quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Não consigo compreender este tipo de raciocínio

Bruno Prata, ontem, no programa Grande Área, sobre a arbitragem de Olegário Benquerença no Porto - Rio Ave.


Eu compreendo e respeito as opiniões de quem procura minimizar (desde que de forma coerente) o papel das arbitragens no desfecho dos jogos e das competições. Estou totalmente em desacordo, mas respeito essa visão. No entanto, há determinados casos em que o conjunto de ocorrências é de tal forma óbvio que não dá qualquer margem para alguém negar as evidências.

Bruno Prata diz que Olegário é um mau árbitro. Admite a existência de um erro grave disciplinar no pontapé sem bola de Brahimi a um adversário (com o resultado ainda em 0-0). Admite a existência de um penálti por mão de Herrera na área (com o resultado em 1-0) e a ainda possibilidade da existência de um outro penálti ocorrido 3 minutos antes. E conclui o seu raciocínio dizendo que não foi um jogo marcado pela arbitragem.

Se um jogo com três erros graves - todos cometidos com o resultado em aberto e em prejuízo da mesma equipa - não fica marcado pela arbitragem, gostaria então de saber, segundo o critério de Bruno Prata, em que circunstâncias é que uma arbitragem pode influenciar o desfecho de um jogo.

Não é preciso ter um conjunto de neurónios particularmente evoluído para perceber que existe uma relação de causa - efeito entre uma arbitragem deste género e o resultado final da partida (mesmo que tenha acabado 5-0). Não estamos a falar de um conceito abstrato e impossível de calcular como o efeito borboleta da teoria do caos. Estamos a falar de um conjunto de erros que têm um impacto imediato no decorrer da partida, impedindo que uma das equipas possa efetivamente disputar o jogo dentro daquilo que as leis do jogo lhe permitem. Da mesma forma que o Rio Ave se foi psicologicamente abaixo após ter sofrido o 2º golo, é razoável pensar que poderiam recorrer aos restos de energia que ainda possuíam se mantivessem a perspetiva de conseguir um resultado positivo no Dragão.

Isto não me parece muito complicado de entender. Ou Bruno Prata é tremendamente ingénuo, ou é burro, ou está a fazer um frete a alguém. Não existem outras hipóteses.