terça-feira, 8 de abril de 2014

O alargamento e a competitividade (parte 1)

A liga portuguesa com 18 clubes                                                                                                            
No passado sábado, o leitor Sporting Até Morrer (José) colocou num comentário a um post que fiz sobre o número de golos marcados pela Académica (na altura o 6º classificado com apenas 18 golos marcados em 25 jogos), umas estatísticas muito interessantes que não abonam nada a favor da competitividade do campeonato português. Vou colocar os dados que o José indicou no seu comentário, pois parecem-me que ajudam a demonstrar o enorme erro que é o alargamento da I Liga para 18 clubes.

Mestre, e mais abaixo está uma equipa histórica com o nome Belenenses que marca uma média de meio golo por jogo...mas que curiosamente ainda tem boas hipóteses de continuar por cá na próxima época por via desses magníficos alargamentos!

Por curiosidade fui espreitar os outros campeonatos para comparar com o português e verifica-se:

- Portugal
16 clubes 
6 equipas abaixo da média de 1 gm por jogo 
Média de 2,38 golos por jogo

- Espanha 
20 clubes 
6 equipas abaixo da média de 1 gm por jogo 
Média de 2,78 golos por jogo

- Inglaterra 
20 clubes 
5 equipas abaixo da média de 1 gm por jogo 
Média de 2,76 golos por jogo

- Alemanha 
18 clubes 
1 equipa apenas abaixo da média de 1 gm por jogo 
Média de 3,18 golos por jogo!

- França 
20 clubes 
6 equipas abaixo da média de 1 gm por jogo 
Média de 2,41 golos por jogo

- Itália 
20 clubes 
5 equipas abaixo da média de 1 gm por jogo 
Média de 2,66 golos por jogo

Portanto, somos mesmo os piores entre os 6 primeiros classificados no ranking uefeiro...com tendências para piorar na próxima época!

Estou totalmente de acordo com a opinião do José, quando diz que o alargamento para 18 clubes só irá piorar a situação. É evidente que o 5º lugar no ranking da UEFA (que provavelmente passará a 4º no princípio da próxima temporada) não corresponde à competitividade do nosso campeonato. A boa posição no ranking da UEFA traduz acima de tudo uma excelente prestação europeia de Porto e Benfica nas últimas 5 épocas, com uma ajuda mais esporádica de Sporting e Braga. Todo o restante panorama do futebol português é francamente mau, salvo uma ou outra honrosa exceção.

Entenda-se que quando falo em maior competitividade, refiro-me a jogos com maior concentração de talento nas duas equipas em campo, com mais espetáculo e, obviamente, mais golos. E aí penso que estaremos todos de acordo que a entrada de duas novas equipas não acrescentará nada ao aumento da competitividade da I Liga. Serão, simplesmente, mais duas equipas com poucos meios cujo objetivo será a manutenção, contribuindo ainda mais para a dispersão do pouco talento que vai ficando por cá.

Quem não concorda com esta opinião, poderá perguntar-me se não estou a ser demasiado exigente, atendendo ao facto de sermos um pobre e pequeno país do canto da Europa que, apesar de todas estas limitações, consegue no futebol uma visibilidade que poucas outras atividades económicas e culturais conseguem impôr internacionalmente. É verdade, se calhar estou a ser exigente, mas na minha opinião há condições para o nosso campeonato ser melhor.

A resposta passaria, evidentemente, por reduzir o número de equipas das I Liga, e não aumentar. Num próximo post hei-de sustentar a minha opinião com algumas estatísticas e números que estive a recolher.