segunda-feira, 2 de março de 2015

Missing in action

Depois de ver os primeiros 10 minutos personalizados que o Sporting realizou no jogo de hoje, nunca imaginei que iria viver 60 angustiantes e penosos minutos como foram aqueles que todos nós testemunhámos após o 1º golo do Porto. Parece uma realidade muito distante, mas o que é facto é que entrámos muito bem em campo, parecendo que iríamos retomar a postura aguerrida e confiante que tínhamos demonstrado em Alvalade contra o Wolfsburgo, pressionando a saída de bola do Porto e forçando vários erros que rapidamente começaram a enervar os adeptos da casa. 

Continuámos concentrados durante mais 15 minutos, mas depois desatámos a fazer uma série interminável de asneiras à saída da nossa área - muitas delas não forçadas - que pareceram quebrar a confiança da equipa. No momento em que Jackson tem aquele golpe de génio e assiste Tello para o primeiro golo, o Porto já estava por cima do jogo e tinha-nos causado momentos antes um enorme calafrio com um remate picado de Herrera que saiu ligeiramente por cima.

A partir do golo perdemos por completo a batalha do meio-campo, revelando uma gritante incapacidade de sair com a bola jogável e perdendo sistematicamente as bolas divididas e segundas bolas. Não me parece que essa quebra se explique apenas por questões físicas: era natural que o desgaste se fizesse sentir após 60 ou 70 minutos, mas nunca tão cedo no jogo. Pareceu-me mais um problema psicológico por nos vermos em desvantagem no marcador - e quando a cabeça deixou de acreditar, todas as mazelas e desgaste físico acumulados ao longo das últimas semanas vieram à tona.

A partir daí a incógnita do jogo era simplesmente uma questão de saber quando é que o Porto voltaria a marcar. A vitória do Porto é totalmente merecida e vantagem de três golos até parece relativamente simpática, atendendo ao facto que só estivemos realmente em campo durante um terço da partida. 


Positivo

Paulo Oliveira, William e Cédric - o central foi o único que fez um jogo ao seu melhor nível. William fez os possíveis por aguentar defensivamente a equipa, mas também esteve pouco feliz com a bola nos pés. Cédric praticamente que nunca ultrapassou a linha de meio-campo, mas defensivamente fez um trabalho razoável a segurar Brahimi e depois Quaresma. Não foi por ele que a defesa abanou tanto, e ainda conseguiu impedir um golo certo de Jackson.


Negativo

Desaparecidos em combate - dizem que Montero esteve em campo, mas só dei por isso quando no princípio da partida se deixou antecipar de uma forma incrível quando tinha tudo para seguir isolado para a baliza; Nani e Carrillo tiveram uma noite totalmente desinspirada; Adrien e João Mário foram incapazes de segurar a bola e perderam sistematicamente os duelos no meio-campo; Tobias esteve muito nervoso e tem responsabilidades no 3º golo ao fazer um passe disparatado para os pés de Quaresma; Jonathan foi incapaz de segurar Tello, deixando-o sempre à vontade para arrancar em direção à baliza - o que nos saiu caro nos primeiros dois golos.

Inação de Marco Silva - o regresso dos balneários trouxe uma equipa ainda mais apática do que aquela que terminou a primeira parte. Ao fim dos primeiros 5 minutos da segunda parte já era evidente para todos que nada tinha mudado e que seria uma questão de (pouco) tempo para o Porto fazer o segundo golo e matar o jogo. Impunha-se mexer na equipa, mas Marco Silva simplesmente não reagiu - e quando o decidiu fazê-lo já era demasiado tarde. Pode-se discutir se tinha banco que lhe permitisse fazer efetivamente algo - mas isso é algo que merece ser abordado nos próximos dias.



É duro ver vários objetivos esfumarem-se no espaço de poucas semanas. Primeiro a luta pelo 1º lugar, depois a Liga Europa, agora o acesso direto à Liga dos Campeões. É agora fundamental recuperar psicologicamente a equipa para a próxima 5ª feira. E numa altura em que é visível que demasiados jogadores importantes estão a atravessar um mau momento de forma e que muitos dos jogadores que são segundas opções são sistematicamente incapazes de ter um rendimento minimamente aceitável, é fundamental abrir o plantel a novas soluções que estão na equipa B - e que estão prontos para acrescentar de imediato valor à equipa principal. Só lhes falta ter a oportunidade para o demonstrar.