quinta-feira, 23 de abril de 2015

A venda de bilhetes para a final da Taça

O futebol não é uma ciência exata, mas a matemática é. E a matemática diz-nos que se existem 11.000 bilhetes para distribuir por todos os sportinguistas que desejam estar presentes no Jamor no dia 31 de maio, então - considerando que a resposta não pode ter casas decimais - estamos perante um problema irresolúvel: não é possível dar bilhetes a todos os interessados.

Se por artes mágicas fosse possível colocar no local do Estádio Nacional o antigo Maracanã (que tinha capacidade para 180.000 pessoas), era bem possível que os bilhetes esgotassem. Tratando-se de um jogo que pode dar ao Sporting o primeiro título em muitos anos, que se realizará num domingo à tarde num dia de primavera num cenário mítico do futebol português, não haveria qualquer sportinguista - dos 4 cantos do país, da Europa ou mesmo do planeta - que não não ponderasse seriamente a possibilidade de marcar presença na final. A FPF podia entregar os mesmos 11.000 bilhetes ao Braga que nós tratávamos de preencher o resto de verde e branco.

Não havendo essa possibilidade o clube é obrigado a tomar opções que, inevitavelmente, não podem agradar a todos. Foi escolhido como critério o número de gameboxes compradas no novo estádio, o que me parece bastante aceitável: premeia de uma forma genérica a fidelidade e a presença no estádio ao longo dos anos. Como desvantagem exclui os sportinguistas que vivem fora de Lisboa e que, compreensivelmente, não adquirem uma gamebox que poucas vezes acabariam por conseguir aproveitar. E, para minha desgraça pessoal, é altamente improvável que eu consiga um bilhete por essa via, pois só tenho gamebox há dois anos.

Só existe um critério que seria totalmente justo: o sportinguismo. Mas como o sportinguismo não é algo que seja objetivamente mensurável - pois não é apenas uma questão de dinheiro ou tempo gasto com o clube -, fica evidentemente colocado de parte. Existiriam muitas outras alternativas, mas encontro facilmente problemas maiores do que os da solução encontrada pela direção:
  • Colocar os bilhetes à venda no site - favoreceria as pessoas habituadas a trabalhar com computadores e mais atentas ao momento em que seriam colocados à venda; os sportinguistas menos dados às novas tecnologias não teriam hipóteses de comprar. Em contrapartida daria hipóteses a sócios fora de Lisboa de comprarem bilhete.
  • Colocar os bilhetes à venda nas bilheteiras do estádio de forma indiscriminada - favoreceria quem vivesse perto de Lisboa e tivesse disponibilidade para passar uma noite ao relento e/ou faltar a um dia de trabalho - coisa a que muitos, por questões pessoais, familiares, profissionais ou de saúde, não se podem sujeitar.
  • Colocar parte dos bilhetes nos núcleos - existem cerca de 240 núcleos; se, por exemplo, fossem canalizados metade dos bilhetes para os núcleos, cada um receberia 23 bilhetes; não conheço nenhum dirigente de núcleo, mas conhecendo o país em que vivemos seria bem provável que a maior parte desses bilhetes fossem parar aos amigos e conhecidos, para não falar na possibilidade de serem usados em negociatas particulares. 
  • Colocar parte dos bilhetes nas claques - problemas semelhantes ao dos núcleos.
  • Prioridade por antiguidade de sócio - isso excluiria automaticamente a esmagadora maioria dos sócios mais novos / mais recentes.

Parece-me normal que as claques tenham direito a uma parcela dos bilhetes: aqueles que acompanham o Sporting de Norte a Sul do país e que cantam do primeiro ao último minuto merecem estar bem representados no Jamor. De resto, o critério das gameboxes parece-me ser menos falível do que qualquer outro - nomeadamente porque cada sócio só terá direito a um bilhete. Para reduzir a injustiça, podia-se reservar um número limitado de bilhetes para venda online exclusiva para sócios - sempre daria para alguns sportinguistas fora de Lisboa terem hipóteses de comprar (se bem que aí também eu tentaria a minha sorte... :) ).

Neste momento a minha esperança para estar no Jamor reside na FPF. Um terço dos bilhetes é da Federação, que depois de distribuir uma boa parcela por patrocinadores, associações e amigos, coloca os restantes à venda no seu site. É uma questão de se estar bem informado para saber o dia em que ficarão disponíveis e ter paciência para clickar no refresh do browser de poucos em poucos minutos. Porque, não tenham dúvidas, vão desaparecer num abrir e fechar de olhos.