sábado, 1 de agosto de 2015

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in Record

O que leva um jogador livre a assinar por um emblema pouco mais que desconhecido dias antes de se transferir para a Europa? É uma pergunta que pode ser endereçada a Pablo Osvaldo e ao Porto. Segundo o que dizem os jornais, o Porto e Osvaldo já tinham chegado a acordo para assinar mas, surpreendentemente ou talvez não, eis que o jogador assina pelo Sud America, clube sem qualquer expressão, de forma a servir de clube-ponte a anteceder a transferência para o futebol europeu.

Parece-me pouco provável que seja um estratagema para contornar a limitação das comissões que os empresários podem receber segundo as novas regras da FIFA. O jogador estava livre, e haveria 1001 formas menos espalhafatosas de recompensar o empresário e todos os intermediários envolvidos na contratação do jogador.

A explicação mais consensual entre os especialistas é que se trata de uma forma de evasão fiscal, razão pela qual o mesmo Sud America até já foi investigado no Uruguai e indiretamente condenado em instâncias desportivas. Em 2014, a FIFA puniu o clube uruguaio de registar jogadores durante 2 janelas de transferências (incluindo na atual) por ter servido de clube-ponte entre 4 clubes argentinos que, por sua vez, foram também multados e avisados. O Sud America entretanto recorreu mas a FIFA manteve a punição.


Osvaldo é um jogador caído em desgraça desde que foi corrido do Southampton, e que só teria que agradecer a todos os santinhos pelo facto de um clube como o Porto estar interessado na sua contratação. É um jogador sem clube e sem contrato, com o passaporte europeu. Era só assinar e tirar a foto da praxe. Mas por algum motivo decidiu-se dar uma volta por caminhos bem mais pantanosos. 

Depois de contratar Imbula com o apoio da Doyen e de arranjar uma forma alternativa de vender uma percentagem do passe de Herrera à For Gool Co., eis que o Porto vira-se agora para os clubes-ponte - que historicamente não sendo nenhuma novidade, é algo a que a FIFA também tem estado particularmente atenta no último par de anos. O que parece indiscutível é que a estratégia do Porto passa por um forte relacionamento com as figuras menos recomendáveis do futebol mundial. Resta saber que proveitos conta o clube retirar daí a médio / longo prazo.