segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Uma equipa que quer e pode ser campeã

Um empate, numa fase destas do campeonato, nunca pode ser considerado um resultado positivo. No entanto, aquilo que vi ao longo destes 90 minutos no relvado do D. Afonso Henriques foi um Sporting muito forte, que mandou completamente no jogo, que não deixou o Guimarães jogar, e que em condições normais teria vencido confortavelmente - não fosse o facto de os nossos jogadores terem estado numa noite para esquecer em frente à baliza.



Positivo

Uma equipa que quer e pode ser campeã - o Sporting foi uma equipa muito personalizada que demonstrou, mais uma vez, que pratica o melhor futebol em Portugal. Num campo muito difícil, contra um adversário competente que estava disposto a deixar a pele em campo - o que exigiu níveis de agressividade (no bom sentido da palavra) elevadíssimos -, o Sporting teve capacidade para se impor fisica, tática e tecnicamente ao Vitória. Tirando uma oportunidade nos primeiros minutos, o Guimarães não conseguiu incomodar Rui Patrício, enquanto que do outro lado o Sporting criou ocasiões suficientes para ganhar confortavelmente. Em jogo jogado, foi uma exibição imensamente superior às de Benfica e Porto neste mesmo estádio. O Porto perdeu, e o Benfica só ganhou porque teve Xistra. Há equipas que podem ser mais ou menos eficazes na finalização, mas em condições normais este nível de desperdício não se deverá repetir. Uma equipa que tem capacidade para gerar tal quantidade de oportunidades em condições muito adversas só poderá estar otimista para os jogos que aí virão.

A classe de Ruiz - o costa-riquenho fez uma exibição de enorme categoria. Esteve melhor, como de costume, enquanto teve total liberdade para se movimentar. Com a entrada de Teo encostou à esquerda e participou menos na construção, talvez também por estar muito desgastado.

William imperial - mandou completamente na sua área de ação, ganhando a esmagadora maioria dos duelos que disputou. Fisicamente imponente, esclarecido com a bola nos pés, fez provavelmente a melhor exibição da época, e que vem na sequência de um conjunto de partidas de bom nível ao longo das últimas semanas. Se continuar assim, será fundamental para as batalhas que se avizinham.

A linha defensiva - mais uma vez, Jesus mexeu no quarteto à frente de Rui Patrício, mas nem por isso o comportamento defensivo da equipa se ressentiu. Individualmente, destaco, de entre todos, a exibição de Zegeelaar, que esteve sempre muito concentrado e demonstrou estar muitos furos acima em relação a Jefferson em missão defensiva. Do outro lado, Schelotto alternou entre o muito bom (ofereceu dois golos) e o mau, mas no geral teve uma exibição positiva. Os centrais estiveram extremamente eficazes.


Negativo

A finalização - Coates, Slimani, Gelson, Ruiz, Teo e William tiveram nos pés (ou na cabeça) excelentes ocasiões para marcar. Foi o único aspeto da exibição que falhou. Infelizmente, é um dos aspetos mais decisivos do jogo e, neste caso, falhámos redondamente no momento de meter a bola na baliza. Também é necessário dar o devido mérito a Miguel Silva, que fez uma exibição extraordinariamente corajosa. De qualquer forma, perdemos dois pontos por culpa própria.

A atitude de Schelotto - quando teve aquela explosão na primeira parte, a sorte de Schelotto é que escorregou ao começar a dirigir-se para Dalbert. Se não tivesse escorregado, provavelmente teria empurrado o jogador de Guimarães e seria expulso, deixando a equipa a jogar com 10 durante 60 minutos. Mereceu inteiramente o sermão que Jesus lhe aplicou em pleno relvado.

O amarelo a Rúben Semedo - ficará de fora do jogo com o Benfica por ter sido o 5º cartão. Felizmente que há Naldo e há Ewerton, pelo que não será por aí que nos apresentaremos mais fracos.



O resultado não era o desejado, mas continuamos isolados na frente e a mostrar que temos a equipa que melhor futebol pratica em Portugal. Não são más condições numa semana em que defrontaremos o Benfica no nosso estádio.