sexta-feira, 11 de abril de 2014

Sporting B

Mais por falta de oportunidade do que por falta de vontade, têm sido poucos os jogos da equipa B que tenho podido acompanhar. Infelizmente são poucas as partidas transmitidas pela Sport TV, e muitas das vezes acabo por não poder vê-las. Anseio pelo momento em que a Sporting TV nos proporcionará bastantes mais oportunidades de acompanharmos os jogos dos nossos jovens. Mas isso é outra conversa.

Parece pairar no ar a ideia de que o aproveitamento da equipa B está a ficar bastante aquém das expetativas, não tanto por causa da classificação (que é bastante aceitável), mas principalmente por estarem a ser poucos os jovens a conseguirem afirmar-se ou sequer a terem oportunidades na equipa principal.

Provavelmente, o principal motivo deste desencanto tem a ver com aquilo que foi a equipa B na época passada. Não só a equipa disputou durante grande parte da época a liderança com o Belenenses, como depois foram muitos os jogadores que acabaram por ter oportunidade de jogar na equipa principal: Ilori (11 jogos), Pedro Mendes (3), Dier (15), Fokobo (2), João Mário (1), Plange (1), Zezinho (6), Esgaio (6), Bruma (13), e Betinho (4). Ao todo, foram utilizados em 2012/13 um total de dez jogadores que iniciaram a época na equipa B.

É evidente que comparando a época anterior com a atual, parece desolador o facto de apenas um jogador que inicou a época na equipa B (Mané) ter tido oportunidade de jogar na equipa principal. Esgaio, Wallyson e Dramé já foram convocados mas não chegaram a ser utilizados.

Eu diria que tanto 2012/13 como 2013/14 foram anos atípicos que atiraram o aproveitamento da equipa B para extremos opostos:

  • 2012/13 foi o ano de estreias das equipas B, onde se juntaram jogadores que chegaram a sénior em anos diferentes, havendo portanto mais talento concentrado.
  • A preparação da época 2012/13 da equipa principal foi incrivelmente mal preparada, e ruiu pela base ao fim de poucos meses. O aproveitamento da equipa B acabou por ser uma opção de recurso que, felizmente, acabou por estabilizar o inacreditável estado a que o Sporting chegou.
  • 2013/14 foi uma época bastante melhor preparada, com uma estrutura estável, que incorporou William e Dier logo desde o princípio (Ilori e Bruma, os outros óbvios candidatos, saíram nas circunstâncias que conhecemos).
  • 2013/14 teve um número anormalmente baixo de jogos (por exclusão das competições europeias e um afastamento prematuro da Taça de Portugal), que reduziu a necessidade de rotação da equipa. Se muitos dos habituais suplentes do plantel principal não tiveram grandes oportunidades de jogar, menores ainda foram as oportunidades para jogadores da equipa B.
  • É possível que a forma como a temporada de 2012/13 correu, se tenham criado expetativas irrealistas em alguns dos nossos jovens, que tomariam como mais facilitado o acesso à equipa principal. E isso também ajuda a explicar alguns casos que existiram este ano.


Para além das apostas iniciais em Dier e William, vimos também como Leonardo Jardim foi preparando a entrada de Carlos Mané. Perante a falta de resposta dos extremos do plantel principal, e tendo consciência do potencial do jovem, decidiu-se que estava na altura de o lançar. Primeiro com presenças no banco, depois dando-lhe alguns minutos com o jogo já resolvido, ao que se seguiram apostas com o resultado ainda em disputa que, tendo sido bem aproveitadas pelo jogador, acabaram por lhe abrir as portas da titularidade algum tempo depois.

Mané é um talento enorme, pelo que não podemos pensar que será sempre igualmente fácil a outros jogadores de 19 anos imporem-se desta forma. A evolução mais natural será aquela que vimos em Cédric, William, Adrien, (André Martins nem tanto, visto que a gestão de carreira que o clube lhe proporcionou foi um desastre), Wilson e, agora, João Mário, em que o percurso será Equipa B --> Empréstimo a clube de 1ª divisão --> Regresso ao plantel principal do Sporting.

Parece-me, portanto, que o normal será um meio termo entre a época anterior e a atual. Todos os anos incorporando um pequeno número de jogadores na equipa principal (vindos da equipa B ou de empréstimos a outros clubes) e, durante a época, chamando outros para ajudar à rotação do plantel ou para suprir apostas falhadas noutros jogadores. O que não faz sentido é estarmos a questionar a utilidade da equipa B, que é e continuará a ser uma ferramenta importantíssima para o desenvolvimento dos nossos jogadores.

P.S.: Este ano também vimos uma aposta na contratação de jogadores estrangeiros para a equipa B (já tinha acontecido no passado, mas com menos visibilidade). Parece-me que faz sentido, desde que feita com conta, peso, e medida, e apenas para excelentes oportunidades identificadas pela prospeção.