sexta-feira, 18 de abril de 2014

A verdade desportiva segundo João Querido Manha - Parte II

                                                                                                                                       

Há poucos dias voltou a ser levantada a questão da verdade desportiva, mas desta vez não foi por causa do Arouca - Benfica:

A moda da "gestão"

Os treinadores de futebol estão atacados de um modismo sem sentido e que dá pelo nome pomposo de "gestão". Trata-se de preservar o físico dos jogadores, que não se podem cansar em determinados jogos para, supostamente, serem decisivos noutros mais importantes. Até há pouco tempo era coisa de treinador de clube grande, atarefado entre provas nacionais e grandes desafios europeus. Mas agora alastra entre os que perseguem segundos objetivos nacionais, depois de falharem, com maior ou menor estrondo, a classificação desejada na Liga. Este fim de semana a "gestão" do Braga e do Rio Ave, semifinalistas da Taça de Portugal, resultou em derrotas óbvias na prova principal, com influência direta na classificação, perante a indiferença geral. Mais uma vez, os clubes tomam opções que afetam a imagem da competição e, indiretamente, prejudicam a verdade desportiva. 

João Querido Manha, jornal Record, 14 Abril de 2014


Começa a ser complicado escrever sobre as opiniões de João Querido Manha. Quando o Arouca decide mudar o jogo com o Benfica para Aveiro, por fins puramente financeiros, não se passa nada para o diretor do Record. Segundo João Querido Manha, a ideia a reter na mudança de estádio era que os supremos interesses do Arouca estavam a ser defendidos. Não interessava que as aspirações de manutenção do próprio clube estivessem a ser postas em causa, desde que a receita fosse histórica. Ao mesmo tempo, optou por ignorar o facto de que a tarefa do Benfica ficou facilitada, prejudicando indiretamente o Sporting.


No entanto, quando precisamente na mesma jornada Rio Ave e Braga decidem, por razões puramente desportivas, fazer poupanças para a meia-final da taça que se realizaria três dias depois, João Querido Manha já tem uma interpretação diferente. Neste caso, os dois clubes estão a prejudicar a verdade desportiva, pois as suas poupanças beneficiaram os clubes que defrontaram. Enquanto que o Rio Ave perdeu com o Olhanense, o Braga perdeu contra... o Porto, que por acaso também fez poupanças a pensar na meia-final da Taça de Portugal.


Eu sei que crítico o Record muitas vezes, mas o jornal não merece este diretor. Há gente séria que lá trabalha que não merece estes delírios de João Querido Manha, que mudam de direção em função das cores dos clubes envolvidos.


Já agora, parece-me oportuno colocar aqui uma frase de um dos jornalistas que mais gosto de ler. Bernardo Ribeiro, do Record, fez um pequeno mas certeiro comentário sobre o Arouca - Benfica, precisamente no mesmo dia em que João Querido Manha dissertou sobre o dano que Rio Ave e Braga causaram à verdade desportiva do campeonato de 2013/14:

Não havia necessidade de se jogar em Aveiro. Permitiu-se o falsear da verdade desportiva e descredibilizou-se a prova. E o Benfica não precisava, tal a vantagem. Muito português.