quarta-feira, 25 de março de 2015

Capas que não fizeram história, nº 48: A diferença entre celebrar e registar

Hoje, um jornal desportivo português fez questão de se associar a um momento especial da carreira de um jogador, por ocasião da sua 100ª internacionalização. Capricharam: nome do jogador em grande destaque, fotografia em pose, várias citações do jogador. E ainda com direito a um mimo especial: uma caricatura comemorativa emoldurada - chave na mão, portanto, pronta a ser pendurada lá em casa. Provavelmente até lhe entregaram um amigo do senhorio e um martelo para que nada lhe falte.

Há cerca de dois anos e meio, um outro jogador cumpriu a sua 100ª internacionalização. Nessa ocasião, o mesmo jornal desportivo português limitou-se a registar o facto. Não se associou a nada. Justiça seja feita, agradeceram ao jogador e até lhe deram um bom espaço da capa. Mas sem citações, sem balanços de carreira, sem planos para o futuro, sem mimos. E só no próprio dia do jogo em que a 100ª internacionalização seria atingida - já que nos dias anteriores fizeram capas com Futre, Vieira e Moniz com ainda maior destaque. 

Os dois jogadores em causa não poderiam ter percursos mais distintos: um já era na altura um dos melhores jogadores portugueses de sempre, apesar de ainda ter muitos anos de carreira pela frente; o outro é um bom jogador uruguaio, mas cujo impacto no futebol moderno em geral (e no português em particular) é uma migalha quando comparada com o percurso do outro.

Um dos melhores jogadores portugueses da história e um dos maiores ídolos do futebol moderno, contra um jogador estrangeiro que só é conhecido em Portugal e no seu país de origem. Uma capa que celebra a ocasião com toda a pompa e circunstância, outra que regista o facto e pouco mais. Pergunta de algibeira: qual dos jogadores teve direito à capa mais festiva?