segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Pode ser que em russo a gente se entenda melhor

                                                                                                                                       
Ao sair do estádio, foi com alguma surpresa que ouvi o Señor Lopatético fazer queixinhas sobre um erro gravíssimo cometido pelo árbitro - um suposto penálti cometido por Maurício dentro da área. Confesso que não percebi do lance que falava, pois não me lembrava de ter havido quaisquer protestos para penálti durante o jogo.

No estádio, a perceção que tive (e penso que da maioria das pessoas que assistiram ao jogo) é que Olegário Benquerença foi algo permissivo com faltas de jogadores do Porto, ou não as assinalando, ou não mostrando amarelos que se justificavam. Mas no calor do momento é normal que o filtro que temos nos dê uma ideia um pouco desviada da realidade. 

Quando cheguei a casa revi o jogo todo, e confirmei a ideia com que tinha ficado. O árbitro foi brando com os portistas em várias situações: só nos primeiros minutos lembro-me de uma falta de Jackson por trás sobre William, e o empurrão de Martins Indi a Slimani quando o argelino se tentava levantar, e que daria origem ao sururu que terminaria com um empurrão ao holandês - Slimani foi bem punido com amarelo, quem ache que é vermelho que veja o que Casemiro fez a um jogador do Guimarães duas jornadas antes. Jackson e Indi é que ficaram sem qualquer cartão. Mas houve mais.

Por outro lado, é preciso admitir que também houve alguns lances em que Benquerença foi benevolente para com jogadores do Sporting (Cédric podia ter visto o 1º amarelo mais cedo e Adrien pisou um adversário numa disputa de bola que merecia amarelo), mas em bastante menor número do que as situações em que os portistas foram favorecidos.

E o suposto penálti de Maurício é um caso claro de bola na mão. O brasileiro tem o braço na vertical a acompanhar o corpo e não está a aumentar o volume que ocupa - para além de ser impossível reagir num remate à queima a menos de um metro.

Mas, fora tudo isso, não tenho qualquer dúvida que o erro mais grave do árbitro em todo o jogo foi não expulsar Ricardo Quaresma por uma falta bárbara sobre Nani.

Para quem não viu, fica aqui um vídeo da jogada retirado de uma transmissão de um canal russo. A segunda repetição é perfeitamente clara. A tradução e legendagem do que diz o comentador é da minha inteira responsabilidade.

(o vídeo pode demorar um pouco a começar, é uma questão de esperarem alguns segundos)

Não sou propriamente fluente no idioma russo, do qual conheço apenas 5 palavras (Da - sim; Borscht - sopa; Pravda - verdade; Perestroika - mudança / reestruturação; e Glasnost - transparência) - os adeptos portistas provavelmente só conhecerão as 2 primeiras -, pelo que admito que a tradução que fiz não seja propriamente fiel ao que foi dito, mas qualquer pessoa - russa, portuguesa, malaia ou finlandesa - percebe que Quaresma devia ter sido expulso.

Quaresma pisou com os pitons o calcanhar esquerdo de Nani e varreu com violência a perna direita, sem qualquer intenção de jogar a bola. É um escândalo não ter sido expulso, porque o árbitro viu perfeitamente o que se passou.

O momento da varridela, com o árbitro bastante atento

A perderem por 1-0 e a jogarem com menos um durante 70 minutos - só com muita sorte e engenho conseguiriam chegar ao empate.

Primeiro a choradeira de Lopetegui, partilhada por muitos dos seus adeptos, depois a choradeira de Pinto da Costa (ninguém quer saber que tenha perdido milhões no BES - pelo menos a moradia de €5M que comprou na Foz ninguém lhe vai tirar) - e à hora que escrevo isto ainda não ouvi Miguel Guedes, mas imagino que João Gobern já lhe tenha emprestado um pacote de lenços de papel. É patético ver tanta lágrima e indignação quando na realidade só têm razões efetivas de queixa no jogo de Guimarães. Tudo o resto advém da falta da mama a que se habituaram durante anos a fio e, como se sabe, o desmame é sempre um processo complicado seja em que situação for.