terça-feira, 23 de setembro de 2014

Já se contratava um selecionador, não?

                                                                                                                                         
Quinze dias depois do desaire com a Albânia e a menos de três semanas do próximo compromisso, a FPF continua tranquilamente a decidir quem será o próximo treinador da seleção principal que irá integrar a extraordinária e altamente profissional estrutura que ocupa o edifício da Alexandre Herculano.

Aos poucos fomos sabendo mais detalhes do processo que levou à saída de Paulo Bento. Aquilo que inicialmente parecia uma decisão tomada por mútuo acordo, depressa se transformou num típico folhetim de despedimento contra a vontade do selecionador. Sabe-se agora também que não foi o presidente Fernando Gomes que tomou a iniciativa da substituição de Paulo Bento. Quem terá sido, então?

Depois de demorarem uma semana para se decidirem pela saída de Paulo Bento, seria de esperar que já tivessem algum nome na calha para começar a trabalhar de imediato. Atendendo à semana que entretanto se passou sem que uma decisão seja tomada, é possível que a Federação tenha optado por um processo de recrutamento com 3 níveis de entrevista aos vários candidatos, como se de qualquer quadro intermédio se tratasse - e não do elemento mais importante das nossas seleções.

Esta demonstração de incompetência não surpreende. Falamos de uma estrutura que decidiu renovar o contrato com Paulo Bento após uma qualificação sofrível e antes da disputa da fase final do mundial. Entre os jogos com os EUA e Gana, Humberto Coelho e Henrique Jones fazem uma conferência de imprensa patética, supostamente de contenção de danos, mas que acabou por ser uma anedota perante o constrangimento evidente do Diretor das seleções ao responder às perguntas dos jornalistas. De volta a Portugal, prometeu-se um relatório completo para apuramento das responsabilidades. Foi toda a malta de férias, e pouco antes do início da campanha do Europeu acabam por sair todos com os poderes reforçados, menos o desgraçado do médico que é o culpado de todos os males - e que por felicidade mantém-se ligado à FPF com novas e desconhecidas funções para não se lembrar de dar entrevistas à comunicação social a contar a sua visão dos acontecimentos. Vem o jogo com a Albânia, e mais um fracasso humilhante. O homem que teve contrato renovado e poderes reforçados é posto a correr com uma indemnização jeitosa.

O resto da estrutura permanece intocada.

Certamente que andam tão atarefados a escolher o novo selecionador, que ainda não tiveram tempo para se avaliarem a si próprios. Uma vergonha. Uma pandilha de gente incompetente e irresponsável que faz tudo para se manter agarrada a alguns dos melhores tachos que este país tem para oferecer.

P.S.: Fernando Seara disse ontem no Prolongamento que a FPF já se terá decidido por Fernando Santos e Ilídio Vale. Fernando Santos está a cumprir uma suspensão de oito jogos que o afastará quase por completo da qualificação (assumindo que dois dos jogos serão cumpridos nos particulares com a França - que na realidade são semi-oficiais). Se assim for, é mais uma prova de incompetência. Fernando Santos tem currículo, sem dúvida, mas na minha opinião é um treinador sobreavaliado (fracassou no Benfica e Sporting, e é o único treinador a perder dois campeonatos no Porto nos últimos 30 anos), em virtude de ser um tipo porreiro com boa imprensa. É mais um exemplo da Federação a tomar a decisão mais fácil, e aquela que potencialmente menos chatices dará a quem lá está a fazer pela sua vidinha.