sexta-feira, 9 de maio de 2014

Sporting, que futuro?

Na sequência do empate com o Nacional, o jornal A Bola fez uma capa onde demonstra uma preocupação tocante perante a fraca exibição do Sporting na Choupana.


Como é evidente, apesar de achar que o Sporting tem obrigatoriamente que se reforçar, não vejo que o patamar de exigência seja assim tão superior em relação aos desafios que esta época nos colocou. Sem querer estar a repetir-me sobre as dificuldades que a próxima época nos trará (pois há três semanas já dei a minha opinião aqui), não vejo qualquer motivos para estarmos pessimistas em relação ao que aí vem.

É verdade que a qualidade do futebol praticado na segunda metade do campeonato ficou longe dos momentos de brilhantismo conseguidos na primeira volta, mas o facto é que os pontos continuaram a ser conquistados ao mesmo ritmo. Certamente que não terá sido só por sorte que se conseguiram 10 vitórias, 3 empates e 1 derrota na segunda volta, contra as 10 vitórias, 4 empates e 1 derrota da primeira.

Sabemos que Leonardo Jardim é um treinador pragmático que não gosta de ver a equipa correr grandes riscos, e os resultados que tem conseguido ao longo da sua carreira têm-lhe dado razão. É claro que eu gostaria de ver a equipa a jogar um futebol mais espetacular, mas prefiro em primeiro lugar que a equipa ganhe. E não posso exigir vitórias e exibições de encher o olho quando não temos no plantel várias opções consistentemente desequilibradoras como tem o Benfica -- e até Jorge Jesus já percebeu que o rolo compressor de que se gabava era meio caminho andado para não se ganhar nada.

O rolo compressor de Leonardo Jardim

Voltando aos desafios que nos aguardam na próxima época, nenhum sportinguista mentalmente são exigirá que o clube vença a Liga dos Campeões. O pote 3 implica que nos calhará um grupo extremamente exigente, pelo que creio que será positivo se conseguirmos alcançar o 3º lugar. Como é evidente, este esforço adicional obrigará que o plantel tenha mais alternativas, mas isso é um processo normal de reforço que nem sequer terá que ser radical, pois as bases lançadas nesta época são muito boas.

Em primeiro lugar, acredito que será possível manter os melhores jogadores satisfeitos, pois há o aliciante da Champions e o clube pode e deve oferecer melhores salários aos jogadores que mais se destacaram. Acredito que, em relação aos jogadores com mais mercado:
  • William fica - não acredito que batam a cláusula de rescisão, o jogador ainda só fez uma época e sabe que tem mais condições para evoluir ficando no Sporting, e será natural que o clube o recompensará com um aumento salarial considerável
  • Rojo fica se não houver nenhuma cláusula com a Doyen que nos obrigue a vender o jogador - atendendo que temos apenas 25% do passe, a venda será sempre pouco compensadora
  • Rui Patrício sairá se fizer um bom mundial - é natural que ao fim de tantos anos queira experimentar outros campeonatos

Depois é uma questão de reforçar o plantel nas posições mais carenciadas (meio-campo e laterais). João Mário será um concorrente de peso para Adrien, mas para a posição 6 e 10 precisamos de mais alternativas. Penso que precisamos também de um lateral esquerdo para fazer concorrência a Jefferson, já que Piris não deverá continuar, e Esgaio poderá perfeitamente ser 2ª opção para defesa direito.

Um upgrade nas alas também será desejável, tal como outro avançado com as características de Montero. Não sei se será possível recorrer à equipa B para estes casos específicos. Há que dar também o benefício da dúvida a Heldon e Shikabala. É indiscutível que não corresponderam às expetativas que havia no momento da sua contratação, mas nunca é fácil para um jogador impôr-se ao chegar com o campeonato em andamento. No caso do egípcio, o prolongado tempo sem competição foi um problema que acabou por comprometer toda a época.

Mantendo Rojo não acho que precisemos de novos centrais. Rojo, Dier, Maurício e outro jovem da formação servem perfeitamente para as necessidades de 2014/15.

Em relação a Leonardo Jardim, não acredito que saia. As notícias que andam a circular não são mais do que pura especulação. O treinador tem contrato, e a direção nunca o deixará sair sem que os interessados paguem a cláusula de €15M. Leonardo Jardim até poderá não renovar (apesar de eu estar confiante que o fará), mas certamente que nesse cenário não deixará de dar o melhor das suas capacidades na época de contrato que lhe resta (não só por uma questão de profissionalismo, mas também porque tem a ganhar com isso em termos de visibilidade).

Concluindo, não me parece uma tarefa impossível para uma estrutura que trabalhou muito bem no ano passado, ao acrescentar enorme valor ao plantel com jogadores como Montero, Slimani, Maurício, Jefferson, e William, voltar a fazê-lo na próxima temporada. Vão acertar em todas as contratações? Claro que não. Mas se mantiverem a capacidade de acerto já não será nada mau e teremos uma equipa mais forte no próximo ano.

P.S.: no final da crónica do Nacional - SCP no jornal Sporting há uma excelente resposta às preocupações colocadas na capa de A Bola, que podem ler mais abaixo. Ao contrário da semana anterior, nesta edição do jornal encontrei grandes diferenças para melhor. Gostei muito dos artigos escritos por Bruno Roseiro sobre Joaquim Agostinho, sobre o golo de Cherbakov ao Beira-Mar, e sobre a Sporting TV. Sem desprimor para os antigos funcionários, nota-se ao fim de poucas linhas que Bruno Roseiro é de outro campeonato.

in Jornal Sporting