segunda-feira, 2 de março de 2015

A gestão de plantel de Marco Silva

No rescaldo da eliminação da Liga Europa e da derrota com o Porto, têm sido várias as críticas feitas a Marco Silva devido à gestão física do plantel e à falta de rotatividade.

Fiz um quadro com os minutos de utilização dos jogadores nas partidas realizadas em 2015 (exclui, por motivos fáceis de entender, os jogos da Taça da Liga). Marquei a verde os jogadores que compõem o 11 tipo, e a amarelo aqueles que normalmente se sentam no banco. A branco está Maurício, que saiu do clube, e os jogadores da equipa B que foram pontualmente chamados à equipa principal.

Os jogadores estão ordenados por tempo de jogo (os mais utilizados aparecem primeiro), e separei-os com uma linha horizontal em função do nível de utilização: os intensivamente utilizados, os moderadamente utilizados, e os esporadicamente utilizados.


Olhemos para os jogadores mais utilizados: Paulo Oliveira, Rui Patrício, João Mário, William, Tobias e Cédric têm estado, na minha opinião, num bom nível. Aliás, se excluirmos Tobias desse lote, temos aqui aqueles que foram os nossos 5 melhores jogadores no jogo do Dragão.

Continuando a olhar para o quadro, seguem-se Nani e Carrillo, que passam por período de menor inspiração. Ou seja, destes 8 jogadores, claramente os mais utilizados, talvez Nani e Carrillo pudessem ter sido poupados em mais ocasiões.

No entanto, que alternativas temos para os seus lugares? Mané tem tido um comportamento intermitente, premiada por uma utilização minimamente regular (41% do tempo), enquanto que Capel nunca conseguiu esta época fazer melhor do que os jogadores que substitui. Os 5% de tempo de utilização são mais uma consequência pelo seu fraco rendimento do que o contrário.

A utilização de Adrien, que tem estado no centro das críticas, nem tem sido das mais intensivas. Apenas 66% do tempo de jogo em 2015, e 68% do tempo de jogo nas últimas 5 partidas.

Em função destes números, não me parece que a derrota de ontem se explique pela gestão física que Marco Silva do plantel.

Ou seja, conforme escrevi no post de ontem após o jogo, não me parece que o desaparecimento da equipa se tenha devido ao desgaste físico. Se fosse só isso, teríamos dado uma réplica bem superior pelo menos durante 60 ou 70 minutos. Parece-me que o desaire de ontem se explica mais pelo seguinte:

  • Os jogadores mais desequilibradores estão em má forma e foram bem anulados pelo Porto
  • Houve uma quebra sobretudo psicológica quando sofremos o primeiro golo; a incapacidade de reagirmos acabou por fazer passar à equipa o sentimento de que o jogo estava perdido
  • Não havia no banco soluções que pudessem inverter o rumo da situação

E é no banco que bate o ponto em que, na minha opinião, Marco Silva deveria rever a sua posição. Há que abrir o plantel a novas soluções. Rosell tem características que ontem podiam ter sido úteis, mas a sua utilidade é bastante limitada quando a equipa tem que tomar a iniciativa do jogo. André Martins e Capel raramente conseguiram corresponder às expetativas nas oportunidades que tiveram. Montero está novamente num mau momento de forma e Tanaka não tem características para jogar sozinho lá na frente. 

Porque não dar oportunidades a Wallyson, Gauld, ou mesmo Rubio? Os dois primeiros estiveram muito bem na Taça da Liga, o chileno tem estado com o pé quente. Parece-me razoável pensar que, no mínimo, jogadores jovens, motivados e introduzidos na rotação de forma sustentada - rodeados de colegas mais experientes e com bastante maior qualidade que os rodeia na equipa B -, poderão oferecer ao fim de pouco tempo mais à equipa do que os jogadores desmotivados ou completamente fora de forma que temos atualmente como soluções alternativas ao onze titular. 

E quem sabe se não estaríamos a produzir 1 ou 2 possíveis titulares já para a próxima época.