segunda-feira, 14 de julho de 2014

José Manuel Ribeiro, o destruidor de fantasias


Via twitter Super Sporting

No passado dia 5, o diretor do jornal O Jogo, José Manuel Ribeiro, escreveu este artigo sobre o fim da aposta na formação por parte do Sporting desde que Bruno de Carvalho chegou à presidência do clube. Trata-se de ideia uma partilhada por outros opinion makers da nossa praça, que parte do raciocínio de que as contratações feitas pelo Sporting de jogadores entre os 18 e os 21 anos provenientes de outros campeonatos significam indubitavelmente o fim da aposta nos produtos da academia de Alcochete.

Centrando-me no fim das fantasias sportinguistas decretadas por José Manuel Ribeiro, penso que este artigo tem uma série de omissões e conclusões enviesadas que deviam envergonhar o seu autor.

O Sporting sempre foi e continua a ser um clube com uma forte cultura formadora. A aposta em jovens da formação conheceu o seu ponto mais significativo no 2º semestre de 2012/13, provocada por uma política desportiva e financeira que colocou o clube à beira do colapso. Jesualdo Ferreira acabou por apostar a meio da época num número anormalmente alto de jovens da equipa B como Dier, Ilori, Bruma, Pedro Mendes ou Fokobo, entre outros. Foi acima de tudo uma situação ditada pelo desespero.

Como é evidente, seria realisticamente impossível manter este nível de lançamento de jogadores da formação (em quantidade e qualidade) nos anos subsequentes, em que a urgência para elevar os níveis competitivos do plantel e a obrigatoriedade de reduzir drasticamente o orçamento para o futebol limitam enormemente as opções de quem tem que fazer o planeamento de toda uma época.

Mesmo assim, José Manuel Ribeiro parece esquecer-se que na época passada (a primeira do "projeto de Bruno de Carvalho"), o Sporting integrou no seu plantel Wilson Eduardo, William Carvalho, Carlos Mané e Rúben Semedo. Quatro jogadores da academia, dos quais três tiveram uma utilização considerável ao longo da época. Rúben Semedo só não foi utilizado porque Leonardo Jardim nunca teve necessidade de recorrer ao 4º central do plantel, numa época curta em que não ocorreram casos de indisponibilidade simultânea de Rojo, Maurício ou Dier. Estes quatro jogadores da academia juntaram-se a Rui Patrício, Cédric Soares, Eric Dier, Adrien Silva e André Martins, que transitaram do plantel da época anterior.

Este ano é certa a integração de João Mário, com outros jogadores à espreita de oportunidades. No sábado vimos em campo Mica Pinto e Tobias Figueiredo, e não é descabido imaginar que Marco Silva possa dar oportunidades a Esgaio, Wallyson, Iuri ou Chaby, para não falar noutros jogadores. E se não for este ano, é bem possível que venham a ser apostas no próxima época caso tenham oportunidade de rodar com sucesso noutros clubes de primeira divisão.

O facto de o Sporting realizar sete contratações com uma reduzida média de idades está longe de significar o fim da aposta na formação. O Sporting não tem condições para disputar jogadores feitos de qualidade totalmente comprovada, pelo que tem que apostar em figuras de campeonatos secundários. Se forem novos, com elevada margem de progressão, e capazes de acrescentar valor no imediato, tanto melhor.

É normal que o clube reforce o seu plantel atendendo ao aumento de exigência da época que aí vem, tal como TODOS os comentadores desportivos têm vindo repetidamente a anunciar desde que o Sporting garantiu o apuramento direto para a Liga dos Campeões. Virem agora apontar o dedo à falta de aposta na formação é uma hipocrisia, principalmente quando é evidente que isso nem sequer corresponde à realidade.

O Sporting compete no campeonato português e não pode ignorar o que os seus rivais fazem. Tenho a certeza que o Sporting apostará ainda mais na formação quando Benfica e Porto começarem a fazer o mesmo. O Porto, ao contratar 60% do passe de Adrián por €11M, não estará a retirar espaço a Gonçalo Paciência? O Sporting não pode competir contra isto com jovens saídos da equipa B - precisa de procurar jogadores feitos ou com potencial, mas com mais experiência, sendo obrigado a procurá-los em mercados menos inflacionados devido às conhecidas restrições orçamentais.

Vergonha deviam ter Benfica e Porto, que têm tido nos últimos anos plantéis ultra-competitivos e carregados de jogadores com enorme experiência, por não reservarem espaço para que 2 ou 3 jogadores da sua formação possam desenvolver-se no convívio diário com os Jacksons, os Enzos, os Fernandos, os Aimares, os Luchos e os Luisões, e terem hipóteses de serem lançados de forma gradual na equipa principal.

Já é um acontecimento rotineiro o jornal O Jogo, e em particular o seu diretor, José Manuel Ribeiro, escrever peças de opinião sobre o Sporting carregadas de sarcasmo, que visam ridicularizar, provocar e diminuir dirigentes, treinadores, jogadores e adeptos, ao mesmo tempo que faz tudo para afagar o ego dos adeptos portistas.

Independentemente disso, há uma coisa em que os crédulos adeptos sportinguistas levam de vantagem em relação a José Manuel Ribeiro: é mais provável que surja um novo Ronaldo debaixo de um tufo de relva da academia de Alcochete do que algum dia O Jogo vir um dia ser uma publicação séria. Quem fabrica dois jogadores que chegam a Bola de Ouro, pode perfeitamente um dia vir a fabricar um terceiro. Gente que aceita estar durante anos a fio ao serviço do Porto como um canal oficioso de propaganda, dificilmente conseguirá fazer do jornal aquilo que qualquer órgão de comunicação social deveria ser.