terça-feira, 11 de agosto de 2015

E o prémio "Aziado da Semana" vai para...

... oh, atenção, temos um empate no 1º lugar da votação:

Jorge Baptista, pelas muito profissionais declarações feitas momentos antes do jogo de domingo...

via canal ContraAMentiraDoFutebolzinhoPortuguês

... e Miguel Amaro, pelo magnífico texto que escreveu na ressaca da vitória do Sporting! (nota: o destaque a negrito em determinadas partes do texto é da minha responsabilidade).


O CÉREBRO GANHOU CONTRA O MEDO

No post anterior (este) antecipei que JJ ia ganhar Supertaça. O meu tiro era certeiro, claro, pois foi baseado nas declarações do treinador do Sporting, ou seja, ele ganharia sempre.
Venceu o Sporting mas não me parece uma vitória de um treinador cerebral. Ganhou porque foi melhor equipa, jogou mais, entrou para vencer. Isto frente a um adversário mais fraco, individual, coletivamente e com muito menos atitude, vontade de vencer, chamem-lhe o que quiserem, e era aqui que queria chegar pois o jogo revelou que JJ se enganou nas declarações anteriores à Supertaça.
O Benfica não está igual ao do seu tempo, como Rui Vitória mostrou em termos táticos. No entanto, revelou algo do seu antigo treinador, algo que o Benfica de JJ mostrava quando defrontava adversários mais poderosos: medo. Nesse aspeto, infelizmente para os adeptos encarnados, as águias não mudaram, apesar de terem trocado de treinador.
De resto, fiquei também desiludido com JJ no final do jogo. Pensei que o mestre da tática nos ia explicar a todos que o golo do Sporting nascera de um lance imaginado por si. O disparo de Carrillo a desviar em Teo pensei que fosse uma jogada de laboratório preparada durante a semana. Afinal não foi, a jogada foi mesmo fortuita.
Além de o Sporting ter sido melhor e de ter merecido vencer, ficam duas notas negativas neste jogo, ambas por parte da equipa de arbitragem. O auxiliar anulou um golo limpo aos leões - algo que JJ ficou a saber logo de seguida e "atirou à cara" do 4º árbitro - e Jorge Sousa não considerou penálti uma falta clara de Carrillo sobre Gaitán. Imaginem, estimados leitores, o que seria com a situação ao contrário: o Benfica a vencer por 1-0 e o árbitro não assinalar uma grande penalidade clara a favor do Sporting. Nem quero imaginar...
Como aperitivo para a época a Supertaça foi um bom jogo. Provou o anunciado por JJ: a Liga vai mesmo ter três candidatos. Concordo com esse aspeto mas discordo no seu mote: o Sporting é candidato ao título porque tem boa equipa. Juntou à base da época passada craques como Teo, Ruiz e Aquilani e ainda tem João Pereira no lugar de Cédric, por exemplo. Ou seja, os leões estão com muitas soluções e assim é mais fácil lutar pelo título mas estaria na corrida fosse Leonardo Jardim, Marco Silva ou Manuel Machado o treinador, naturalmente é candidato com JJ.
Por último, uma pequena nota. JJ guardou uma substituição para os últimos 30 segundos. Compreendo estas manobras quando uma equipa mais pequena está a conseguir um resultado positivo contra outra maior. Quando a equipa mais forte, a que tem melhores jogadores, está a vencer e até a dominar já não consigo entender. Ou melhor, não entenderia se fosse Guardiola ou outro dos super treinadores do mundo a fazer uma substituição assim. Sendo feita por um técnico que passou quase 20 anos em clubes pequenos até consigo entender. Há coisas que nem o tempo mudam e a essência é uma delas.
P.S. Antes que apareçam os comentários do costume, a chamarem-me lampião com azia ou algo do género, deixo aqui um aviso a quem não me conhece. Não sou adepto de nenhum dos três grandes, por isso, era-me completamente indiferente o vencedor da Supertaça. Na época passada gostei da vitória do Sporting na Taça de Portugal pois os leões eram treinados por Marco Silva. Eu, como outros estorilistas, sou "Marcosilvista" e fico satisfeito com os seus triunfos. E por ser fã do antigo treinador do Estoril considero que o Benfica cometeu um erro na escolha do técnico para esta época, embora também simpatize com Rui Vitória. O tempo nos mostrará se os encarnados não ficavam mais fortes com o ex-técnico do Sporting. Não porque seria uma vingança para com o rival mas por Marco Silva ser melhor treinador do que os dois que disputaram esta Supertaça.


De Jorge Baptista não há muito a dizer: falamos de um comentador de quem se podem esperar as maiores cambalhotas possíveis no discurso. Relembro, por exemplo, a forma como apelou à chamada de Rúben Neves à seleção, usando de forma totalmente oposta o argumento a que recorrera quatro meses antes para defender a exclusão de Adrien Silva do Mundial 2014. (LINK).

Pois bem, Jorge: ganhámos, vibrámos (será assim um pecado tão grande celebrar um título e uma vitória sobre o rival de sempre?), mas euforias como se tivéssemos ganho a Champions? Eu pessoalmente não tive conhecimento de quaisquer festejos no Marquês nem de nenhuma massa humana a deslocar-se ao estádio para receber a equipa e o novo troféu. Os sportinguistas comportaram-se como se comportariam os benfiquistas - agora mais habituados a conquistas de títulos - se a vitória tivesse caído para o outro lado.

Por outro lado, já não se pode dizer que Jorge Baptista se esteja a comportar da forma que a sua posição deveria exigir, ao utilizar uma linguagem rasteira e insultuosa para com todos os sportinguistas. Devia ter vergonha na cara.

Quanto a Miguel Amaro, acho graça que diga com tanta certeza que Marco Silva seja assim tão melhor treinador que Jorge Jesus. É que até ver os onzes de que um e outro dispuseram não são assim tão diferentes: Cédric é melhor que João Pereira (na minha opinião, claro), Naldo ainda não demonstrou ser melhor que Ewerton, Nani é Nani e Bryan Ruiz, sendo evidentemente um jogador de enorme classe, nunca conseguiu na sua carreira atingir o melhor patamar competitivo do português, e Teo ainda não revelou as qualidades que o levaram a ser contratado. E ainda há esse pequenito pormenor da lesão de William Carvalho.

Mais: Jorge Jesus tem pouco mais que um mês de trabalho - e com grande parte do plantel a chegar já com a pré-época em andamento. Num período de tempo muito reduzido, é seguro dizermos que Jesus conseguiu pôr a equipa a fazer coisas que o Sporting de Marco Silva nunca conseguiu ao longo de toda uma época, mas se quisermos fazer comparações mais justas talvez seja sensato esperar mais uns meses.

Se Miguel Amaro, jornalista, é assim tão Marcosilvista ao ponto de desejar de forma tão transparente as derrotas do Sporting e de Jorge Jesus (o que nem é compreensível em relação ao treinador, que nada teve a ver com o processo de despedimento de Marco Silva), se calhar é melhor abster-se de comentar direta ou indiretamente os resultados do Sporting. Porque não dedicar-se mais ao campeonato grego? Talvez lhe faça melhor à saúde. Mas o essencial em tudo isto é que Miguel Amaro deveria saber que é indiferente ser-se parcial por ser benfiquista, portista ou sportinguista, ou por ser marcosilvista ou jorgejesusista. Jornalista não deve ser parcial, ponto. E muito menos deixar que essa parcialidade afete de forma tão visível o seu trabalho.