clube corrupto.

Não me entendam mal, aprecio uma boa teoria da conspiração como qualquer outro, nem tomo a UEFA como uma organização angelical e à prova de qualquer suspeita, mas será assim tão escandaloso que um clube faça queixa de uma possível agressão de um adversário a um jogador seu, e que o julgamento do caso se faça num período que permita que o castigo do prevaricador, se for considerado culpado, seja cumprido no jogo da 2ª mão? Atendendo que os dois jogos se realizam num espaço de uma semana, quando queriam que fosse decidido o caso? Daqui a duas semanas? Daqui a dois meses? Que sentido faria Enzo cumprir o castigo na final da Liga Europa ou na fase de grupos da Liga dos Campeões da próxima época?

E será que se a UEFA temesse assim tanto o Benfica, não atuaria nesta agressão de Rodrigo no jogo com o AZ? Alguém contestaria uma suspensão de dois jogos para punir uma atitude destas?




A Juventus pode ter o passado que tem (e felizmente foi severamente punida pelo que fez, ao contrário de certos e determinados clubes de outros países), mas desde quando é que isso lhes tira o direito de recorrer às instâncias disciplinares da UEFA em situações em que se achem prejudicados?

É uma hipocrisia vermos estas atitudes a serem tomadas pelas mesmas pessoas que nos últimos meses têm andado a ridicularizar o movimento Basta!, que legitimamente protesta contra anos e anos de desvirtuamento das competições, contra uma justiça desportiva que julga em função dos emblemas envolvidos, contra os horários de jogos impróprios para levar pessoas aos estádios, ou os preços de bilhetes verdadeiramente especulativos que se tentam aproveitar do entusiasmo de adeptos que querem acompanhar o seu clube nas deslocações a recintos dos adversários.

E mais ridículo fica, quando sabemos que há não muitos anos o próprio Benfica fazia as suas próprias queixinhas junto da UEFA para tentar excluir o Porto da Liga dos Campeões (cuja vaga sobraria para o Benfica, 4º classificado do campeonato anterior), e via em Platini o seu principal aliado nessa campanha.

Junho de 2008

O Porto devia ser excluído da Liga dos Campeões nessa altura? Claro que sim. Percebe-se a motivação do Benfica em tentar utilizar a sua influência para punir o Porto. Enzo Pérez devia ser suspenso do jogo da 2ª mão com a Juventus se os órgãos disciplinares considerassem haver agressão? É evidente.

Agora que sabemos que Enzo pode jogar...

... expliquem-nos lá como é que este boicote se iria processar:


E para quem acha que Bruno de Carvalho é populista (coisa que não é), ponham os olhos em Rui Gomes da Silva. Gostava de ver como é que o vice-presidente do Benfica iria concretizar o boicote à final da Champions no Estádio da Luz.

Ménage à trois comunicacional

A bonita relação entre Benfica, A Bola e o Record                                                                                
O país desportivo teve ontem a oportunidade de acordar com uma notícia bombástica divulgada em simultâneo pelos jornais A Bola e Record: a Juventus apresentou queixa contra Enzo por causa de uma cotovelada a um jogador italiano. 

Eu, que costumo olhar para as capas de jornais ao acordar, confesso que fui apanhado de surpresa, pois no final da noite anterior não havia qualquer notícia online sobre o assunto.

Não devo ter sido o único a ficar surpreendido. O jornal O Jogo parece ter sido apanhado de calças na mão, pois foi o único diário desportivo que não mencionou o assunto na capa. E certamente que não terá sido por falta de interesse, pois uma notícia que envolva Platini a tentar dar cabo da vida aos mouros é material para provocar sonhos molhados na maior parte da redação daquele jornal.

Metade do país deve ter tido conhecimento da notícia antes dos senhores de O Jogo

Parece evidente que João Gabriel deve ter tido um final de tarde / princípio de noite atarefado, a telefonar e a dar os pormenores sórdidos a Fernando Guerra e João Querido Manha. Era importante a notícia ser dada com estrondo para gerar a onda de indignação que tivemos oportunidade de assistir durante o dia de ontem.

Ver clubes a utilizarem órgãos de comunicação social para fazerem pressão não é novidade. O Porto faz isso frequentemente através de O Jogo. Bruno de Carvalho deu duas entrevistas ao jornal A Bola para saírem no dia em que seriam decididos os casos de Bruma e do atraso do Porto na Taça da Liga. Mas já não é tão comum existirem dois jornais concorrentes que aceitam publicar com grande destaque e em simultâneo uma notícia a pedido de terceiros, sem o exclusivo dessa notícia. É um tipo de favor que só se faz a alguém muito especial. 

Mas na verdade, já tinha acontecido uns dias antes outra situação idêntica, a propósito de umas declarações de Pirlo sobre o Benfica. No dia 23 de abril, na véspera do Benfica - Juventus, foram estas as capas de A Bola e Record:


É estranho que esta notícia da indignação benfiquista tenha surgido em "exclusivo" simultâneo em ambos os jornais neste dia, pois essas declarações de Pirlo tinham sido proferidas ao jornal Gazzetta Dello Sport no dia 12 de abril, ou seja, 11 dias antes.



Chamem-lhe história Record, ou fontes próximas do balneário, o que quiserem. Das duas, uma: ou a estrutura do Benfica tem mais buracos que um passador, ou então mais uma vez foi uma notícia (esta sem qualquer relevância) que ambos os jornais aceitaram publicar com honras de primeira página a pedido do próprio Benfica. Eu não acredito na primeira hipótese.

Só uma última observação: em matéria de demonstração de indignação benfiquista, A Bola ainda está muito à frente do Record. Não é surpreendente, afinal são décadas de prática, enquanto que o Record ainda é relativamente novo nestas andanças.

terça-feira, 29 de abril de 2014

O futuro de Candeias

O que levou o Benfica a contratá-lo?                                                                                         
Parece que o Benfica contratou Candeias a custo zero. Confesso que é uma contratação que não compreendo do ponto de vista desportivo. O Benfica tem opções de altíssimo nível para aquelas posições (Gaitan, Markovic, Sálvio, Sulejmani, Ivan Cavaleiro), jogadores sob contrato a rodar noutras paragens (Pizzi, Ola John, Urreta), e ainda uma série de jovens promessas que precisam de oportunidades para se afirmar.

É certo que poderão ser vendidos alguns jogadores, mas alguém acredita que o Benfica, campeão nacional, que apostará mais uma vez forte na Liga dos Campeões, verá em Candeias a solução para cobrir eventuais saídas? E a contratação do jogador não pode ser encarada como uma aposta de futuro, pois já tem 26 anos.

Mais incompreensível fica quando vemos Vieira a falar num Benfica made in Benfica, e nas promessas feitas em como os jovens da formação terão oportunidade para demonstrar a sua qualidade na equipa principal. 

Cá para mim é outro que será emprestado. Do ponto de vista financeiro acabará por ser uma jogada de baixo risco. Os custos da contratação limitam-se ao prémio de assinatura, e os salários provavelmente serão suportados quase na totalidade pelo clube que o receber.

Assim, parece-me que para o ano veremos Candeias de volta ao Nacional, onde poderá continuar a exibir o bom nível desta época, suficiente para causar dissabores contra os grandes numa tarde ou noite inspirada. Quem sabe se não voltará a retirar pontos ao Porto (a quem marcou na vitória por 2-1) e ao Sporting? 

Mas não pensem que se trata de uma contratação irrefletida. Pelo contrário, parece-me que faz parte de uma estratégia bem definida. É que contra o Benfica nunca mais o veremos jogar. Vieira já deve ter percebido que dá jeito ter pelo menos um Miguel Rosa no maior número possível de equipas da I Liga.

O melhor jogador da Liga

                                                                                                                              
Com o campeonato decidido e a chegar ao fim, é normal que se comecem a fazer todo o tipo de balanços: as revelações, as desilusões, e quem foram os melhores jogadores da Liga.

Inspirados pelo indiscutível domínio encarnado nesta segunda metade do campeonato, muitos comentadores não resistirão a nomear um jogador benfiquista como o melhor do campeonato. São várias as figuras que serão mencionadas nestas conversas, como Enzo, Gaitan, Rodrigo, Luisão, Garay, ou Lima. Mas destes, o nome mais vezes mencionado será provavelmente o de Enzo.

Um desses comentadores é Luís Sobral, para quem Enzo foi o melhor jogador da Liga. O diretor do Maisfutebol argumenta da seguinte forma a favor do médio argentino:


Antes de começar a dar a minha opinião, sou obrigado a dizer que não vi muitos jogos completos de Enzo Pérez ao longo do ano. No entanto, o que vi foi suficiente para me convencer da importância que Enzo tem na equipa e, obviamente, da sua grande qualidade. 

Luís Sobral, que deve ter visto todos os jogos de Enzo e de William, acha que Enzo é o melhor jogador da Liga porque:
  • Enche o campo
  • Passa uma energia incrível
  • É um jogador empenhado
  • Tem rigor tático
  • Nunca esquece a equipa
  • É o jogador de maior importância no Benfica, tanto quanto o William o é no Sporting (apesar de o Benfica ter um plantel bem mais recheado)

Não concordo de todo com a afirmação de que Enzo tenha tanta importância no Benfica como William Carvalho tem no Sporting. O plantel do Benfica é suficientemente vasto em quantidade para apresentar várias alternativas de qualidade para o papel que o argentino tem em campo. Já vimos Enzo ficar de fora em bastantes jogos europeus para perceber que a máquina que Jesus montou está menos dependente de qualquer jogador do que as outras equipas portuguesas. Aliás, se tivesse que apontar jogadores imprescindíveis no Benfica, referiria primeiro Garay e Luisão.

De resto respeito a opinião do jornalista, admito que os argumentos utilizados são relevantes, mas penso que a ideia essencial que na realidade acaba por levar Luís Sobral (e muitos outros) a elegerem Enzo como o melhor da Liga é outra: "Enzo Pérez herdou quase tudo de Matic".

Num ano em que o Benfica se arrisca a vencer todas as competições que disputa e foi a melhor equipa em Portugal, a tentação para os jornalistas atribuírem todos os prémios individuais a jogadores encarnados parece irresistível. 

Os americanos é que têm a tendência de nomear como MVP's da temporada o melhor jogador da equipa vencedora. Por cá não é assim. Por exemplo, ainda no ano passado a nossa comunicação social foi quase unânime ao considerar Matic como o jogador do ano, apesar de o sérvio não ter conquistado qualquer título. Portanto, creio que não se deve entregar a Enzo o estatuto de melhor jogador da Liga apenas e só porque o Benfica se sagrou campeão. E muito menos por ser o herdeiro natural de Matic.

Enzo teve sempre um desempenho elevado, mas não nos podemos esquecer que jogou no meio-campo de Matic durante metade da época. Só depois da saída do sérvio é que Enzo passou a ser a figura principal do meio-campo do Benfica.

A generalidade dos opinion makers da nossa praça andam a esquecer-se de dois fatores essenciais: a Liga é uma competição que tem 30 jornadas, e o prémio de melhor jogador não é um prémio coletivo.

Na minha opinião, William Carvalho foi o melhor jogador da Liga 2013/14, pois fez mais do que qualquer outro jogador para o merecer. Ficam aqui quatro pontos a favor da escolha de William.

1. O desempenho individual: Apesar de ser um desconhecido (pelo menos para mim), William desde cedo revelou que tinha muito para dar ao Sporting. Por exemplo, logo na primeira jornada, contra o Arouca, ficou na retina um excelente lançamento em profundidade para Wilson Eduardo, que cruzaria para Montero fazer o 2-1. 


Progressivamente fomos percebendo a grandeza de William Carvalho. Defensivamente pode não ser o jogador mais agressivo (refiro-me a agressividade no bom sentido), mas compensa com o seu físico e sentido de posicionamento. Trava inúmeros ataques dos adversários, protege a bola como ninguém e sabe soltá-la imediatamente com critério. Classe pura. Para além disso, a confiança que foi adquirindo refletiu-se progressivamente em cada vez mais iniciativas de transporte de bola para o ataque. Quem quiser ver uma galeria com alguns dos seus melhores momentos, pode dirigir-se AQUI. William foi isto durante uma época inteira. 


2. Regularidade na preponderância: William foi importantíssimo do princípio ao fim da temporada. Não foi preciso muito tempo para se perceber que seria a figura principal do meio-campo do Sporting, mesmo considerando a excelente época de Adrien Silva. Só não teve mais visibilidade no princípio do campeonato devido ao extraordinário desempenho de Fredy Montero.

William foi grande desde a 1ª jornada, sem pausas. Rendimento constante e de alto nível. Só ficou de fora, por castigo, no jogo da Luz -- e sabemos como correu. Nem tudo se explica pela ausência do jogador (a falta de uma alternativa com um perfil semelhante foi decisiva, tal como o valor do adversário), mas é evidente para todos que com William, a história do jogo não teria sido a mesma.


3. O prémio de jogador do mês há-de significar alguma coisa: William foi o jogador do mês em 3 das 5 votações realizadas pela Liga. Noutra ocasião foi considerado o 2º melhor jogador.


Relembro que apesar de o público poder participar na votação, apenas contribui para 30% do resultado. 50% da ponderação vem dos votos dos treinadores da I Liga, e os restantes 20% vem dos votos do Sindicato de Jogadores.


4. As pontuações das exibições que a comunicação social vai atribuindo semanalmente aos jogadores há-de significar alguma coisa:

Classificação do Record

Classificação do Maisfutebol

Classificação de A Bola

Não consegui ter acesso às pontuações de O Jogo. Se alguém me fornecer essa classificação, hei-de a colocar aqui.

É claro que estas classificações não definem por si o melhor jogador, mas sim o mais regular (favorecendo os jogadores mais utilizados). Mas até aqui William surge sempre na linha da frente, não só na pontuação absoluta como na média de pontos por jogo, o que é um indicador indiscutível da enorme época que está a fazer.

Os melhores comentários no facebook do FCP após a eliminação da Taça da Liga


segunda-feira, 28 de abril de 2014

Capas que não fizeram história, nº 30: Oráculo descalibrado

                                                                                                                                          
A derrota de ontem do Porto pôs um ponto final numa época desapontante para os seus adeptos. Após a conquista da Supertaça, o Porto foi sucessivamente afastado das várias competições em que participou, algumas de forma humilhante. 

Primeiro foi eliminado da Liga dos Campeões sem ter conseguido sequer uma vitória em casa, o que foi uma desilusão atendendo ao facto de se tratar de uma equipa do pote 1 que ambicionava passar à 2ª fase. Depois atrasou-se no campeonato a ponto de ficar afastado da luta pelo título em Março, coisa que raramente aconteceu no reinado de Pinto da Costa. Seguiu-se o afastamento da Liga Europa com uma derrota pesadíssima em Sevilha, contra 10 homens. 

A derrota por 3-1 na 2ª mão da Taça de Portugal, contra um Benfica que jogou com 10 durante uma hora, foi um golpe fortíssimo na auto-estima dos adeptos portistas, que nunca imaginariam no princípio da temporada que o clube pudesse descer a este nível. No entanto, dez dias depois, para a Taça da Liga, os portistas descobriram que as coisas podem sempre piorar ainda mais: o Porto seria eliminado em casa, contra as reservas do Benfica, também reduzidos a 10 durante uma hora.

Os olhares dos adeptos portistas viram-se agora para o seu presidente, para perceberem o rumo que o clube tomará para recuperar as conquistas a que se habituaram. É possível, no entanto, que ainda tenham que esperar um bocado. É que Pinto da Costa tem andando muito calado. Na realidade, talvez o silêncio do presidente nem seja uma coisa muito má, porque da última vez que falou publicamente saiu-se com isto:

Abril de 2014

Nem tudo é mau, no entanto. Pinto da Costa acertou na questão dos holofotes. É bom saber que ainda tem mão em algumas coisas do clube.

(os meus agradecimentos ao Cantinho do Morais por me lembrar desta capa)

Há cretinos que não valem um vintém

Manuel Machado sobre o golo anulado a Slimani                                                                          
Manuel Machado, logo após o final do Sporting - Nacional:


Manuel Machado, quatro meses depois:

Roubado a  (obrigado @nunovalinhas)

Primeiro tinha certeza que Slimani usou as mãos para empurrar. Agora, tem certeza que Slimani usou as mãos para não deixar o defesa do Nacional recuar. As certezas vão mudando, a falta de vergonha na cara é que não.

Duvido que haja alguém que não se lembre, mas é disto que estamos a falar.


Candidato a comentário do ano

Manuel Queiroz, ontem, na TVI                                                                                                 
Porto - Benfica. Segunda parte, 58 minutos de jogo.

O Porto revela dificuldades em chegar com perigo à baliza do Benfica, que jogava com menos um jogador desde os 32'. Benfica, que desde o princípio mostrou que a competição não era prioritária ao optar por jogar com as segundas linhas, de forma a poupar os jogadores mais importantes para o jogo com a Juventus. Pelo contrário, o Porto jogou na máxima força e tinha neste jogo a última hipótese de conquistar um troféu esta época.

Apesar de o jogo parecer mais ou menos controlado pelo Benfica, que parecia interessado em levá-lo para os penáltis, Jesus decide refrescar a equipa e lançou Markovic. Eis o que Manuel Queiroz teve a dizer sobre o assunto.


O Benfica é que TINHA que fazer alguma coisa, Manel?

domingo, 27 de abril de 2014

Oh, a ironia

Depois de o Porto ter andado a desvalorizar os 3 minutos de atraso que acabaram por ditar o apuramento para as meias-finais da Taça da Liga, registo com curiosidade a cena do final do jogo de ontem em que Folha, adjunto do Porto, perdeu a cabeça e atirou-se ao árbitro por este ter dado o apito final 20 segundos antes de se completarem os 3 minutos de descontos que tinha anunciado.

Delicioso.



sábado, 26 de abril de 2014

The Damned United e o Porto - Benfica para a Taça da Liga

Na sexta-feira vi um filme chamado "The Damned United", que fala sobre a carreira de Brian Clough nos tempos em que foi treinador do Derby County, e dos atribulados 44 dias em que Clough treinou o Leeds United, no ano de 1974.

Clough ganhou fama ao conseguir, no espaço de 5 anos, levar o Derby County da segunda divisão até ao título de campeão inglês, alcançado em 1972. Durante esse período foi pública a rivalidade entre Clough e Don Revie, treinador bicampeão do Leeds, crónico candidato ao título da altura.

Clough acusava Revie e o Leeds de praticarem jogo sujo e duro, chegando mesmo a pedir à Federação Inglesa que tomasse medidas contra os métodos anti-desportivos utilizados em campo. Daí que tenha sido um choque quando, em 1974, Clough foi contratado pelo Leeds para treinar o clube, após Don Revie ter sido nomeado selecionador da Inglaterra.

No filme, há um momento crítico passado nas vésperas da segunda-mão das meias finais da Taça dos Campeões Europeus de 1973, em que o Derby County defrontava a Juventus. Após um empate em casa por 0-0 com os italianos, o presidente do Derby pediu a Clough que poupasse a equipa na partida para o campeonato que antecedia o decisivo jogo da 2ª mão em Turim. Acontece que esse jogo para o campeonato era precisamente com o Leeds. O orgulho de Clough levou-o a recusar o pedido do presidente e pôs a carne toda no assador contra o Leeds. Vários jogadores importantes do Derby saíram lesionados nesse jogo e não puderam ser utilizados contra a Juventus, que venceria o Derby na 2ª mão por 3-1.


Não conhecia esta rivalidade até ter visto o filme, mas parecem existir várias imprecisões na forma como o filme (que se baseia num livro com o mesmo nome) conta esta história. A rivalidade entre Clough e Revie existiu de facto, mas desconheço se esta chacina praticada dentro de campo pelo Leeds em vésperas do jogo com a Juventus realmente aconteceu. O que se sabe que realmente aconteceu (e que não aparece no filme), é que Clough, ao ser eliminado, apelidou os italianos de "cheating bastards".

Entre o que é realidade e o que será ficção, a verdade é que há aqui muitos paralelismos para aquilo que será o Benfica de logo contra o Porto, nas meias-finais da Taça da Liga e nas meias-finais contra a Juventus.

Em cima da mesa estará um conflito de interesses que qualquer benfiquista terá equacionado: o Benfica deverá poupar no jogo de logo para descansar peças fundamentais para o jogo com a Juventus, ou deverá alinhar na máxima força para espetar mais uma estaca no coração do Porto? É que duas vitórias do Benfica sobre o Porto nos jogos que faltam é material para infligir ao rival um daqueles traumas que demoram anos a ultrapassar. Não só o Porto entraria com a auto-estima em baixo em 2014/15, como já entraria em campo meio derrotado quando defrontasse o Benfica.

No entanto, parece-me que as questões de orgulho irão ficar para segundo plano perante o jogo bem mais importante que o Benfica tem em Turim. Esta época, Jesus tem sabido muito bem estabelecer prioridades, pelo que me parece que apostará em vários jogadores que não fazem parte do melhor onze do Benfica. E bem, na minha opinião. A abordagem pragmática parece-me ser a mais sensata.

Quanto aos "cheating bastards" e o jogo com a Juventus, bem, ninguém ficaria muito surpreendido se isso acontecesse daqui a uns dias, pois não?

Jogadores ausentes por castigo contra os grandes, à 29ª jornada



sexta-feira, 25 de abril de 2014

A opinião idónea de José Leirós IV

Este fim-de-semana tivemos direito a mais um lance em que José Leirós é um reconhecido especialista. No Benfica - Olhanense, Samperisi entrou de pitons para disputar um lance com André Almeida, mas falha a bola e acaba por acertar violentamente na canela do jogador do Benfica.

Vídeo completo pode ser visto no canal de Youtube Fernanndo00

Para mim isto é cartão vermelho, mas aceito que haja quem considere que se pode resolver com um amarelo, por não ter sido intencional. O motivo pelo qual defendo que estes lances devem ser punidos com vermelho é porque, havendo ou não intenção de quem faz a falta, a verdade é que a integridade física do adversário é posta seriamente em causa. Samperisi devia ter noção disso quando levantou o pé daquela forma com André Almeida pela frente.

Mas aparentemente esta não é a visão de José Leirós sobre estes lances de dureza excessiva. Aqui fica a sua opinião.

Retirado do blogue Fora-de-Jogo

Não é novidade esta condescendência de José Leirós para determinadas faltas violentas. Num passado recente, o ex-árbitro tem-nos brindado com apreciações bastante tolerantes para outros casos de violência ou agressões:



Mentes maldosas poderão insinuar que, para Leirós, não há limites à impetuosidade física quando a vítima se trata de um jogador do Sporting ou Benfica, ou quando o agressor é um jogador do Porto. Eu não alinho por essas suposições fáceis e caluniosas. Como não gosto de fazer estes juízos precipitados, prefiro acreditar que Leirós, antes de se passear nos relvados portugueses de apito na boca, fez carreira como árbitro de wrestling profissional. Isso explicaria muita coisa: no caso concreto do lance em que Samperisi levanta o pé contra André Almeida, o que Leirós viu foi isto:

Leirós tem razão: foi apenas jogo perigoso, já que Samperisi (de preto) não acerta em André Almeida (de vermelho)

Que mais há a dizer? Só que a WWE perdeu um grande árbitro.

Balanço das arbitragens: 28ª jornada

Porto 3-0 Rio Ave (Nuno Almeida)
60' - Penálti assinalado por falta de Marcelo sobre Jackson - decisão certa, Marcelo salta para cima de Jackson sem qualquer intenção de jogar a bola
89' - Marcelo derruba Ricardo, o árbitro opta por não mostrar o segundo amarelo ao defesa do Rio Ave - decisão errada, justificava-se a amostragem do segundo amarelo
=: apesar do erro, arbitragem sem influência no resultado

Benfica 2-0 Olhanense (Carlos Xistra)
5' - Sálvio cai na área por suposto agarrão de Luís Filipe, o árbitro não assinalou pénalti - decisão certa, Luís Filipe não parece impedir Sálvio de disputar o lance
65' - Samperisi tenta disputar a bola com a sola levantada, mas acaba por acertar com os pitons no pé de André Almeida, o árbitro mostrou cartão amarelo - decisão errada, o jogador do Olhanense devia ter sido expulso; apesar de o jogador querer disputar a bola, acaba por atingir violentamente a canela do adversário
69' - Rodrigo é derrubado na área por Diakhité, o árbitro manda seguir - decisão errada, o árbitro devia ter assinalado penálti
=: apesar dos erros, arbitragem sem influência no resultado

Belenenses 0-1 Sporting (Cosme Machado)
50' - Carlos Mané é derrubado na área por João Meira, o árbitro assinala penáli - decisão certa
81' - Rojo faz falta sobre Rojas, o árbitro mostra-lhe o cartão vermelho direto - decisão errada, a falta não é violenta, justificava-se quanto muito o cartão amarelo
=: apesar do erro, a arbitragem acabou por não ter influência no resultado


Resumo da jornada



Acumulado da época



Classificação



Jogos com arbitragens com influência no resultado


quinta-feira, 24 de abril de 2014

Ao menos disfarcem um pouco...

A página de facebook do Correio da Manhã                                                                           
Esta é a página de facebook do... Correio da Manhã:


(créditos a @SHIFTERpt e @nunovalinhas)

Escutemos El Rei Dom Luís Filipe I, o Magnânimo

in ionline.pt

Na noite de 20 de abril, durante a festa do Marquês de consagração dos novos campeões, El Rei Dom Luís Filipe I falou ao povo e disse:
"Esta é uma vitória de todos os benfiquistas, mesmo daqueles que não acreditaram."
"É uma felicidade enorme, que é dedicada a todos os benfiquistas."
"Este título é de todos vocês. Bem hajam todos e viva o Benfica."

Os bardos da corte não tardaram em compor cantigas de louvor ao discurso aglutinador do monarca, que passou a ter o cognome de "O Magnânimo".

Dois dias depois, El Rei Dom Luís Filipe I recebeu os deputados da coroa num banquete realizado no camarote real do palácio da Luz, e disse:

in ptjornal.com

"Este título é de todos os que sempre acreditaram no trabalho desenvolvido. Mas é, sobretudo, uma grande lição para aqueles que só aparecem nas horas más e nunca para ajudar a construir."

Aguentem-se à bronca, republicanos do Benfica. As primeiras declarações devem ter sido causadas pela emoção do momento. Afinal a magnanimidade é só para os súbditos mais fiéis.

Um belo momento de convivência entre benfiquistas em festa

Como não poderia deixar de ser, a conquista do título nacional que o Benfica já não alcançava há quatro anos foi tema para uma série de programas especiais nos vários canais por cabo que compõem o panorama televisivo português.

Primeiro tivemos uma exaustiva cobertura da festa do título, em que dezenas de câmeras e jornalistas recolheram imagens e opiniões de milhares de pessoas em festa nos quatro cantos do país. 

Acabada a festa, os canais de televisão formaram painéis alargados de benfiquistas ilustres, que tiveram oportunidade de esmiuçar os méritos dos vários obreiros do título. Como é evidente, o sentimento generalizado foi de grande satisfação, capaz de encher a alma de qualquer telespectador benfiquista.

Felizmente que nestes programas, que acabam por ser muito semelhantes uns com os outros, há sempre alguns que se destacam dos demais. Um leitor anónimo chamou-me a atenção para este programa, transmitido há dois dias, em que podemos testemunhar um comovente momento de partilha e celebração entre dois conhecidos sócios benfiquistas:


De facto, nem um sportinguista como eu é capaz de ficar indiferente a este belo momento de televisão. Eu não sei o que disse Jaime Antunes, mas também não interessa. Apesar de raramente ver a CM TV, por vezes, quando faço zapping, vejo que está a dar o programa Mercado. E basta ficar 30 segundos à espera para ver este senhor, chamado Pedro Guerra, a tirar alguém do sério.

A causa da discórdia normalmente é sempre a mesma: alguém no programa atreveu-se a fazer qualquer tipo de crítica, ligeira ou contundente, à gestão de Luís Filipe Vieira.

As consequências também são sempre as mesmas: Pedro Guerra desvia o assunto para atacar o interlocutor com qualquer facto, rumor, invenção, ou calúnia, que não tem nada a ver com o que está a ser discutido, e que tanto pode ser de natureza clubística como, em alguns casos, um ataque pessoal.

Como é evidente, a vítima reage instintivamente à cretinice de que foi alvo, ao que Pedro Guerra contrapõe levantando ainda mais a voz com a repetição aleatória de algumas destas frases:
  • Tenha calma!
  • Respire fundo!
  • Não se enerve!
  • Eu sei que está nervoso...
  • Eu também tenho que o ouvir com indignação!

Desta vez por acaso a vítima foi Jaime Antunes. Normalmente o visado costuma ser Paulo de Andrade, mas creio que nem a Madre Teresa de Calcutá escaparia incólume se ousasse fazer um sereno comentário à simetria do corte de bigode de Vieira.

É que Pedro Guerra consegue ser mais vieirista que o próprio Vieira. Se existisse um clube de fãs do presidente do Benfica, Fernando Guerra teria que se conformar em ser o sócio nº 2. E digo mais: se já houvesse CM TV na altura em que o atual presidente do Benfica reconheceu o erro que foi despedir Fernando Santos ao fim da 1ª jornada, Pedro Guerra criticaria sem dó nem piedade essas palavras. Ninguém tem o direito de falar mal de Vieira, nem sequer o próprio presidente do Benfica. 

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Levanta-te e ri

O Jogo deve a andar a viver um dos períodos mais difíceis da sua existência. Todos sabemos que é um jornal escrito para portistas e, como tal, as suas vendas devem estar muito dependentes do interesse que os adeptos azuis e brancos têm sobre o dia-a-dia do clube.

A olhar para as últimas assistências no Dragão, grande parte dos portistas com lugar anual já não tem paciência para ver jogos, mesmo já estando pagos. Preferem dar por perdido o dinheiro que já gastaram, do que terem a maçada de se deslocarem ao estádio, e perder tempo e dinheiro na gasolina. E quando é assim, estará ainda mais fora de questão a compra de um jornal para lerem sobre as desgraças que já não querem ver ao vivo.

O Jogo, por isso, tem andado a esforçar-se para cativar os seus adept... perdão, leitores. Não sei se estão a conseguir convencer os portistas de tudo o que de bom está a acontecer no seu clube, mas para os adeptos dos outros clubes, as capas de O Jogo são agora um acontecimento matinal a não perder. 

É que olhar para as capas de O Jogo, em 2014, tem sido um exercício capaz de arrancar gargalhadas ao mais sisudo dos indivíduos. A edição de hoje, então, conseguiu ultrapassar todas as marcas:


Amigos portistas: afinal o terceiro lugar é uma coisa boa! Deixai o 1º e 2º lugar para os mouros, que só encaixarão €8,6M de prémio.

Ainda na edição de hoje, O Jogo deixa os portistas já com água na boca para a próxima época. É que graças a Luís Castro, Quintero já tem a rodagem feita.


Curiosamente, olhando para o interior do mesmo jornal, vemos isto:


Ou seja, Luís Castro tem dado mais 8 minutos por jogo do que Paulo Fonseca deu a Quintero. Quintero, que era apenas o 16º jogador mais utilizado por Fonseca, passou a ter uma utilização completamente diferente, sendo com Luís Castro o... 14º mais utilizado do plantel. Muito melhor!

Esta capa merece uma nota 10 (numa escala de 1 [sem piada] a 10 [hilariante]). Para vos demonstrar a veia cómica que invadiu a redação de O Jogo, deixo-vos outras capas de 2014 que merecem também destaque.

Nota: 7 (imagino-os a fazerem fila, depois das exibições desta época)


Nota: 8 (colmatou um problema, abriu quantos novos?)

Nota: 9 (o central mais cobiçado da Europa a seguir a Mangala)

Nota: 7 (sonha, sonha)

Nota: 8 (era?)

Nota: 7 (no campeonato da trivela de facto ninguém lhe ganha)

Nota: 7 (infelizmente a esquizofrenia durou pouco)

Nota: 8 (à moda do Barça de que ano?)

Nota: 8 (Daniel Carriço ri-se)

Nota: 9 (a avaliar pelos pontos que perdeu, super reforço para quem?)

Nota: 8 (nota-se)

Quanto dá 47% de 0,0023% de 790 milhões?

O estudo da UEFA dos 47% de benfiquistas                                                                   
Ontem fiz referência aos muitos pontos de interesse que o relatório de benchmarking da UEFA tem para quem se interessa pelo fenómeno do futebol. Infelizmente, a nossa comunicação social preferiu dar apenas destaque a uma das 104 páginas que esse relatório tinha, que indica que o Benfica é o clube europeu com maior percentagem de adeptos (47%) dentro do seu país.

in expresso.pt

Pois bem, falemos então deste estudo. Como fez referência a Lusa, este estudo foi feito a 18.000 cidadãos europeus entre os 18 e os 69 anos. O que a Lusa não fez referência, é que o estudo (ou sondagem, para sermos mais precisos) foi feito em 38 países, conforme o relatório da UEFA indica. Ou seja, os tais 18.000 cidadãos questionados sobre o seu clube favorito, são na realidade uma amostra de um universo de cerca de 790 milhões de habitantes (e estou a contar apenas com a população da parte europeia da Rússia).

Ou seja, a amostra da sondagem corresponde a 0,0023% do universo analisado.

Arredondando por alto a população portuguesa para 11 milhões, e assumindo que a amostra foi mais ou menos equilibrada pelos vários países em função da população respetiva, isto significa que terão sido entrevistados cerca de 250 portugueses, dos quais 117 terão respondido serem benfiquistas.


Não é referido se os questionários foram feitos tendo em consideração o perfil da população portuguesa (representação geográfica, sexo, escalões de idade, ou graus de instrução. De qualquer forma, uma sondagem feita com base em apenas 250 entrevistas, mesmo que seguisse os critérios de representatividade que referi, dificilmente pode ser tomada como credível devido à dimensão da amostra.

Isto significa que os 47% são um número pouco válido. Os benfiquistas poderão argumentar que serão mais, os sportinguistas e portistas que serão menos. Dos órgãos de comunicação social poderíamos esperar que ao menos olhassem com alguma atenção para o que andam a divulgar.

Repito aquilo que escrevi no post de ontem: o relatório da UEFA é interessantíssimo. Dos vários quadros e gráficos, quase todos se baseiam em fontes credíveis, como estatísticas oficiais das competições (assistências), ou os relatórios e contas apresentados pelos clubes. Esta sondagem da UEFA que determinou os 47% de benfiquistas (que envolveu outras perguntas, como se os entrevistados se interessam muito, se interessam, ou se não se interessam por futebol, e as ligas estrangeiras que seguem) é das poucas coisas do relatório que não se baseiam em números oficiais e completos. Lamento que a comunicação social não se tenha apercebido disso.

Lost in translation

O interesse do Zenit em Eric Dier                                                                                                          
Ontem, o jornal russo Izvestia noticiou o interesse do Zenit em contratar Eric Dier. É sabido que grande parte do trabalho diário dos nossos jornalistas desportivos é a retransmissão de todo o tipo de rumores, mesmo os mais descabidos, pelo que não espantou que pouco depois os sites de A Bola, Record, O Jogo, e Rádio Renascença tenham dado eco à notícia vinda de leste.

As notícias dos quatro sites continham mais ou menos os mesmos pormenores, o que leva a crer que todos se basearam no conteúdo divulgado pelo jornal russo para construir os seus textos: falam todos no facto de o reforço da defesa ser uma prioridade do Zenit, que Dier agrada pela polivalência e pela presumível facilidade de se adaptar aos métodos de Villas-Boas, e em que o valor do negócio se poderá fazer por €4,5M.

É óbvio para todos que isto não passa de um rumor sem qualquer fundamento. Ninguém acredita que o Zenit pense em Dier para atacar a Liga dos Campeões (o inglês tem muito potencial mas ainda não está nesse nível), nem me parece que o Sporting o deixasse sair por €4,5M. É mais uma as infindáveis "notícias" sobre hipotéticos interesses que acabam por se esfumar com o tempo.

No entanto, o Record ainda adocicou um pouco a notícia com uma razão adicional para o interesse do Zénit (no último parágrafo, a amarelo):


Segundo o Record, o interesse do Zenit em Dier deve-se também ao facto de André Villas-Boas ter visto o central em ação quando treinava equipas portuguesas.

Ora, AVB treinou apenas dois anos em Portugal -- em 2009/10 na Académica, e em 2010/11 no Porto.


Isto significa que o viu em ação quando estava nas reservas do Everton ou nos juvenis do Sporting. Faz todo o sentido... até já estou a imaginar Villas-Boas, na véspera da final da Liga Europa, a pedir ao comandante do avião que faria o percurso Porto - Dublin, para fazer um desvio por Liverpool, para poder ver Dier a fazer um jogo nas reservas do Everton.

Sim senhor, isto é jornalismo do bom. De A Bola, O Jogo, RR, mas com distinção para o Record pelo delicioso pormenor que acrescentaram a uma história que já tresandava a falso.

Sim, eu sei que provavelmente terá sido somente um erro na tradução de russo para português, e erros todos estamos sujeitos a cometer. Tudo natural, e estou a escrever isto em tom de brincadeira. Mas agora mais a sério: será que há necessidade de darem importância a rumores sem qualquer tipo de confirmação de uma fonte credível? Já ninguém acredita nestas coisas, mesmo... por que não se limitam a dar notícias com confirmações de fontes em quem confiem? Seria um bom passo para jornais e rádios tentarem recuperar um pouco da sua própria credibilidade.

Por exemplo, honra seja feita ao Maisfutebol: raramente dão corda a notícias deste tipo. Quando falam na possibilidade de haver uma transferência, eu fico atento ao que eles têm para dizer.

P.S.: as minhas desculpas pelo plágio a @baavin, que foi quem se apercebeu do erro nesta frase do Record.

Balanço das arbitragens: 27ª jornada

Aqui fica o balanço da 27ª jornada, com quase uma semana de atraso. O balanço da 28ª jornada sairá na sexta-feira.

Arouca 0-2 Benfica (Hugo Miguel)
=: jogo sem casos, arbitragem sem influência no resultado

Sporting 2-0 Gil Vicente (Bruno Esteves)
=: jogo sem casos, arbitragem sem influência no resultado

Braga 1-3 Porto (Rui Costa)
18' - Golo anulado a Varela por falta sobre Núrio - decisão errada, Varela não parece fazer qualquer falta
80' - Ghilas faz um remate que embate no cotovelo de André Pinto, o árbitro não assinala penálti - decisão errada, o remate é à queima-roupa, mas o jogador do Braga está a aumentar a mancha do corpo com o braço
=: apesar dos erros, a arbitragem acabou por não ter influência no resultado


Resumo da jornada



Acumulado da época




Classificação




Jogos com arbitragens com influência no resultado