sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Apuramento bem gerido

Terão sido certamente poucos os sportinguistas que não ficaram surpreendidos com o onze escolhido por Jorge Jesus. Ao colocar em campo a equipa habitual do campeonato, o treinador parecia dar o sinal que ia atrás do apuramento com todas as armas que tinha à sua disposição. No entanto, a atitude demonstrada pelo Sporting durante os primeiros 45 minutos foi a antítese daquilo que se esperaria de uma equipa a alinhar na máxima força e que precisava da vitória para seguir em frente na competição.

De facto, a quantidade imensa de falhas de concentração com que a maior parte dos jogadores nos presenteou na primeira parte - e que teria uma sequela de consequências bem mais graves na segunda, quando o Besiktas marcou na sequência de uma perda de bola infantil de João Pereira - não fazia imaginar uma última meia hora de grande intensidade competitiva e mortífera eficácia na finalização.



Positivo

A gestão feita na fase de grupos - num grupo complicado para os padrões habituais da Liga Europa, o Sporting conseguiu garantir a passagem à fase a eliminar colocando o seu melhor onze em apenas um dos seis jogos disputados. Sendo a prioridade o campeonato, há que realçar que de uma forma geral o plantel foi bem gerido sem comprometer nenhum objetivo.

Espírito inquebrável - Tondela, Nacional, Arouca, Benfica, Belenenses: foram vários os jogos esta época em que o Sporting alcançou a vitória ao cair do pano. Benfica, Lokomotiv, Besiktas: três jogos em que conseguimos virar o resultado após começarmos a perder. Por cada limitação identificada na capacidade ofensiva do Sporting, pode o Sporting contrapor com uma determinação férrea na procura da vitória até ao apito final do árbitro. A época ainda não chegou a metada, mas essa determinação já nos valeu o apuramento na Liga Europa e Taça, e muitos pontos no campeonato.

Ruiz e Slimani - numa noite em que praticamente todos os jogadores tiveram exibições muito irregulares, é justo destacar os dois homens que estiveram na base da reviravolta. Ruiz construiu com enorme classe o primeiro golo (aquele pormenor junto à linha foi delicioso) e marcou o segundo. Slimani marcou o golo que embalou a equipa para dez minutos diabólicos - um golo bem à sua imagem, todo ele produto da sua imensa determinação.

O ambiente no estádio - os turcos não enchiam os setores que lhes estavam destinados, mas foram de longe o adversário mais ruidoso no apoio à sua equipa que passou por Alvalade nesta época. Mas a curva sul (e também a norte) não admitiram que os turcos se fizessem ouvir e souberam responder em conformidade. Resultado: grande ambiente no estádio. Quem não esteve lá não sabe o que perdeu. Os que estiveram podem apenas imaginar o que seria se o estádio estivesse cheio, e não apenas a pouco mais que 50% da capacidade.


Negativo

A primeira parte - o melhor onze podia estar em campo fisicamente, mas a mente dos jogadores parecia estar noutro lado. Chegou a ser desesperante a quantidade de passes simples mal direcionados, a falta de nervo nas disputas de bola, os erros na abordagem aos lances e a falta de vontade em explorar o espaço que o adversário concedia. Foram poucos os jogadores que, num determinado momento, não cometeram uma asneira que testou os nervos das pessoas que estavam nas bancadas. Tudo isso se somou ao bom trabalho que o Besiktas fez na pressão aos nossos médios de construção e à criatividade dos seus homens mais avançados, e como consequência o Sporting foi uma equipa inofensiva no ataque e que proporcionou demasiadas facilidades na defesa.

Os idiotas dos petardos - já toda a gente sabe que a UEFA tem mão pesada para quem usa engenhos pirotecnicos nos seus jogos. Mesmo assim, um par de idiotas decidiu usar petardos na celebração do segundo golo. Foi pedido de imediato pelo speaker do estádio que não o fizessem. Apesar do aviso, passados uns minutos voltaram a disparar outro petardo. Era identificá-los e mandar a multa para a casa deles.



Não estou propriamente eufórico com a qualificação. Na minha opinião, quanto mais longe formos nas competições europeias, mais difícil se tornará a luta pelos objetivos principais da época. No entanto, nunca nenhum mal vem a uma equipa quando vence um adversário difícil da forma que fizemos hoje. Não precisamos de voltar a pensar nos compromissos europeus até fevereiro, mas há sorteio na segunda-feira. Com a nossa sorte, já estou a ver um clube alemão ou inglês a sair-nos no caminho.