domingo, 1 de junho de 2014

Zero ilações

O rescaldo do Portugal - Grécia                                                                                       
A palavra ilações foi a mais utilizada pelos comentadores e repórteres no rescaldo do Portugal - Grécia de ontem. Percebe-se porquê: o conservador Paulo Bento decidiu não só deixar alguns dos mais influentes jogadores portugueses (os quatro principais jogadores de campo da seleção - Cristiano, Pepe, Moutinho e Coentrão ficaram de fora, e ainda Meireles e Rui Patrício), como também optou por revolucionar o sistema de jogo, utilizando William Carvalho ao lado de Miguel Veloso, e a dupla Eder / Postiga na frente.

Tirando os primeiros quinze minutos, jogados a um bom ritmo e gerando algumas situações de golo (sobretudo de bola parada), o jogo foi extremamente fraco. Creio que a dupla William / Veloso não funcionou (o que não é de admirar, visto que são jogadores habituados a jogar sozinhos naquela posição), Postiga e Varela não existiram, Nani e Eder esforçaram-se mas as coisas não lhes saíram bem, e André Almeida não é solução para ser titular a defesa esquerdo. A seleção atacou quase exclusivamente pelo lado direito, onde João Pereira acabou por conseguir ter algumas iniciativas interessantes.

Na realidade, se há uma ilação a tirar deste jogo é que Deus nos livre de Ronaldo, Moutinho e Coentrão se lesionarem e não estarem disponíveis em todos os jogos do mundial que disputarmos. Paulo Bento, ao deixar de fora seis habituais titulares, fez um desfavor a si próprio ao demonstrar a todos que não levar os melhores em cada posição e a aposta excessiva na polivalência poderá vir a ter grandes custos na campanha no Brasil. 

Fiquei também a saber que os jogos de preparação que faltam vão ser disputados à 1h30 da madrugada (contra o México) e à 0h45 da madrugada (contra a Irlanda). Andou a FIFA a agendar os jogos do mundial para horas que permitam aos europeus seguirem as partidas, enquanto a nossa própria federação borrifa-se no interesse dos portugueses marcando os particulares para horários impróprios. Como é que é possível?

Para terminar, uma palavra para a prometida "gigantesca operação que a RTP prepara para o mundial" que Paulo Sérgio repetiu vezes sem conta durante os comentários ao jogo. A RTP até pode ter Paulo Fonseca, Carlos Carvalhal, Vítor Pereira, Domingos, enfim, os melhores especialistas do mundo, mas fiquem a saber que essa gigantesca operação de pouco servirá se nos obrigarem a gramar com os comentários de Paulo Sérgio. Quanto a António Tadeia, até gosto de o ouvir, mas por favor, uns miligramas de entusiasmo a fazer os comentários não fariam mal a ninguém.