sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Fair Play Financeiro, Moutinho e Fundos

                                                                                                                                         
Investigação da UEFA ao Sporting no âmbito do Fair Play Financeiro

A UEFA divulgou ontem que abriu uma investigação formal às contas de vários clubes europeus, entre os quais o Sporting. A única consequência, para já, é que o clube terá que apresentar documentação adicional sobre a sua situação financeira.

Não é nada de novo, tratando-se de mais uma consequência dos anos financeiramente desastrosos que antecederam a tomada de posse da atual direção. O Sporting apresentou em 2010/11, 2011/12 e 2012/13 prejuízos que, no seu conjunto, rondaram os €134M (não consigo escrever isto sem começar a sentir uma revolta imensa). O Fair Play Financeiro diz que os prejuízos acumulados nas últimas três épocas não podem superar os €45M, pelo que era inevitável que a UEFA acabasse por acionar este processo de investigação.

Será uma situação que nos deva preocupar? Na minha opinião não em demasia. A UEFA tem vários níveis de penalização, mas o objetivo dessas penalizações é forçar os clubes a corrigirem as suas políticas de forma a gastarem valores abaixo das suas receitas. O que joga a favor do Sporting no diálogo que se fará com a UEFA?

  • Está aprovado um plano de reestruturação financeira com os credores, que inclui a entrada de novos acionistas
  • A concretização com sucesso de uma redução substancial dos custos, com especial ênfase no orçamento para o futebol
  • A apresentação de lucros no exercício de 2013/14

Estou certo que a UEFA não será insensível ao facto de o Sporting ter sabido reequilibrar as suas contas anuais.


A decisão do Tribunal Arbitral da Liga no caso Moutinho

Aquando da venda de Moutinho ao Porto (outra coisa que não consigo escrever sem ficar imediatamente com os ácidos do estômago aos saltos), o Sporting ficou com direito a 25% das mais-valias de uma futura venda.

O Porto comprou Moutinho por €11M, vendeu por €25M, pelo que o Sporting teria direito a 25% de €14M, ou seja, €3,5M.

No entanto, o Porto calculou a mais-valia a que o Sporting teria direito de uma forma contabilística, ou seja, retirando-lhe as despesas associadas à venda, nomeadamente o dízimo de Jorge Mendes (10% do total).

Ou seja, o Porto fazia (por alto) os seguintes cálculos: Mais-valia = €25M (venda) - €11M (compra) - €2,5M (comissões) = €11,5M, ficando o Sporting com direito a 25% deste valor, que é €2,875M. Menos €625.000 que o Sporting considerava ter direito.

Como é evidente, as alegações do Porto não fazem qualquer sentido do ponto de vista lógico. Se, por absurdo, o Porto decidisse pagar 30% de comissão a Alexandre Pinto da Costa por ter servido de cicerone aos representantes do Mónaco na noite portuense, o Sporting também teria que contribuir para esta despesa?

Mais importante que isso, é ainda o que (não) está escrito no contrato assinado entre Sporting e Porto. Não há, nesse contrato, nada que diga que o Sporting tenha que deduzir das suas mais-valias os valores referentes a despesas em que o Porto decide unilateralmente incorrer.

Por outro lado, o tribunal deu razão ao Porto no diferendo referente aos direitos de formação a que o Sporting teria direito, indicando que esse valor só se aplica se o próprio clube não estiver envolvido na transferência. 

O Sporting recorrerá na questão dos direitos de formação, assim como é previsível que o Porto vá recorrer da decisão das mais-valias.


Decisão da FIFA e UEFA sobre os fundos

Vários jornalistas estão a fazer circular o rumor de que a FIFA e a UEFA chegaram finalmente a acordo para iniciar de imediato um processo de transição que visa eliminar totalmente a participação de fundos em passes de jogadores no prazo de 3 anos, sendo que afirma que essa decisão será poderá ser anunciada publicamente ainda hoje.