sábado, 26 de julho de 2014

Dangerous Liaisons

Amizades pouco recomendáveis                                                                                            

Capa do JN de 25 de julho de 2014

Excerto de reportagem do Expresso sobre os aliados e inimigos de Ricardo Salgado, de 24 de julho de 2014

Acionistas da Benfica SAD, retirado do R&C do 1º semestre 2013/14

Esclarecimento prévio: José Conceição Guilherme é um empresário de construção civil, velho amigo e sócio de Vieira, que já foi alvo de várias investigações da PJ por ligações suspeitas com variadíssimos políticos. Segundo o livro "O Último Banqueiro" (sobre a ascensão e queda de Ricardo Salgado, de Maria João Babo e Maria João Gago - não é brincadeira, os nomes das autoras são mesmo estes) José Guilherme aconselhava-se frequentemente junto de Ricardo Salgado. O empresário terá dado a Ricardo Salgado um presente de 14 milhões de euros, supostamente como agradecimento pelos conselhos que o banqueiro lhe deu para apostar no mercado angolano e não no leste da europa. Juntamente com o conselho o banqueiro terá também indicado os contactos de que José Guilherme necessitaria para maximizar as hipóteses de sucesso do seu investimento. Ricas amizades.

Via @TheRocker_ 

Continuo agora com um excerto de um texto de Pedro Santos Guerreiro, escrito em setembro do ano passado, pouco tempo depois de Luís Filipe Vieira ter anunciado o melhor plantel dos últimos 30 anos para tentar conseguir chegar à final da Liga dos Campeões:
Já na Luz dinheiro parece não ser problema. Não porque o tenham a rodos, mas porque o mesmo banco que aperta o Sporting dá largas ao Benfica: o Banco Espírito Santo. Esta semana, o BCP confirmou oficialmente uma notícia do “Jornal de Negócios” de há uns meses, de que vai deixar de financiar o futebol, depois das perdas acumuladas em vários clubes. Um deles foi o Sporting, onde BCP e BES foram sucessivamente forçados a reestruturar a dívida, perdendo dinheiro. Mas o BES é gato que não se escalda. E estará a amparar tanto Luís Filipe Vieira que este afirmou, sem medo, na entrevista de há duas semanas à Benfica TV que, se fosse preciso, aumentaria a sua dívida. Foi preciso. Este ano o Benfica comprou mais do que vendeu.

Estes desenvolvimentos mostram que o Sporting afinou e está a ser financeiramente disciplinado; que o Benfica não tem medo do risco e assume mais dívida; e que o BES ou não aprendeu nada ou está com carências afetivas depois da hecatombe do Sporting.

Não quero dizer com isto que o propósito do triângulo amoroso Luís Filipe Vieira - José Guilherme - Ricardo Salgado seria a ajuda do BES ao Benfica para além daquilo que seria razoável. Não sou ingénuo ao ponto de pensar que empresários deste nível arrisquem relacionamentos e ligações passíveis de levantar suspeitas com o objetivo primordial de ajudar um clube de futebol. Isto são homens de negócios que se encontram na lista dos mais ricos em Portugal, e como é evidente os principais beneficiários neste tipo de amizades são os negócios pessoais dos envolvidos e as respetivas contas bancárias.

Mas mesmo estando os negócios pessoais no centro deste relacionamento, será descabido pensar que o Benfica tenha beneficiado de facilidades anormais no acesso ao crédito do BES como um efeito secundário destas amizades?

O facto de o BES passar a ser liderado por uma nova administração, cuja primeira responsabilidade é restaurar a credibilidade da instituição, implica que o banco deixará de amparar o Benfica da forma generosa como o tem feito até aqui. Isto não quer dizer que o BES vá cortar de forma radical o apoio ao Benfica (que seria uma irresponsabilidade e não ajudaria a credibilizar o banco), mas certamente que haverá uma mudança de atitude do banco em relação ao clube. O mais provável é que o BES deixe de financiar o clube da forma incondicional que tem sido a regra até agora, impondo determinadas obrigações em termos de equilíbrio de contas ao Benfica que nunca aconteceram no passado.