sexta-feira, 3 de julho de 2015

Eusébio no Panteão

Já o tinha escrito na altura da morte de Eusébio, e volto a fazê-lo agora: a homenagem que se faz hoje ao Pantera Negra é inteiramente justa. 

Eusébio da Silva Ferreira é um símbolo benfiquista, mas também um herói português que foi o principal embaixador do país durante décadas. A carreira de futebolista terminou mas a lenda manteve-se intacta. Eusébio deixou a sua marca em Portugal e no mundo não só pelo extraordinário jogador que foi mas também pela singular humildade e desportivismo que demonstrava dentro de campo. Não deixou obra palpável para a posteridade como os maiores escritores, poetas, pintores ou arquitetos, mas fica o legado de emoções, orgulho e esperança que proporcionou a um povo oprimido que vivia há décadas num isolamento forçado e envergonhado.

Quem contesta esta homenagem apontará certamente os problemas que Eusébio teve já depois do fim da carreira, ou até certas atitudes e declarações menos felizes durante os seus últimos anos de vida. É verdade, houve episódios dispensáveis que era melhor que não tivessem acontecido. Mas, tanto quanto sei, ser perfeito não é um requisito para a distinção de que Eusébio é hoje alvo. Se assim fosse, o Panteão estaria condenado a ficar vazio para a eternidade.