sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

A realidade da Liga Europa

Começo por algo que devia estar na cabeça de toda a gente: jogámos hoje contra um adversário que está ao nível das melhores equipas portuguesas. Mesmo que o Sporting tivesse colocado em campo o melhor onze e níveis de intensidade máximos, não seria de todo a garantia de uma vitória. A realidade da Liga Europa na fase a eliminar, é esta: adversários muito fortes que exigem a comparência do melhor Sporting, de forma a podermos discutir os apuramentos, eliminatória após eliminatória.

O problema é que colocar o melhor Sporting em campo, com níveis de intensidade máximos, é meio caminho andado para assegurar o fracasso daquela que é a principal (diria mesmo única) prioridade para esta época: o campeonato.

Os sportinguistas têm que compreender que o Sporting não tem plantel para lutar até ao fim pelas duas competições. Esta poupança é garantia de que ganharemos os três pontos na segunda-feira? Não, mas esta gestão deixa-nos com melhores hipóteses de o conseguirmos.


Positivo

A estratégia adotada - acho muito bem que Jorge Jesus tenha feito determinadas poupanças para o jogo com os alemães. Eu teria optado por fazer descansar João Mário e Ruiz, deixando Adrien em campo e apostando em Gelson, mas o treinador lá saberá os motivos que o levaram a decidir assim. Jesus mexeu qb na equipa, deixando-a suficientemente competitiva (em teoria) para discutir o resultado, mas já de olho na partida de segunda contra o Boavista. A primeira parte foi efetivamente competitiva. O Bayer começou melhor, mas o Sporting acabou por tomar as rédeas do jogo, sofrendo o golo um pouco contra a corrente do jogo. Com um pouco mais de sorte (e rapidez de decisão) do nosso lado, talvez a história da partida tivesse sido diferente.

João Pereira - num dia em que poucos destaques positivos - individuais ou coletivos - podem ser retirados, o lateral ainda foi provavelmente dos mais esclarecidos. O Sporting foi sempre mais perigoso pelo corredor direito, fruto de boas combinações com João Mário.


Negativo

A expulsão de Rúben Semedo - dois amarelos perfeitamente escusados que nos recordam que Rúben Semedo ainda tem que se tornar um jogador mais maduro até poder ser considerado como uma solução sólida para a posição. Com a sua expulsão, comprometeu ainda mais uma partida que já não estava fácil. O lado positivo é que esta lição não foi aprendida num jogo do campeonato.

A exibição na segunda parte - os alemães aumentaram os níveis de pressing e conseguiram amarrar de forma muito eficaz a construção de jogo do Sporting. Nem mesmo a entrada de Slimani e Adrien mudou o rumo dos acontecimentos, apesar de ser justo dizer que os dois jogadores não estiveram muito tempo em campo até acontecer a expulsão de Rúben Semedo. A partir daí, os alemães acabaram por ser bastante mais perigosos e acabámos por ter sorte em não ter sofrido uma derrota mais pesada.

Um problema chamado Teo - compreendo que Jesus queira defender um jogador para quem, nitidamente, muitos sportinguistas começam a não ter paciência. No entanto, é legítimo que se espere muito mais de um jogador com o seu currículo. Nada a dizer em relação ao esforço colocado na disputa dos lances, mas irrita-me a forma imediata como desiste deles a partir do momento em que é desarmado, para não falar das constantes perdas de tempo com bola que acabam por matar lances de ataque prometedores. Não concordo que se tenha assobiado o jogador à saída, mas a verdade é que Teo fez o suficiente por ouvi-los depois da novela da sua estadia na Colômbia (ai, aquela fotografia na praia...) e das tentativas de desvinculação do clube.

A saída de Coates - mais uma substituição forçada de um jogador do setor defensivo. Que praga! Jesus disse na conferência de imprensa que o uruguaio saiu por precaução, e que em princípio estará disponível para segunda. Menos mau.



Derrota merecida, que deixa a eliminatória muito mal encaminhada. Venha aquilo que interessa: o Boavista.