quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Não são ou não foram, eis a questão

Já dei ontem a minha opinião sobre a oportunidade do comentário público que Bruno de Carvalho. Eu não o teria feito pois não vejo necessidade de um pedido de desculpas aos sportinguistas. A exibição da equipa principal foi uma completa anormalidade relativamente ao que tem sido regra, e não apaga o que de bom foi feito anteriormente.

No entanto, tenho consciência que a minha visão sobre esta questão é diferente da maior parte das pessoas que criticaram este comunicado. O que terá incomodado a maior parte das pessoas (sportinguistas e outros) foi o facto de considerarem que as palavras do presidente foram um ataque à dignidade dos jogadores.

Recuperando as frases da discórdia:
Ao nível do futebol sénior este fim-de-semana jamais poderá ser esquecido. Quer a equipa principal quer a equipa B brindaram os sportinguistas com péssimas exibições que não dignificaram o nosso Clube e a nossa camisola. Não demonstraram garra nem vontade de vencer e isso é lamentável só nos restando pedir desculpa por não termos sido dignos do Clube que representamos.

Não vejo nestas frases qualquer julgamento ao caráter dos jogadores. Não posso estar mais em desacordo com quem acha que Bruno de Carvalho está com esta frase a acusar os jogadores de não serem dignos do clube, num sentido lato. O tempo a que se refere este parágrafo é no passado e o seu foco é claramente restrito aos jogos disputados no fim-de-semana. O emprego do pretérito perfeito numa frase serve precisamente para isso. 

Os tempos verbais são relevantes para a interpretação correta do sentido de uma frase, mas aparentemente há muitas pessoas que ou não repararam nisso ou simplesmente preferiram fazer de conta que não repararam - algumas das quais conseguiram chegar a conclusões ainda mais extraordinárias:



Vou aproveitar a boleia de Gobern para exemplificar a questão da importância dos tempos verbais na interpretação de uma frase.

Este exemplo de Gobern foi infeliz. Como de costume, aliás. Nestes programas de bola, Gobern é claramente um imbecil a argumentar. Reparem que não escrevi "foi um imbecil a argumentar", pois trata-se de algo que não está restringido a um período delimitado no tempo. O presente do indicativo serve, entre outras coisas, para referir hábitos e factos incontestáveis. Gobern é um mau comentador de futebol, porque a qualidade média das suas análises é fraca, e entre outras coisas recorre frequentemente a argumentos forçados e analogias despropositadas para tentar chegar a conclusões que não têm ponta por onde se peguem.

Para Gobern, se Leonardo da Vinci fosse vivo e se tivesse a infelicidade de misturar umas peúgas de cor com a roupa branca na máquina de lavar, deixaria automaticamente de ser considerado como um dos homens mais inteligentes da história da humanidade. Tendo feito mau uso dos seus neurónios nessa ocasião, levaria logo com um atestado de estupidez que o acompanharia para o resto da sua vida.

Deve ser lixado ser-se amigo de Gobern. One strike and you're out.