sexta-feira, 2 de maio de 2014

Quem anda à chuva molha-se

As críticas ao comentário de Pedro Mendes                                                                                 
Ponto prévio: o Benfica eliminou a Juventus com justiça. Defendeu muito bem o resultado que conquistou na primeira mão. A forma como conseguiu secar a Juventus na 2ª mão, jogando mais uma vez em inferioridade numérica, não está ao alcance de qualquer um, e estão de parabéns por isso.

Estaria a ser hipócrita se dissesse que é para mim uma enorme felicidade ver as outras equipas portuguesas que não o Sporting a terem sucesso nas competições internacionais. A carreira do Benfica nas competições europeias é-me normalmente indiferente. Em relação ao Porto, prefiro que perca sempre, mas também não me vou chatear se isso não acontecer. Para mim só o Sporting realmente interessa. Não há jogo em que o Sporting não participe (ou a seleção portuguesa) que me faça viver durante 90 minutos à beira de um colapso cardíaco.

Mas honestamente, esta histeria à volta da carreira do Benfica já ultrapassou há muito os limites do razoável. Está muito bem que os adeptos festejem os sucessos do seu clube, mas há uma coisa que me incomoda: parece estar instalada a ideia de que é uma obrigação patriótica de todos os portugueses terem que acompanhar os benfiquistas nessa felicidade, e quem destoar deste sentimento é imediatamente criticado. E incomoda-me ainda mais quando vejo os jornalistas a acompanhar e a alimentar essa euforia, como se de um desígnio nacional se tratasse.

Mais ridícula se torna essa ideia quando essas mesmas pessoas referem com apreço os adeptos do Torino que apoiaram o Benfica contra a Juventus.

Isto tudo, a propósito de uma mensagem politicamente incorreta escrita nas redes sociais por Pedro Mendes, antigo jogador do Sporting:


Como não poderia deixar de ser, foi crucificado de imediato nas redes sociais. Provavelmente será uma questão de tempo para começar a ser criticado pelos nossos impolutos e retos comentadores desportivos.

Note-se que não tenho qualquer simpatia por Pedro Mendes. Por um lado até acho este desabafo um pouco hipócrita porque ele decidiu unilateralmente abandonar o clube que o formou e que tem por hábito lançar jovens portugueses. Mas a verdade é que tem razão: não fossem as lesões e os castigos, e de certeza que o Sevilha entraria em campo na final com mais portugueses que o Benfica, para quem a aposta nos jogadores nacionais está no fundo das suas preocupações. E não nos podemos esquecer que falamos de um clube onde há poucos meses aconteceu isto:


O timing de Pedro Mendes terá sido o melhor? Possivelmente não. Mas é uma crítica legítima, pelo não merece o apedrejamento público a que foi imediatamente sujeito.