segunda-feira, 7 de abril de 2014

Doses industriais de azia mal disfarçada

O pior programa sobre futebol é na #RTP                                                                                            
Eu nunca vejo o programa Zona Mista. Abri uma exceção quando Bruno de Carvalho foi entrevistado, mas normalmente faço questão em não ver um programa em que as estrelas da companhia são um jornalista que escreve notícias falsas num jornal a pedido do presidente do seu clube, e um ex-dirigente benfiquista que, enquanto presidente do Estoril, esteve envolvido na vergonhosa mudança de recinto do Estoril - Benfica para o Estádio do Algarve.

A propósito dessa mudança de recinto, parece-me adequado relembrar alguns pormenores. Aqui ficam duas excertos de blogues benfiquistas sobre esse episódio de 2005:

in serbenfiquista.com

Cá para mim António Figueiredo tem dificuldades em distinguir uma graça de uma observação sarcástica. Mas adiante. Vejamos agora como um adepto encarnardo (numa opinião certamente partilhada por muitos mais) reagiu à atitude do então presidente do Estoril:

in almabenfiquista.blogspot.pt

Estamos conversados em relação à seriedade destas duas personagens, que é o motivo que me faz não ter qualquer interesse no programa Zona Mista.

No entanto, no sábado, enquanto arrumava a cozinha após um jantar mais tardio (sou incapaz de ingerir qualquer tipo de alimento enquanto o Sporting está a jogar), fui fazendo zapping e parei na RTP Informação, que transmitia a conferência de imprensa dos treinadores no final do Paços - Sporting. Para mal dos meus pecados não me apercebi que se tratava do Zona Mista.

Logo após o final da conferência de imprensa, as doutas figuras que mencionei foram interpeladas sobre aquilo que o Sporting poderá fazer no próximo ano:


Para além de se sentir incomodado com o discurso do "xô presidente do Sporting", António Figueiredo parece bastante cético em relação à importância de Bruno de Carvalho na recuperação do clube de um ano para o outro. Em simultâneo, mostra-se compreensivo para com o desempenho da direção de Godinho Lopes, ao resumir que o 7º lugar da época passada teve a ver com o facto de "as coisas não correrem bem, e a gente às vezes faz tudo para elas correrem bem e elas não correm". Foi azar, portanto. Na realidade é uma opinião pouco surpreendente, vinda de um ex-presidente a quem não incomoda a descida de divisão do clube que lidera, desde que isso facilite a vitória no campeonato da sua equipa do coração.

Godinho Lopes, em comparação com António Figueiredo, é de facto um deus do dirigismo desportivo.

Depois, Figueiredo fez uma análise tão absurda quanto desonesta sobre a preparação da próxima época do Sporting. Se saem jogadores é por que saem e o plantel fica fraco -- quando seria razoável pensar que pelo menos uma parcela dessas receitas poderia servir para reforçar a equipa. Se o Sporting não vender, então não há dinheiro, mesmo que a aritmética necessária para perceber como se pagará o orçamento do Sporting possa ser resolvida por qualquer criança que esteja a frequentar o 1º ano.

E ao fazer a observação "ou então faz exatamente a mesma figura da última vez que lá esteve [na Liga dos Campeões]", António Figueiredo está também a passar um atestado de incompetência ao seu Benfica -- é verdade que o Sporting foi humilhado pelo Bayern, mas por acaso isso até aconteceu numa fase da prova (oitavos de final) que, em 2013/14, o melhor plantel do Benfica dos últimos 30 anos não conseguiu alcançar por falta de competência -- e logo num ano em que o seu presidente ambicionava a presença na final. E é bom recordar que, nesse ano, o Sporting apurou-se para os oitavos de final num grupo bem mais complicado do que aqueles que despacharam o Benfica para a Liga Europa nas últimas duas épocas.

Finalmente, ouvir um benfiquista dizer que o Sporting tem que se preocupar com o passivo que tem para abater, só pode ser mesmo encarado como uma anedota. 

A sério, a RTP não consegue arranjar melhor que esta miséria de comentadores? Tenho que passar a ter mais cuidado quando faço zapping.