terça-feira, 6 de maio de 2014

O novo treinador do Porto

                                                                                                                                                     
Pinto da Costa apresentou há pouco Lopetegui como o treinador do Porto para a próxima época. Não o conheço, mas olhando para a sua carreira não será certamente uma escolha consensual, e dificilmente entusiasmará os adeptos portistas.


Lopetegui não tem experiência como treinador de clubes da primeira liga. Treinou o Rayo Vallecano em 2003, quando o clube estava na segunda liga, tendo sido despedido ao fim de dez jogos. Seguiu-se um interregno de vários anos, em que Lopetegui se dedicou ao comentário desportivo. Retomou a carreira em 2008, onde esteve uma época no Real Madrid B. Daí passou para as camadas jovens da seleção espanhola, onde finalmente conheceu algum sucesso.

Como jogador (Lopetegui era guarda-redes) esteve 3 anos no Real Madrid e outros 3 no Barcelona, mas poucas vezes jogou. Tem portanto alguma experiência de balneário de clubes que jogam sempre para ganhar.

Olhando para o passado do novo treinador, parece-me que a sua contratação revela que o Porto está a planear uma época de investimento reduzido e sem perspetivas de sucesso imediato. Um contrato de 3 anos (Pinto da Costa normalmente contrata treinadores por 2 anos) de um treinador especialista em camadas jovens significa que o Porto irá privilegiar o desenvolvimento de jogadores -- se da equipa B ou da América do Sul logo se verá. 

No fundo, o Porto deverá tentar regressar à fórmula que tão bons resultados deu ao longo dos últimos dez anos, mas existe uma diferença: desta vez, esses novos jogadores não irão encontrar no Porto um balneário forte, composto por atletas de grande experiência e com muitos títulos conquistados. O Porto está vendedor, é previsível que Jackson e Fernando saiam, sobrando apenas Helton, Quaresma (?), e Varela para transmitirem uma cultura vencedora aos seus colegas mais novos.

Sem colocar em causa a sua competência (até porque, repito, não conheço nada do seu trabalho), à primeira vista contratar Lopetegui na prática não será muito diferente do que contratar Rui Jorge. Tirem-se os títulos nas seleções jovens espanholas que Lopetegui conquistou (que convenhamos, é uma quase inevitabilidade perante o domínio espanhol no futebol mundial), e teremos duas pessoas com um percurso profissional muito idêntico. O que se diria se o Porto contratasse Rui Jorge? Coisa boa não seria, mas pelo menos Rui Jorge teria a vantagem de conhecer de ginjeira o futebol português e o próprio Porto.

Uma palavra final para o timing da apresentação do treinador: não faria mais sentido que tivessem esperado mais cinco dias para o fazerem depois da época acabar?