quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Acordos de cavalheiros

Não é novidade para ninguém a promiscuidade existente entre Belenenses e Benfica. Nas duas épocas anteriores, os dois clubes fizeram o célebre acordo de cavalheiros que impedia - ilegalmente - a utilização de pelo menos dois jogadores importantes do Belenenses nas partidas contra o Benfica. Esse acordo de cavalheiros parece ter expirado esta época, mas olhando para o que foi o jogo da última sexta-feira, uma pessoa minimamente atenta não pode deixar de se interrogar se não continuará a haver outros acordos de cavalheiros em vigor entre os dois clubes.

Refiro-me à estratégia suicida que a equipa do Restelo colocou em prática contra o Benfica. Começando pela inovação de colocar um médio de características ofensivas, Rúben Pinto, como central. O jovem jogador não foi utilizado nessa posição nas partidas anteriores (arriscaria dizer que nunca tinha jogado nessa posição antes, mas não costumo acompanhar os jogos do Belenenses para o afirmar categoricamente), nem é de todo uma escolha óbvia para defesa central considerando as suas características físicas (1m81 e 71 kgs).


Para que fique muito claro: o facto de Rúben Pinto ter sido formado no Benfica não tem nada a ver com o caso. Fez de certeza o melhor que conseguiu na defesa do emblema que agora enverga, tal como os restantes companheiros de equipa.

Para além desta opção discutível, não me lembro de alguma vez ter visto em Portugal uma equipa jogar contra um dos grandes da forma arrojada que o Belenenses jogou contra o Benfica: falta de pressão sobre os adversários nas imediações da sua área (abdicando de pôr o pé ou sequer incomodar com a sua presença os jogadores do Benfica), passes de risco em zonas proibidas, ou tentativas de drible e trocas de bola debaixo de pressão intensa no seu primeiro terço.

Foram tantas, tantas, tantas as ocasiões em que isto sucedeu, com tantos jogadores, que coloco completamente de parte que o tenham feito com algum propósito pouco ético. Parece-me bem mais provável que tenham entrado em campo com instruções do treinador para tentarem sair a jogar da sua área - independentemente da pressão a que estivessem sujeitos -, evitando ao máximo despejar bolas para a frente. E nem os erros cometidos logo nos primeiros 5 minutos de jogo parecem ter servido de aviso, pois continuaram a insistir na mesma estratégia durante toda a partida.

Fiz um pequeno apanhado de algumas dessas situações. Existiram bastantes mais durante os 90 minutos, mas creio que este vídeo permite dar uma ideia daquilo que foi o jogo do Restelo. Quase que roça o chocante.


Não me lembro, sinceramente, de ver no passado qualquer equipa em Portugal - profissional ou amadora - a ter uma postura tão relaxada perante um candidato ao título. Aguardarei com interesse para ver qual será a estratégia que o Belenenses irá usar contra o Sporting. Algo me diz que não será semelhante à utilizada na última sexta-feira.

Já agora, em relação a isto...


... vale o que vale.