terça-feira, 17 de março de 2015

Eu, correligionário romântico, me confesso...

Esta "confissão" vem a propósito de mais um momento característico de Rui Oliveira e Costa no Trio d' Ataque... <suspiro>


Que diga que o 3º lugar no campeonato está mais seguro que a vitória na Taça de Portugal, é perfeitamente aceitável. Não estamos livres de uma eventual surpresa, já que basta um golo sem resposta para sermos eliminados, e depois provavelmente teremos que defrontar o Braga, que é sempre um adversário complicado. Por outro lado, os 7 pontos de avanço que temos e o facto de ainda irmos receber o 4º classificado em casa colocam-nos numa posição privilegiada para garantir o apuramento para o playoff da Champions.

Dizer que o Nacional é tão perigoso fora como em casa, bem, aí já não estamos de acordo. Basta olhar para o histórico dos confrontos em Alvalade e na Choupana. Mas de qualquer forma fica sempre bem demonstrar respeito pelo adversário. 

Agora: dizer que o 3º lugar é mais importante para a época do que a vitória na Taça de Portugal, é de quem tem as prioridades um pouco baralhadas. "Uma hipótese de acesso à Liga dos Campeões é outra coisa", diz o iluminado comentador. E a forma como o diz, com um ar de superioridade de alguém que se considera parte de uma casta superior de sportinguistas, referindo-se com paternalismo ao "adepto" que quer fazer uma festa, ir para o Marquês e pôr o caneco lá no museu, dá-me vómitos. Sinceramente.  

Sendo assim, eu, que me preocupo bastante com o estado das finanças do nosso clube, que imagino o esforço titânico que a direção tem feito para formar uma equipa competitiva com todas as restrições e obstáculos externos que se conhecem, que sei o peso que uma presença na Liga dos Campeões tem nas receitas anuais, que me julgo capaz de olhar para a vida do Sporting com alguma dose de racionalidade, me confesso: sou um desses correligionários românticos que acha que a Taça de Portugal é mais importante que um 3º lugar no campeonato. 

Não que seja obrigado a escolher, atenção. Oliveira e Costa acaba a sua intervenção dizendo que não são incompatíveis, mas devia ter começado e acabado a sua intervenção dizendo que são as duas completamente compatíveis - porque temos equipa para as alcançar - e fundamentais, cada qual para a sua área: uma que alimenta os cofres da SAD e outra que alimenta a alma do clube e dos seus sócios e adeptos.

Mas falar do museu com desprezo é não compreender aquilo que é um clube desportivo. Os milhões da Champions são importantes, mas se não nos qualificarmos não será nenhum cataclismo: reduz-se o orçamento, vende-se um jogador a mais, e coloca-se outro no seu lugar. Problema resolvido. Um jogador vendido substitui-se, mas uma Taça de Portugal perdida nunca mais se recuperará. Tanto ou mais do que dinheiro, o Sporting precisa de vitórias, de alegrias, de auto-estima, de retribuir a paixão que os seus milhões de adeptos têm dado incondicionalmente durante estes anos tão complicados. E porque também se cresce ganhando. Aliás, ganhar é a melhor e mais rápida forma de fazer crescer uma equipa e um clube. E estando a 180 minutos de o conseguir, teremos que perseguir esse objetivo com toda a nossa força e determinação.

Quanto a Rui Oliveira e Costa, se as barras verdes dos relatórios e contas são o realmente o que o faz vibrar, que arranje uma equipa no Global Management Challenge e nos dispense da sua presença semanal na televisão. Vai certamente divertir-se muito mais, porque esta porra da bola que entra ou não entra e dos patetas que sofrem com as vitórias e derrotas não são dignas de uma figura do seu estatuto.