domingo, 7 de setembro de 2014

Início de um novo ciclo?

Mais do que o adversário propriamente dito, o maior desafio para os responsáveis técnicos neste regresso da seleção aos compromissos oficiais é manter a concentração e o empenhamento dos jogadores em níveis elevados. 

Num grupo de 5 equipas, as 2 primeiras qualificam-se de forma direta, a 3ª pode qualificar-se diretamente (se for a melhor 3ª dos 9 grupos) ou vai aos playoffs, e as 2 últimas não se qualificam - ou seja, pode dar-se o caso de 60% das seleções deste grupo estarem presentes na fase final do europeu.

Portugal é a única seleção do grupo que esteve presente no mundial. Tem na Sérvia e Dinamarca adversários incómodos, mas que estão longe de serem obstáculos inultrapassáveis. Havendo respeito pelos adversários e uma boa atitude competitiva na abordagem a todos os jogos, parece-me certo o apuramento direto. O problema é que tem sido precisamente isso que nos tem faltado nas últimas fases de qualificação.

Ao fim ao cabo parece-me acima de tudo uma questão de motivação. E aqui o selecionador tem uma oportunidade de ouro para apostar forte na renovação da equipa, lançando gente mais jovem com vontade de mostrar o seu valor em vez de apostar nos jogadores do costume que acabam por encarar este tipo de partidas como desafios menores que supostamente se ultrapassam apenas com a exibição dos nomes que estão nas costas das suas camisolas.

Vamos ver qual o grau de renovação que Paulo Bento planeia realizar mais logo. Na convocatória houve bons sinais com a chamada de vários novos jogadores, mas os mais céticos em relação às boas intenções do selecionador têm alguma razão quando dizem que os habituais que ficaram de fora estão ou lesionados (Beto, Bruno Alves, Amorim, Ronaldo) ou não tinham clube (Postiga, Hugo Almeida e Varela). O único jogador que esteve no mundial e que não foi convocado sem estar lesionado ou sem clube foi Rafa, precisamente aquele cuja presença na convocatória faria todo o sentido numa lógica de renovação. Junte-se a isso a chamada de Ricardo Costa, um jogador que terá 35 anos quando se realizar a fase final do Europeu e que optou por prosseguir a carreira no Médio Oriente (ou seja, que entrou numa fase de pré-reforma), e é legítimo que se questione se Paulo Bento planeia efetivamente aproveitar uma fase de qualificação acessível para lançar aqueles que poderão ser os nossos melhores jogadores daqui a 2 anos. O onze de logo e a convocatória de outubro para a deslocação à Dinamarca clarificarão as intenções se Paulo Bento para este novo ciclo.

Esta noite recebemos o adversário mais acessível do grupo, pelo que tudo o que não seja uma vitória confortável será desapontante. De qualquer forma, é preciso relembrar que na qualificação para o Mundial 2010 empatámos a 0 com a Albânia em casa, e que em Tirana arrancámos uma vitória por 2-1 nos descontos. O mínimo dos mínimos, como é evidente, será a conquista dos três pontos com uma vitória sofrida.

Já se sabe que Bruma fica de fora (foi excluído da lista de 23 entregue à UEFA) - gostaria de o ver jogar, mas posso colocar já essa ideia de parte - pelo que eu entraria em campo com este onze...


... mas temo que Paulo Bento continue a insistir em Meireles e Ricardo Costa (o central esteve bem no mundial mas será um não-fator em 2016, pelo que deveria dar lugar a outra solução de futuro - ainda mais num jogo de dificuldade reduzida como este), apostando antes nesta equipa: