sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

A não recandidatura de Vítor Pereira

Vítor Pereira anunciou ontem que abandonará o Conselho de Arbitragem em junho. Significa, portanto, que levará o atual mandato até ao fim e não se recandidatará.

Era previsível. Querendo Fernando Gomes apresentar uma lista que possa agradar a várias sensibilidades, nunca poderia incluir a figura mais controversa do edifício da FPF, pois estaria automaticamente a alienar vários apoios de que não quererá prescindir logo à partida. 

Curiosamente, existe uma coincidência temporal entre este anúncio e as recentes revelações de Pinto da Costa sobre a forma como o Conselho de Arbitragem funciona, mas não passa disso mesmo: uma simples coincidência. Se fosse há cinco anos, até acreditaria que a visita de Pinto da Costa fez ao CA na semana passada e as críticas feitas esta semana estariam relacionadas com este anúncio de retirada de cena. Mas hoje os poderes instalados são outros, e esta retirada já devia estar decidida há algum tempo por outras pessoas que não o presidente do Porto. Como tal, não tenho grandes dúvidas que Vítor Pereira fez isto para sacudir um pouco a pressão para poder continuar a fazer até ao final da época aquilo que tem feito nos últimos anos, já com um olho posto no seu futuro pós-FPF.

Portanto, mais do que uma boa notícia, encaro este anúncio com preocupação. À boa maneira dos políticos deste país, Vítor Pereira não é homem para ir para a fila do centro de Segurança Social para meter os papéis para o subsídio de desemprego. Seguramente que estará a contar com um tacho bem remunerado como recompensa pelos bons serviços prestados. Por outro lado, haverá quem queira garantir que o ainda presidente do CA não se sinta tentado a falar de forma franca sobre aquilo que foi o seu mandato. Não faltarão, por isso, empresas ou instituições dentro da esfera dominada pelos seus aliados que lhe possam arranjar uma confortável posição como consultor ou dirigente, onde poderá pôr em prática as "competências" que foi adquirindo ao longo do seu mandato. Como tal, Vítor Pereira tem também todos os motivos para continuar a demonstrar a sua utilidade até ao último dia em funções.

Será com muita curiosidade que aguardarei pelo anúncio do seu novo pouso após as férias de verão de 2016. Os amigos vêem-se nestas ocasiões.