domingo, 14 de fevereiro de 2016

Resposta à altura de quem quer ser campeão

Era difícil desejar melhor resposta da equipa perante a possibilidade de recuperar a liderança isolada do campeonato. O Sporting entrou forte, marcou cedo, anulou totalmente o Nacional e controlou o jogo como quis. Tivemos um William Carvalho de regresso às boas exibições, uma dupla de centrais surpreendentemente sólida e os habituais Ruiz, João Mário e Adrien a tomarem conta da bola com a categoria do costume. E, claro, não se pode deixar de destacar a exibição de Slimani, que de jogo para jogo vai mostrando novas formas de ser útil à equipa para além da luta que dá às defesas adversárias e dos muitos golos que marca.



Positivo

Controlo total das operações - não se pode dizer que a equipa tenha registado uma nota artística muito elevada, mas do ponto de vista da organização e empenho foi insuperável. O Sporting mandou completamente no jogo do princípio até praticamente ao fim da partida - acabando apenas por relaxar nos minutos finais, quando o resultado já estava feito. Até esse período, só deu Sporting que, mesmo não jogando com um ritmo e pressão avassaladores, fez mais que o suficiente para sair da Madeira com uma vitória expressiva. O Nacional apenas conseguiu incomodar a partir de lances de bola parada, mas nem assim a equipa de Manuel Machado foi capaz de criar situações de perigo para a baliza de Rui Patrício.

Finalmente um golo de canto - não tenho estatísticas que o comprovem, mas provavelmente o Sporting será das equipas do campeonato com menor índice de aproveitamento neste tipo de lances. Isso é-nos particularmente prejudicial porque não existirão em Portugal muitas equipas com mais cantos a favor que o Sporting. Parece-me que o problema está mais na qualidade da marcação dos cantos do que no momento de finalização. De qualquer forma, esse enguiço foi hoje quebrado logo aos 3 minutos. Canto marcado ao primeiro poste por João Mário, e uma entrada e cabeceamento fulminantes de Slimani. Grande golo.

O regresso ao golos de Slimani - já falei sobre o primeiro golo. O argelino marcaria ainda de penálti. Mas fez bastante mais. Fez a assistência para o golo mal invalidado de Ruiz, esteve na origem da jogada do 3-0. Bela exibição. Só tem que se deixar dessa mania dos chapéus quando está isolado. É muito mais eficaz quando decide fuzilar.

A dupla de centrais - apesar de ter sido a primeira vez que jogaram juntos como titulares, tanto Coates como Semedo fizeram uma partida exemplar. Complementaram-se bem, não deram hipóteses nos duelos com os avançados do Nacional e estiveram muito bem ao saírem com a bola nos pés. Ficaram na retina (mais uma vez) as antecipações de Semedo e um passe longo de Coates a isolar Slimani.


Negativo

Faltas desnecessárias para amarelo - tanto Zeegelar como William fizeram duas faltas duras e viram, justificadamente, o cartão amarelo numa fase ainda bastante prematura da partida. Ambas foram totalmente desnecessárias e condicionaram a sua atuação a partir desse momento. Felizmente não afetou o decurso do jogo, mas se o resultado se tivesse mantido mais equilibrado poderia causar-nos problemas.

Mais uma lesão - desta vez calhou a Bruno César, juntando-se a um cada vez mais alargado grupo de indisponíveis: Paulo Oliveira, Naldo, Jefferson e Paulista. Felizmente que Jesus dispõe agora de mais soluções alternativas, mas não deixa de ser preocupante.

Um pormenor irritante - não sei o que passou na cabeça de João Mário e João Pereira para não aproveitarem o livre junto da área do Nacional nos últimos segundos dos descontos da primeira parte. Em vez de colocarem a bola na área, trocaram a bola entre si até Bruno Paixão ser obrigado a dar por finalizados os primeiros 45 minutos. Uma ocasião de criar uma jogada de perigo que se desperdiçou de forma parva.


Outras notas

A arbitragem de Bruno Paixão - felizmente, os meus receios sobre a nomeação de Bruno Paixão não se concretizaram. O árbitro conduziu bem o jogo e mostrou os cartões que tinha que mostrar. Cometeu, no entanto, dois erros graves: o golo anulado de Bryan Ruiz (que daria o 2-0) foi obtido em posição legal, e o penálti sobre Schelotto (que deu o 4-0) foi cometido fora da área. Dois lances de julgamento complicado, reconheço. Se fico com confiança nele daqui para a frente? Nem por sombras. A verdade é que no único lance polémico que teve que julgar com o resultado ainda em aberto, o benefício da dúvida pendeu para o nosso adversário - sendo que, num caso destes, era a equipa que atacava que deveria ter o benefício da dúvida, conforme diz a lei de fora-de-jogo.



Uma vitória importante que nos destaca novamente na liderança, cinco dias depois de nos termos deixado apanhar pelo Benfica. É importante ter esta folga de três pontos, que nos dá uma pequena margem de erro. Mas não significa mais do que isso, é apenas e só uma pequena margem de erro. Há doze jogos por disputar, e todos eles terão que ser encarados como finais.