quarta-feira, 25 de junho de 2014

A conferência de imprensa de ontem

                                                                                                                                     
Humberto Coelho fez finalmente o frete de interromper as férias e compareceu com Henrique Jones na sala de imprensa para responder às perguntas dos jornalistas, que finalmente parecem ter percebido que nem tudo correu maravilhosamente bem na preparação do mundial.

As perguntas colocadas foram pertinentes, mas as respostas do diretor da FPF foram evasivas e pouco esclarecedoras. Humberto Coelho foi trapalhão, não acrescentou nada de novo, e foi evidente que deu a cara apenas para tentar aliviar alguma da pressão da conferência de imprensa que Paulo Bento dará esta tarde em Brasília.

Por seu lado, Henrique Jones desvalorizou o estado físico e as lesões dos jogadores, afirmando que não havia motivos para acreditar que não fossem estar a 100% durante o mundial, acrescentando que todos os jogadores que entraram em campo estavam medicamente aptos a jogar.

O médico da seleção afirmou ter dado a sua opinião sobre as características do centro de estágio no momento da escolha, mas que não teve influência na decisão final - nem sequer confirmou se concordou com Campinas. Disse também que a seleção precisaria entre 15 a 30 dias para se adaptar a 100% ao clima de Manaus, e 10 a 15 dias ao clima de Salvador, pelo que seria impossível os jogadores conseguirem estar totalmente ambientados.

Aparentemente também não foi Henrique Jones que escolheu o fisioterapeuta do Real Madrid para fazer parte da comitiva. O médico limitou-se a indicar à direção que precisava de mais dois fisioterapeutas, e que não teve influência nos nomes dos técnicos que foram contratados.

Compreendo que ninguém tenha dado qualquer resposta que ajudasse a esclarecer o que tem estado a correr mal neste mundial. Para todos os efeitos, existem ainda ténues possibilidades de passarmos à fase seguinte e apenas estariam a dar tiros nos próprios pés se começassem a revelar aquilo que efetivamente se passou desde que o mundial começou a ser preparado.

No entanto, não só não continuamos sem respostas que expliquem as opções tomadas, como as perguntas ainda se continuam a acumular: 

  • Se não foi o médico, quem decidiu integrar o fisioterapeuta do Real na comitiva? Foi Cristiano Ronaldo que fez pressão? Jorge Mendes? O Real Madrid diretamente? Quem na federação tomou essa decisão?
  • Se é necessário assim tanto tempo para os jogadores se adaptarem ao clima de Salvador e Manaus, não faria sentido a seleção chegar mais cedo? Em vez de fazer de Campinas o hub das deslocações da seleção, porque não viajaram diretamente para o local dos jogos? Sempre teriam mais alguns dias de adaptação?
  • Se os jogadores estão medicamente aptos, significa que houve algo que falhou redondamente para os colocar em condições físicas e técnicas para jogos desta importância. Quem são os responsáveis por isso? A equipa técnica? Falta de motivação dos jogadores? Mau ambiente no balneário?

São perguntas que percebo que só venham a ser respondidas após o regresso a casa de Portugal. Mas espero que os jornalistas façam o seu trabalho e pressionem a FPF a respondê-las - caso contrário dificilmente haverá apuramento de responsabilidades e arriscamo-nos a termos mais do mesmo daqui a dois anos.