quinta-feira, 19 de junho de 2014

Alfinetadas que doem pouco

Parece que o Porto veio buscar mais um jogador às camadas jovens do Sporting. À semelhança do que aconteceu há um ano com Sambú e Cassamá, o Porto veio às compras a Alcochete só para mostrar ao Sporting que pode vir "roubar" jogadores à academia sempre que quer.

Honestamente, não me parece uma grande demonstração de força por parte de um clube que há quatro anos nos veio buscar o capitão de equipa. Essa sim, doeu profundamente.

Agora, acham que fazem mossa com Candés, Sambús ou Cassamás? Há um ano muito se escreveu que os dois jogadores contratados pelo Porto eram as estrelas da equipa de juvenis do Sporting, mas veja-se como terminou o campeonato que terminou no último fim-de-semana: o Porto a ver-nos a discutir o título na última jornada com o Guimarães. Por cada dois que saírem haverão outros dois talentos da academia que terão oportunidade de se desenvolver.

Não tenho dúvidas que o Sporting também conseguiria ir buscar jovens jogadores ao Olival caso a direção considerasse que seria uma política útil para o clube. Bastava acenar com um salário chorudo a jogadores estrangeiros da formação portista em final de contrato, e estaria feito.

Cada vez mais as formações dos grandes estão carregados de jogadores que abandonam cedo os seus países de origem, para quem o amor ao clube que os tenta desenvolver é algo que simplesmente não existe. Os clubes onde estão são apenas uma ferramenta para tentarem chegar ao sucesso, e sem família que os acompanhem devidamente gravitam à sua volta oportunistas que se preocupam mais em receber as suas comissões rapidamente do que no desenvolvimento dos jogadores que representam. São, portanto, alvos perfeitos para ações deste tipo.

Não quero, no entanto, que o Sporting responda na mesma moeda. Prefiro que a equipa B do Sporting seja constituída por jogadores formados no Sporting, que querem estar no Sporting, e complementada com alguns jogadores contratados com grande potencial (infelizmente tem havido algumas contratações questionáveis). Ir comprar inflacionado a um rival só para marcar pontos de utilidade duvidosa num campeonato de alfinetadas terá, acima de tudo, efeitos contraproducentes: a pressão sobre o jogador será maior (pelo mediatismo da troca de clube) e os companheiros que o recebem não verão com bons olhos a entrada de alguém que terá certamente um salário muito superior ao seu.

Há no entanto lições que o Sporting já deveria ter percebido: não faz sentido continuar a utilizar regularmente jogadores em final de contrato. Se essa regra se aplica à equipa principal e à equipa B, então também faz todo o sentido aplicá-la aos juniores.