segunda-feira, 22 de junho de 2015

Um cheirinho da irresponsabilidade que quase acabou com o Sporting

A propósito da derrapagem orçamental que a construção do Alvalade XXI teve, é isto que Rui Oliveira e Costa tem a dizer:


"75%? Só o CCB foi o dobro. Obras de Câmaras Municipais acima de 100% é mato."

É inconcebível que ainda existam sportinguistas que falem com este nível de leviandade dos muitos milhões de euros que foram esbanjados ao longo das últimas décadas pelo clube, ou que desculpabilizem uma derrapagem de 75% na construção de uma infraestrutura tão dispendiosa como o estádio (ou na realidade, do quer que seja) com o facto de que nas obras públicas ser "normal" registarem-se desvios ainda superiores.

Rui Oliveira e Costa não é responsável pelo que se passou, mas pelo histórico das suas opiniões, relacionamentos e estilo, podemos identificar na sua figura muito daquilo que foi o dirigismo do Sporting desde a formação da SAD até ao mandato de Godinho Lopes. Uma preocupação excessiva com o saber estar que contrasta com a total falta de rigor e exigência de quem sempre se recusou a descer do pedestal para defender os interesses do Sporting Clube de Portugal. Os resultados deste desleixo são conhecidos e por pouco que não condenaram o Sporting a um destino idêntico ao do Parma, que há poucas horas declarou falência e irá competir na próxima época nos escalões amadores.

Decisões como a que foi tomada relativamente à Somague e à construção do pavilhão merecerão sempre o meu apoio. Os interesses do Sporting têm que ser defendidos contra quem quer aproveitar-se para enriquecer à nossa conta. Parcerias sim, relações cliente-fornecedor sim, parasitismos nem pensar. O argumento de que é assim em todo o lado não é desculpa para nada. Infelizmente foi por isso que o país acabou no atual estado de dependência externa. 

Os orçamentos são para se cumprir, ponto. E não é demais elogiar a atual direção pela forma rigorosa como tem gerido o clube desde que tomou posse. Se a classe política que liderou o país nas últimas décadas fosse tão rigorosa como a equipa de Bruno de Carvalho seguramente que o país estaria numa situação bem melhor do que aquela em que se encontra hoje.