segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Continuidade assegurada no meio de uma revolução

Tenho que admitir que, ao saber o onze escolhido por Jorge Jesus para defrontar o Moreirense, fiquei bastante surpreendido pelo não fundamentalismo pro-campeonato do treinador. Quer dizer, contava que Jesus realizasse umas poupanças mínimas a pensar no jogo de Braga, mas nunca imaginei que chegasse ao ponto de mexer na equipa de forma tão profunda.

A verdade é que, apesar de João Pereira, Jefferson, Paulo Oliveira, William, João Mário e Montero terem ficado de fora, teremos provavelmente presenciado a melhor 1ª parte do Sporting realizada em Alvalade até ao momento. A equipa procurou o golo desde o princípio, jogou com rapidez e inteligência, e pautada pelos maestros Aquilani e Adrien conseguiu encostar com frequência o Moreirense à sua área. E colocando sempre muitos jogadores na área ou na sua imediação, o Sporting acabou por criar facilmente diversas oportunidades de golo. 

O 2-0 com que se foi para o intervalo foi o corolário lógico do domínio total de jogo e da nota artística exibida. A segunda parte acabaria por ser bastante diferente em todos os sentidos, tendo sido evidente que o Sporting já pensava mais em gerir o resultado do que em procurar ampliar a vantagem para números mais volumosos. Mas tanto se geriu, tanto se geriu, que acabámos por dar ao adversário a esperança de voltar a discutir o resultado.



Positivo

Um meio-campo renovado - William e João Mário ficaram a descansar, e entrou Aquilani. Uma opção de algum risco de Jesus que, no entanto, resultou plenamente. A dupla Adrien / Aquilani chegou e sobrou para as encomendas. Cumpriram defensivamente e carregaram a equipa para o ataque, quer em progressão quer em lançamentos a solicitar os homens mais adiantados. O italiano foi particularmente perigoso sempre que se aproximava da área do Moreirense.

O golo de Gelson - foi o terceiro da época, mas o primeiro golo marcado para o campeonato e em Alvalade. Importantíssimo para serenar o menino, que muitas vezes parece acusar alguma ansiedade quando se aproxima da baliza. Para além disso registou uma exibição bastante positiva, demonstrando facilidade em abrir a defesa adversária, fazendo um cruzamento para a cabeça de Slimani que era meio golo, e ainda limpando um lance de enorme perigo do Moreirense na segunda parte.

Rui a assegurar um fim de jogo tranquilo - mais um conjunto de defesas de grande importância para manter o Sporting a salvo de dissabores. Está em grande, grande forma.


Negativo

Gerir é diferente de adormecer - depois do 2-0 estavam reunidas todas as condições para o Sporting poder gerir o esforço, já com o pensamento em Braga. A equipa regressou dos balneários com a ideia de baixar o ritmo, mas mesmo assim ainda foi suficiente para fazer o terceiro golo. Mas a partir daí muitos dos jogadores pareceram tirar folga antecipada e permitiram que o Moreirense passasse a criar perigo com demasiada facilidade. É verdade que as substituições não ajudaram e não temos grande experiência em gerir vantagens folgadas, mas nunca é bom sinal ver a equipa passar do 80 para o 8 de um momento para o outro.

O golo sofrido - as estatísticas valem o que valem, mas é uma pena que a série de jogos sem golos sofridos no campeonato tenha sido interrompida de uma forma tão desnecessária. Para além disso teve o efeito de motivar o Moreirense para a ponta final do jogo, sendo que a equipa de Miguel Leal não ficou muito longe de causar sérias preocupações às 32.000 pessoas que estavam nas bancadas. Por outro lado é muito bom sinal quando aquilo de que me lamento é de termos sofrido um golo desnecessário num jogo que ganhámos. Sinal dos tempos.



Não foi uma vitória imperial nem avassaladora, mas não estivemos nada mal. Apesar da revolução efetuada no 11 inicial, assegurou-se a continuidade das vitórias - a sétima consecutiva na competição. Agora já podemos dizer que valeu inteiramente a pena o risco assumido por Jesus contra o Besiktas. Faltam 21.