segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

A novela das aquisições de Sérgio Oliveira e Brahimi

Sérgio Oliveira

Em janeiro de 2015 foi noticiada a contratação de Sérgio Oliveira pelo Porto. Na altura não foi referido o montante do negócio. Apesar de não ter havido nenhum comunicado oficial por parte do Porto, a contratação do jovem médio português foi referida no relatório e contas da SAD do 3º trimestre de 2014/15.


Ou seja, isto significa que o Porto pagou uma determinada verba para recuperar Sérgio Oliveira ao Paços de Ferreira.

Entretanto, Sérgio Oliveira integrou o plantel do Porto no princípio da atual temporada. No entanto, no relatório da SAD do 1º trimestre de 2015/16 não existe nenhuma referência a Sérgio Oliveira na rubrica dos ativos intangíveis (plantel).


Nesta lista deveriam aparecer todos os jogadores em que o Porto fez um investimento na aquisição do passe. É normal que não apareçam jogadores como Rúben Neves (que veio da formação, e como tal não exigiu nenhum investimento) ou Maicon (que está no clube há seis temporadas, o que significa que o investimento já terá sido totalmente amortizado, ou seja, contabilisticamente vale zero). Apesar de terem ido para o Porto a custo zero, Casillas e Maxi estão incluídos - seguramente porque o Porto considerou os prémios de assinatura e outras despesas como investimento. Tudo normal.

O que já não é tão normal é a ausência de Sérgio Oliveira desta lista, pelo motivo atrás referido.

Para tornar ainda mais sui generis esta situação, o Football Leaks revelou hoje um documento da Doyen com valores a pagar e a receber ao longo do ano. E nos valores a pagar de setembro de 2015 aparece isto:


Segundo este documento, a Doyen comprou 25% do passe de Sérgio Oliveira por €500.000, facto que nunca foi tornado público pelo Porto.

Curiosamente, no relatório anual de 2014/15, o único valor que o Porto tinha a receber da Doyen no prazo de 1 ano eram os €2,5M referentes a Brahimi:


Ora, isto significa uma de duas coisas:

a) Os €500.000 de dívida da Doyen por Sérgio Oliveira não aparecem neste saldo de clientes porque o Porto vendeu os 25% do jogador ao fundo após 30 de junho de 2015, o que seria uma transação ilegal segundo as novas regras da FIFA que entraram em vigor em 1 de maio passado.

b) O Porto vendeu os 25% de Sérgio Olivera à Doyen antes de 30 de junho de 2015, mas deliberadamente omitiu a existência de um valor a receber.


Brahimi

Como pode ser visto na imagem acima, à data de 30 de junho de 2015 o Porto tinha a receber €5M da Doyen relativos à venda de 80% no verão anterior. 2,5M deviam ser pagos pelo fundo a 10 de setembro, e os restantes 2,5M já no decorrer da época 2016/17. De notar que o Porto já previa em 30 de setembro de 2014 que os primeiros 2,5M teriam que ser pagos até 30 de setembro de 2015, conforme o relatório do 1º trimestre de 2014/15:


Ou seja, a 30 de setembro de 2014 o Porto declarava que tinha a receber €2,5M da Doyen no prazo de um ano (dívida corrente). De recordar que o Porto vendeu 80% dos direitos económicos de Brahimi à Doyen a 23 de julho de 2014.

Quer os livros do Porto quer os livros da Doyen são consistentes na existência de uma dívida de 2,5M que vencia antes de 30 de setembro de 2015. No entanto, a dívida mantém-se:


O Porto reconhece a 30 de setembro uma dívida da Doyen de €5M a pagar no prazo de um ano. Isto significa uma de duas coisas:

a) A Doyen atrasou-se no pagamento, o que me parece altamente improvável dado o poderio financeiro do fundo.

b) A Doyen pagou a tempo e horas, mas entretanto apareceram mais valores a pagar ao Porto que não sejam apenas referentes a Brahimi. E sim, refiro-me concretamente a Imbula e Corona, dois jogadores que chegaram ao Porto pelas mãos da Doyen, mas que não foram oficialmente comparticipados pelo fundo por ser uma prática proibida pela FIFA desde 1 de maio.