segunda-feira, 1 de junho de 2015

Um conto de tenacidade e superação para um dia partilharmos com os nossos netos

Uma tarde de tenacidade e superação que têm para mim três imagens fortes: os gritos de incentivo de Slimani logo após ter reduzido o resultado para 1-2, aquele sprint de Mané - defesa direito de ocasião - a parar um contra-ataque do Braga no corredor oposto e a manter-nos na luta e, por fim, o momento em que Rui Patrício se levanta após se aperceber que Salvador Agra tinha falhado e que a Taça era nossa, tentando correr para os colegas mas não conseguindo mais que coxear por causa da lesão que o condicionou na última fase da partida.


Um fluxo de contrariedades que se foram acumulando e formando uma barreira que às tantas parecia intransponível: uma expulsão madrugadora que nos deixou em inferioridade numérica durante 100 minutos, dois golos sofridos antes da meia-hora de jogo, a lesão de Rui Patrício que o condicionou em parte do prolongamento e nos penáltis, e uma arbitragem inqualificável de Marco Ferreira, um árbitro de quem tinha uma boa opinião mas que não tardou a demonstrar ao que ia. O excesso de zelo revelado na expulsão de Cédric - alguém acredita que um jogador de Benfica ou Porto seria expulso numa posição tão pouco central e tão pouco na cara do guarda-redes? - foi sendo consecutivamente transformado numa simpática tolerância ao julgar as entradas faltosas de jogadores do Braga. Parecia que tinha sido aberta a época de caça. Antes de o Braga ter feito o 2-0, já Pardo e Rúben Micael deviam estar amarelados e Baiano expulso.

Compensámos isso com um enorme espírito de sacrifício e, é preciso dizer, com uma dose de felicidade de que não me lembro alguma vez de ter visto o Sporting beneficiar. O golo de Slimani nasce de um desentendimento entre o defesa e o guarda-redes do Braga, e o golo de Montero teve uma ajuda inesperada: o vento. Confirmei agora pela televisão a sensação que tive no estádio, a bola bombeada por Paulo Oliveira (creio), ao começar a descer, foi empurrada pelo vento - numa altura em que as rajadas eram de tal forma fortes que até inclinavam as bandeirolas de canto - e enganou Aderlan Santos com um percurso um pouco mais longo do que seria normal, o suficiente para lhe passar por cima e ir pousar aos pés de Montero que, também com sorte no ressalto, colocou a bola dentro da baliza.

E depois, os penáltis. Um monstro na baliza que fez uma enorme defesa no 2º penálti e depois colocou nos adversários a pressão de arriscarem uma colocação perfeita de bola. Tão colocadas que saíram, que acabaram mesmo por falhar. E depois, o sempre fiável Adrien, o gélido Nani, e Slimani, o homem do jogo, o jogador que carregou a equipa no período de maior desgaste e descrença, não tremeram.

Esta será provavelmente o texto pior estruturado que alguma vez fiz. Estou a escrever estas linhas e ainda não acredito que ganhámos, depois de tudo o que se passou. Uma vitória absolutamente épica, daquelas que nos ficarão na nossa memória para sempre. Não consigo organizar as ideias tantos são os sentimentos que simultaneamente me percorrem a mente, que num momento me embaciam os olhos e no outro me rasgam um sorriso de orelha a orelha. Há tanto tempo que eu, que todos nós, esperávamos por uma conquista destas, e finalmente conseguimos. Por isso, festejemos sem reservas. Nós merecemos.