terça-feira, 22 de setembro de 2015

À procura da confiança perdida

Depois de uma semana penosa em que o tema predominante foi a não renovação de Carrillo, temperada por uma derrota europeia e uma exibição descolorida em Vila do Conde, todas as pessoas hoje presentes no estádio estavam bem cientes da importância da conquista dos três pontos. Os jogadores não eram exceção, e há que fazer-lhes a justiça de reconhecer que foram à procura do golo desde o primeiro minuto da partida. 

O problema é que a inspiração não acompanhou a vontade demonstrada. É certo que o domínio do jogo foi sempre indiscutível (79% de posse de bola), mas o Nacional defendeu sempre bem aqueles 20 metros finais, mesmo com menos um jogador em campo. Com o passar do tempo o Sporting foi-se tornando uma equipa cada vez mais ansiosa, incapaz de fazer um remate bem colocado - apesar de não terem faltado ocasiões para isso. A forma disparatada como se desperdiçavam lances de ataque acabou por envenenar a sensação de domínio e amplificou a ideia de uma equipa à beira de um ataque de nervos.

Mas ao contrário de outras ocasiões em que a sorte não quis nada connosco, desta vez o Sporting conseguiu superar essa ansiedade e acabou por alcançar tardiamente uma vitória cuja justiça não pode ser questionada por ninguém.


Positivo

Um golo que não caiu do céu - sim, a partir de determinada altura foi claro que a equipa jogava sobre brasas, o nervosismo ia invadindo as bancadas, mas há que dizer que em momento algum a equipa abdicou da sua ideia de jogo. Não caiu na tentação de despejar bolas para a área, procurando sempre de forma paciente a melhor solução para perfurar a defesa bem organizada do Nacional. E essa persistência acabaria por render frutos perto do fim. O golo de Montero definitivamente não caiu do céu. 

Adrien de alta rotação - não só foi o jogador esforçado de sempre, como também terá sido o elemento que por mais vezes conseguiu criar verdadeiros desequilíbrios ao subir no terreno. O posicionamento recuado do Nacional permitiu que Adrien jogasse em terrenos mais adiantados, onde se sente nitidamente mais confortável. Excelente exibição do capitão.

Voltou o Paulo Oliveirão - é verdade que foi um jogo em que o adversário não causou grandes complicações, mas isso também se deveu a uma exibição seguríssima e extremamente eficiente do central português. Que seja o estimulo necessário para voltar ao nível a que nos habituou, depois de um par de jogos em que pareceu deixar-se contagiar pelo nervosismo do resto da linha defensiva.

Municiador Mané e matador Montero - dois jogadores que entraram na segunda parte e que construiram e finalizaram o lance do golo, à semelhança do que já tinha acontecido contra o Lokomotiv. Perante a péssima forma de Teo e Ruiz, ficarei muito surpreendido se M&M não forem titulares no Bessa. E já agora que falamos de M's, uma palavra para André Martins: voltou a entrar bem e começa a justificar mais minutos.



Negativo

Teo, Ruiz e Jefferson - praticamente nada lhes saiu bem enquanto estiveram em campo. Teo lá foi fazendo as diagonais, mas ao receber a bola acabava por complicar invariavelmente com dribles mal sucedidos ou passes disparatados. Bryan Ruiz entrou em campo já cansado, e isso refletiu-se de forma bem visível em praticamente tudo o que fez (ou não fez) com a bola nos pés. Jefferson teve um remate perigoso à baliza, uma intervenção defensiva preciosa, mas de resto foi um desastre. A sua exibição ficou marcada por demasiadas perdas de bola e uma ineficácia desesperante nos cruzamentos, mesmo quando não tinha oposição a estorvá-lo.

Jogar sobre brasas - à medida que o tempo foi passando, foi evidente a intranquilidade que foi tomando conta de alguns jogadores. Isso refletiu-se sobretudo na falta de qualidade na finalização, mas também afetou o rendimento de certos elementos menos experientes que pareceram acusar mais o nervosismo - refiro-me mais concretamente a Esgaio e Gelson.

O horário do jogo - bem sei que graças à Liga Europa é necessário encaixar 3 partidas à segunda-feira, mas jogar às 21h é um convite para que as pessoas fiquem em casa. No entanto, mesmo considerando esta condicionante, a verdade é que a assistência em Alvalade voltou a ser bastante numerosa.



Foram 90 minutos imensamente sofridos, mas conseguimos o objetivo essencial. Recuperar a confiança perdida é um processo gradual que vive à base de vitórias, e hoje demos um passo importante nesse sentido.