quinta-feira, 29 de maio de 2014

Luís no país das maravilhas

Vieira e o passivo do Benfica                                                                                                                  
Voltando à entrevista de Luís Filipe Vieira à RTP, aqui fica mais uma declaração que achei muito interessante:


Destaco a frase "O que é importante realçar é que nós chegámos a um ponto em que estamos sempre muito competitivos em todas as vertentes e lentamente vamos reduzindo o nosso passivo.".

Lenta redução do passivo. Nota-se.

Valores em milhões de euros.
(*) Incorporação da Sociedade Benfica Estádio no perímetro de consolidação do grupo
Números retirados daqui.

Agora um pequeno gráfico com base nos números que estão no quadro, para podermos apreciar a tendência de redução do passivo que Vieira refere.


O Benfica não apresenta lucros desde 2007/08. Os capitais próprios há três anos passaram a negativos e continuam a cair perigosamente. O passivo não tem deixado de aumentar ano após ano. Pior, nos últimos quatro anos o endividamento do Benfica tem crescido de forma galopante. A técnica, agora, é contrair empréstimos obrigacionistas no momento em que se vencem os anteriores, aumentando progressivamente o seu valor (há que pagar o valor emprestado mais juros, e aproveitam para pedir mais uns trocos para atividades correntes).

O património do clube tem vindo a crescer, é certo, mas será sustentável? Que mais-valias trarão para a atividade principal do clube - a área desportiva? Eventualmente o centro de estágios poderá vir a compensar, mas a progressão dos jovens formados no clube colide de frente com a política desportiva que tem vindo a ser seguida nos últimos anos. E ter património não é só construir e está feito. Significa suportar juros dos empréstimos que os pagaram e custos de manutenção anuais elevados.

Vieira pode falar nas grandes receitas que o clube tem, mas o que se verifica é que os custos têm sido sempre superiores às receitas (como os resultados líquidos negativos indicam), o que significa que a capacidade para pagar os empréstimos contraídos é muito baixa.

As contas do Sporting antes da reestruturação eram piores, é um facto. Mas felizmente que agora não temos dirigentes a tentar esconder o real estado das finanças do clube, o que é um passo imprescindível para se poder começar a resolver o problema. 

No Benfica passa-se o inverso. Vieira não muda. Desde que é presidente que tem um discurso recheado de promessas maravilhosas, dando totais garantias de que o clube está a ser bem governado e que tudo está perfeitamente controlado. E ainda tem a lata de chamar os outros de populistas.